SEGUNDA- 27/05
Mc 10,17-27
Crise de fé?-Alexandre Soledade
Esse evangelho trás uma grande lição para os que
estão na caminhada: A auto-análise.
Todos têm altos e baixos durante a caminhada. Às
vezes passamos longos períodos na penumbra da fé. Vivemos por vezes, períodos
consideráveis de aridez, conhecemos de perto a preguiça espiritual chamada de
tibieza.
Todos já passaram por ela. É a vontade de largar
tudo, ficar em casa, descansar, repousar, dar um tempo, fugir, se refugiar,
esconder-se, (…). E cada um tem sua forma peculiar de voltar para o Senhor após
cada solavanco que somos acometidos. Mas hoje não falarei dela e sim da
“arrogância espiritual”.
Buscar a santidade é como escalar degraus de uma
pirâmide íngreme sendo mais fáceis os estágios inferiores do que os superiores,
portanto quem esta num estágio mais alto, busque o equilíbrio como grande
aliado.
O que isso tem haver com evangelho de hoje?
Jesus tinha um olhar extremamente doce. Ele (olhar)
conseguia ver através das máscaras que acostumamos colocar para nos proteger.
Por vezes nos fingimos de fortes quanto à fé, mas é justamente nessa hora que
nos tornamos mais frágil. Diz a química que um copo de vidro muito quente ao
ser resfriado muito rapidamente, trinca e quebra. Talvez o segredo é não perder
a quentura ou talvez tentar evitar se expor ao frio.
Nos olhos de Pedro Jesus viu se concretizar a
tríplice negação. O evangelho narra que Pedro chorou profundamente após o olhar
de Jesus. Ele hoje olha nos olhos do jovem rico e defere uma das colocações
mais profundas e diretas que temos no evangelho de Marcos: “(…) Falta mais uma
coisa para você fazer”.
O orgulho daquele jovem não o permitiu que
continuasse a crescer. Talvez não aceitasse que ainda tinha algo que faltasse.
Quantas vezes também nos comportamos assim? Dominados de tamanha prepotência
nos achamos a “última bolachinha do pacote”? É triste, mas vi muitos sucumbirem
assim, inclusive padres, pregadores, animadores e coordenadores: através do
frio extremo da prepotência!
Precisamos colaborar também. Precisamos parar de
idolatrar personalidades, em especial as que levam a palavra de Deus, pois são
humanas, erram, são frágeis e que também podem a qualquer momento ser tentadas
a se acharem. Precisamos mudar nosso foco. Parar de convidar as pessoas porque
a missa será com “padre tal”, pois o padre tal não é mais importante que Jesus
que se faz alimento na celebração. Não é o pregador fulano de tal que opera
milagres e sim o Espírito Santo que se manifesta por sua fidelidade e pura
graça de Deus. “(…) Para os seres humanos isso não é possível; mas, para Deus,
é. Pois, para Deus, tudo é possível”.
Essas pessoas que estão degraus acima de nós devem
vigiar cada vez mais, pois nunca se viu tamanha caça aos seus erros pelos meios
de comunicação. Precisamos entender que sempre falta alguma coisa e só seremos
completos em Deus.
E quanto a nós, o que falta ainda?
“(…) Em seguida, convocando a multidão juntamente
com os seus discípulos, disse-lhes: Se alguém me quer seguir, renuncie-se a si
mesmo, tome a sua cruz e siga-me. Porque o que quiser salvar a sua vida,
perdê-la-á; mas o que perder a sua vida por amor de mim e do Evangelho,
salvá-la-á. Pois que aproveitará ao homem ganhar o mundo inteiro, se vier a
perder a sua vida?” (Marcos 8, 34-36)
Na verdade os santos de nossa igreja não foram
santos por terem escalados sozinhos os degraus e sim por quererem
incansavelmente ver você também subir.
Quem caiu, levante! Ninguém disse que ao subir não
teriam arranhões.
Um imenso abraço fraterno.
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