Bom dia!
Esse evangelho trás uma grande lição para os que estão na caminhada: A
auto-análise.
Todos têm altos e baixos durante a caminhada. Às vezes passamos longos
períodos na penumbra da fé. Vivemos por vezes, períodos consideráveis de
aridez, conhecemos de perto a preguiça espiritual chamada de tibieza. Todos já
passaram por ela. É a vontade de largar tudo, ficar em casa, descansar,
repousar, dar um tempo, fugir, se refugiar, esconder-se, (…). E cada um tem sua
forma peculiar de voltar para o Senhor após cada solavanco que somos
acometidos. Mas hoje não falarei dela e sim da “arrogância espiritual”.
Buscar a santidade é como escalar degraus de uma pirâmide íngreme sendo
mais fáceis os estágios inferiores do que os superiores, portanto quem esta num
estágio mais alto, é preciso que busque o EQUILÍBRIO como grande aliado.
O que isso tem haver com evangelho de hoje?
Jesus tinha um olhar extremamente doce. Ele, por meio do seu olhar,
conseguia (e ainda consegue) ver através das máscaras que costumamos colocar
para nos proteger. Por vezes nos fingimos de fortes quanto à fé, mas é
justamente nessa hora que demonstramos o quanto somos frágeis. Diz a química
que um copo de vidro muito quente ao ser resfriado muito rapidamente, trinca e
quebra. Talvez o segredo é não perder a quentura ou talvez tentar evitar se
expor ao frio.
Nos olhos de Pedro Jesus viu se concretizar a tríplice negação. O
evangelho narra que Pedro chorou profundamente após o olhar de Jesus. Ele hoje
olha nos olhos do jovem rico e defere uma das colocações mais profundas e
diretas que temos no evangelho de Marcos: “(…) Falta mais uma coisa para você
fazer”.
O que seria isso que “falta”? Reflitamos a mensagem da primeira leitura:
“(…) Aos arrependidos Deus concede o caminho de regresso, e conforta
aqueles que perderam a esperança, e lhes dá a alegria da verdade. Volta ao
Senhor e DEIXA OS TEUS PECADOS, suplica em sua presença e diminui as tuas
ofensas. Volta ao Altíssimo, desvia-te da injustiça e detesta firmemente a
iniquidade”. (Eclesiástico 17, 20-23)
O orgulho daquele jovem não o permitiu que continuasse a crescer. Talvez
não aceitasse que ainda tinha algo por deixar. Quantas vezes também nos
comportamos assim? Dominados de tamanha prepotência nos achamos a “última
bolachinha do pacote”? É triste, mas vi muitos sucumbirem assim, inclusive
padres, pregadores, animadores e coordenadores: congelados pelo frio estremo da
prepotência!
Precisamos colaborar também. Precisamos parar de idolatrar
personalidades, em especial as que levam a palavra de Deus, pois são humanas,
erram, são frágeis e que também podem a qualquer momento ser tentadas a errar.
Precisamos mudar nosso foco. Parar de convidar as pessoas porque a missa será
com “padre tal”, pois o padre tal NÃO É MAIS IMPORTANTE que Jesus que se faz
alimento na celebração. Não é o pregador fulano de tal que opera milagres e sim
o Espírito Santo que se manifesta por sua fidelidade e pura graça de Deus. “(…)
PARA OS SERES HUMANOS ISSO NÃO É POSSÍVEL; mas, para Deus, é. Pois, para Deus,
tudo é possível”.
Essas pessoas que estão degraus acima de nós devem vigiar cada vez mais,
pois nunca se viu tamanha caça aos seus erros pelos meios de comunicação,
professores universitários, ateus, … Precisamos entender que sempre falta
alguma coisa e só seremos completos em Deus.
E quanto a nós, o que falta ainda além da busca pelo EQUILÍBRIO?
“(…) Em seguida, convocando a multidão juntamente com os seus
discípulos, disse-lhes: Se alguém me quer seguir, renuncie-se a si mesmo, tome
a sua cruz e siga-me. Porque o que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas o
que perder a sua vida por amor de mim e do Evangelho, salvá-la-á. Pois que
aproveitará ao homem ganhar o mundo inteiro, se vier a perder a sua vida?”
(Marcos 8, 34-36)
Na verdade os santos de nossa igreja não foram santos por terem escalados
sozinhos os degraus da santidade e sim por quererem incansavelmente ver você
também subir.
Quem caiu, levante! Ninguém disse que ao subir não teriam arranhões.
Abandone os excessos, pois favorecerá o equilíbrio.
Um imenso abraço fraterno.
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