DIA 24 DE MAIO
Para
melhor compreender esta passagem, em que os fariseus interrogam Jesus sobre
casamento e divórcio, utilizando a expressão "por qualquer
motivo" (v. 3), e preciso conhecer um pouco do Antigo
Testamento. O código do Deuteronômio estabelece que ao divorciar-se de sua
mulher, o homem deve declará-lo por escrito (24,1), com a seguinte fórmula:
"ela não é a minha esposa e eu não sou seu marido" (Os 2,4). No
período pós exílio, Malaquias censura os que abandonam sua
mulher na juventude (2,14-15) e o Eclesiástico aconselha o divórcio
apenas no caso de mulher má (25,26). Isto fica muito vago e o Deuteronômio
não esclarece, pois fala apenas de um comportamento inconveniente da
mulher (24,1), para justificar o divórcio. Mas nada deve ser interpretado como
adultério, que era considerado na época, como ofensa capital.
Provavelmente referem-se a causas legais de uso corrente ou até mesmo
prescrições jurídicas que não chegaram até nós.
Jesus
sempre se posiciona contra o divórcio. Mas nessa época, duas escolas rabínicas
disputavam a questão não resolvida no Antigo Testamento. Uma escola permitia o
divorcio, por qualquer razão que o marido encontrasse na mulher e a
outra só permitia o divórcio em caso de adultério. E neste contexto que surge a
pergunta dos fariseus, que põe Jesus a prova: "É permitido a um homem
rejeitar sua mulher por um motivo qualquer?" (v. 3) Tentam fazer com
que Jesus se posicione por uma das escolas, mas Ele recorre ao
Gênesis 1,27; 2,24 como base bíblica para sua resposta e afirma que
no plano da criação original de Deus, o casamento e indissolúvel e nada pode
terminar essa união. Quanto a pergunta sobre a lei de Moisés (v.7),
Jesus diz que no Antigo Testamento o repúdio era permitido apenas
como concessão a fraqueza humana, e reafirma que não é a intenção
original de Deus.
A
seguir, Jesus interpreta a lei, proibindo, de forma absoluta, o
repúdio e o novo casamento, exceto no caso de união ilegal, que provavelmente
seria um casamento entre pessoas dentro dos graus de parentesco
proibidos no Levítico 18,6-18. A natureza radical do ensinamento de Jesus
leva os discípulos a questionar, se convém ou não se casar. Jesus afirma que
celibato é dom de Deus e não é para todos. O celibato cristão é a resposta à
experiência do Reino dos Céus ensinada e vivida por Jesus. Esse
celibato não se baseia num conceito marxista contra as mulheres, nem na pureza
cultual, nem nas exigências da vida comunitária. É resposta a
Deus! "Quem puder compreender, compreenda"
Maria
Cecília
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