QUINTA-13/06
Mt 5,20-26
Alexandre Soledade
Bom dia!
É muito profunda essa reflexão de hoje e talvez a
mais difícil de cumprir, pois foge ao nosso controle. Jesus apresenta a morte
como um grande pecado, mas a indiferença também.
Sim, às vezes pelos desentendimentos, pelas
posturas contraditórias e até pelas perseguições sofridas, escolhemos gostar de
alguns e segregar a outros de nossa vida. Ele deixa entender que entre a
EMPATIA e ANTIPATIA, a AÇÃO e a OMISSÃO existe uma linha tênue, que aos seus
olhos acabam agredindo ao outro da mesma forma, mudando apenas na intensidade.
Ou seja, como se pode dizer EU AMO sendo indiferente ao que realmente sofre?
“(…) Se alguém disser: “Amo a Deus”, mas odeia o
seu irmão, é mentiroso; pois quem não ama o seu irmão, a quem vê, não poderá
amar a Deus, a quem não vê. E este é o mandamento que dele recebemos: quem ama
a Deus, ame também seu irmão”. (I João 4, 20-21)
No roteiro homilético da CNBB, ao falar da Campanha
da Fraternidade e ao seu tema Economia e Vida, apresenta-se uma situação mais
ampla desse questionamento tão filosófico, algo maior que uma “picuinha” entre
eu e ele: “COMO VIVEMOS NOSSA FÉ NO CONTEXTO DE MISÉRIA E DE FOME, FALTA DE
SAÚDE E MORADIA, DE PRECARIEDADE NO TRABALHO E INSEGURANÇA DE UM GRANDE NÚMERO
DE PESSOAS QUE CONVIVEM CONOSCO NO BRASIL?”.
É como se o texto citado dissesse: como conseguimos
viver a política do “se não é comigo, não preciso me importar” e dizer que sou
Cristão?
Sei que posso dar um tiro no pé, mas quantas vezes
ouvi, talvez por ingenuidade ou falta de informação, irmãos de longos anos de
Renovação Carismática dizer que seu único compromisso é com o grupo de oração!
Como dizer isso se a própria beata Elena Guerra não guardou suas cartas pra si
e viu que era um chamado do Espírito Santo para TODA igreja e para TODOS os
cristãos?
Os dons que temos não têm finalidade alguma se não
aplicados aos irmãos! Temos imensas falhas, nosso humano fala muito alto nas
nossas decisões até mais corriqueiras. Temos mania de fazer grupinhos e
“reservar a graça” a aqueles que dali congregam. Separamos cristãos dos
“pagãos” e muitas vezes agimos como os próprios homens da lei a qual Jesus se
refere no texto.
Ser igreja, não é tomar uma identidade política
partidária como fez a teologia da libertação; não é ser pastoral e esquecer-se
de rezar; também não é se fechar dentro de um grupo e fingir que não existe
gente lá fora ou apenas vê-la quando participar do seu modo de pensar… A
própria RCC, que um dia também errou muito nisso, hoje vê nos projetos sociais
uma forma preencher uma lacuna que há anos espera por ela – a vivência
verdadeira em comunidade.
“(…) Meus irmãos, que adianta alguém dizer que tem
fé, quando não a põe em prática? A fé seria capaz de salvá-lo? Imaginai que um
irmão ou uma irmã não têm o que vestir e que lhes falta a comida de cada dia;
se então algum de vós disser a eles: “Ide em paz, aquecei-vos” e “Comei à
vontade”, sem lhes dar o necessário para o corpo, que adianta isso? Assim
também a fé: se não se traduz em ações, por si só está morta”. (Tiago 2, 14-17)
Ai, de Paulo e da Nossa igreja se ele, movido pelo
Espírito Santo, não saísse pelo mundo a levar a boa nova? Quem melhor entendeu
isso que São Francisco de Assis que chamava a todos e a tudo de irmãos?
A Campanha da Fraternidade é de todas as pastorais
e movimentos, e ainda por cima nesse ano é ecumênica. Poucas pessoas notaram,
mas alguns cantos são de pastores evangélicos. É tão lindo ver na Canção Nova
seus cantores e interpretes tão conhecidos; autores de lindas canções, SENDO
IGREJA e cantando com alegria o Hino da Campanha da Fraternidade e músicas do
hinário litúrgico.
Nada do que disse aqui é para enaltecer ou diminuir
esse ou aquele, pois na verdade, nossas pastorais somos nós mesmos e se às
vezes precisamos de um toque de atenção para voltar a direção certa, devemos
acolher.
Eu amo ser igreja!
Estamos na quaresma! Algo precisa ser mudado ao fim
dela!
Um imenso abraço fraterno!
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