Bom dia!
Maria recebe de Deus um grande presente e uma grande responsabilidade –
Ser a mãe de Jesus. O que se passou na cabeça daquela jovem, na fração de
segundos entre a mensagem do anjo Gabriel e a resposta da mãe escolhida por
Deus? Que reação temos ao sermos pegos de surpresa?
Sim! Tremem-se as pernas, pupilas se dilatam, o corpo se arrepia, nosso
tempo de reação fica comprometido pela descarga de adrenalina na corrente
sanguínea, a freqüência cardíaca dispara, ficamos pálidos e geralmente não
conseguimos nem nos mover, outros apenas fogem. Numa situação fisiológica tão
desconfortável e peculiar (ainda parece que é a noite) é que Maria recebe o
anúncio.
O anjo a acalma, diz que nada há por temer, recebe o SIM da jovem e
parte!
“(…) Respondeu-lhe o anjo: O Espírito Santo descerá sobre ti, e a força
do Altíssimo te envolverá com a sua sombra. Por isso o ente santo que nascer de
ti será chamado Filho de Deus. Também Isabel, tua parenta, até ela concebeu um
filho na sua velhice; e já está no sexto mês aquela que é tida por estéril,
porque a Deus nenhuma coisa é impossível. Então disse Maria: Eis aqui a serva
do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra. E o anjo afastou-se dela“.
(Lucas 1, 35-38)
Imagino agora a inquietação dessa serva ao saber o que lhe aconteceu por
meio do Espírito Santo. Imagine alguém que passou numa prova, num concurso, no
vestibular, [...] e que naturalmente quer que apareça, o mais rápido que
possível, alguém para que possa contar a novidade e com ela celebrar. Lembrei
dos meus familiares quando passei no vestibular… Estavam mais felizes do que
eu, mas por que?
Porque olhavam para meu sucesso como se fosse deles. O que eu havia
conseguido era uma vitória, mas para eles era o gol do time favorito numa final
de campeonato. “(…) Ele cumpriu as promessas que fez aos nossos antepassados e
ajudou o povo de Israel, seu servo. Lembrou de mostrar a sua bondade a Abraão e
a todos os seus descendentes, para sempre”.
E foi assim que Isabel recebeu Maria. Isabel talvez se lembrasse das
promessas de Deus para seu povo, lembrava das vezes em que foram infiéis;
olhava para Maria, sua prima, e talvez pensasse: Ele nos perdoou! “(…) Você é a
mais abençoada de todas as mulheres, e a criança que você vai ter é abençoada
também! Quem sou eu para que a mãe do meu Senhor venha me visitar?! Quando ouvi
você me cumprimentar, a criança ficou alegre e se mexeu dentro da minha
barriga. Você é abençoada, pois acredita que vai acontecer o que o Senhor lhe
disse”.
Isabel via naquele ventre a prova real que Deus não havia abandonado seu
povo (para o Judeu, o maior bem que podemos querer, é sentir a presença de
Deus). A alegria de sua prima se firmava, pois em meio ao domínio romano, da
opressão, dos tantos deuses, da falta de fé, alguém conseguiu tocar a Deus,
gesto este que outras santas mulheres, santas, pois tinham fé, conseguiram
durante a missão de Jesus.
Sim! Do anúncio ao MAGNIFICAT foram poucos dias. Da possível dúvida que
brotava de um coração humano, da angústia de ser mãe numa terra onde
apedrejavam as adúlteras, de estar noiva de José e de portar em seu ventre a
maior declaração de amor de Deus, foram poucos dias. Isso nos chama atenção ao
fato de não podermos perder tempo. João Evangelista, mesmo tão querido e
próximo a Jesus, levou quase sessenta pra entender do fundo de sua alma que
Deus é amor!
Maria com seu “SIM” ensinou ao mundo a perdoar e esquecer o erro de EVA
e a fraqueza de ADÃO. Fez acreditarmos novamente que nunca estamos sozinhos.
Maria foi visionária num tempo onde homens eram pequenos; foi destemida,
pois não sabia as linhas escritas no seu destino. Amou uma criança, a fez
homem, o viu pregar, anunciar, salvar, [...]. Jesus não passou num vestibular,
mas creio que Maria, como mãe, ao vê-lo se tornar grande, se realizou em seu
filho.
Santa Maria, mãe de Deus, Rogai por nós!
Um imenso abraço fraterno.
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