TERÇA- 04/06
Mc 12,13-17
Dai a César o que é de César, e a Deus o que é de
Deus.
Este Evangelho narra que as autoridades enviaram a
Jesus um grupo formado por fariseus e partidários de Herodes, com uma
armadilha, que consistia na seguinte pergunta: “É lícito ou não pagar o imposto
a César?”
A armadilha foi bem pensada, porque qualquer
resposta que Jesus desse, complicaria para ele. Se falasse que não é lícito,
Jesus se colocaria contra os romanos e poderia ser preso. Se respondesse que o
imposto é lícito, não só legitimaria a opressão romana, como trairia o povo que
sonhava com a independência.
E mais: o grupo enviado tinha posições opostas
sobre essa questão. Para os fariseus, pagar o imposto era um pecado de
idolatria, pois César se dizia deus, e a própria moeda trazia seus atributos
divinos. Havia, inclusive, entre os fariseus, um grupo radical, chamado
zelotas, que combatiam o imposto pela luta armada. Já os partidários de Herodes
defendiam o imposto, porque recebiam altos salários, vindos justamente desses
impostos. Para eles, pecado era não pagar o imposto.
Na verdade, os partidários de Herodes eram usados
pelos romanos como “laranjas” junto ao povo judeu.
Mas Jesus, como sempre, teve uma saída magistral.
Primeiro, mostrou a hipocrisia e o fingimento do grupo, ao lhe fazer a
pergunta. Em seguida, deixando de lado o imposto em si, ele foi mais longe,
olhando o problema de forma mais profunda.
“Dai a César o que é de César, e a Deus o que é de
Deus.” César não é deus; pelo contrário, existe um Deus acima dele, que criou o
mundo e o governa.
Entretanto, César constrói a ponte, a escola, a
estrada, por isso precisa dos recursos, que vem dos impostos. Mas foi Deus quem
fez o rio sobre o qual César constrói a ponto. Foi Deus que fez a terra e o material
da estrada e da escola, assim como os professores e alunos. Deus é o nosso
criador, e a sua religião precisa de recursos para cumprir a sua tarefa. Mais
do que isso, precisa de nós mesmos, da nossa dedicação.
Precisamos pagar o imposto justo às autoridades
políticas (César), acompanhando a aplicação desses recursos. E precisamos ser
membros ativos da Santa Igreja de Deus.
Todo bom cristão é também um bom cidadão.
Entretanto, ele sabe que vive na terra de passagem, como peregrino. Ele tem
outro Rei, que é Deus, e outra Pátria, o céu.
O Estado não pode proibir a vivência religiosa dos
cidadãos, e a religião não pode impedir os religiosos de cumprir seus deveres
cívicos. A fé e a política são complementares, pois têm o mesmo destinatário: o
homem.
Houve época em que se negou à autoridade civil
(César) a sua autonomia, colocando-a a serviço de Evangelho, usando a força do
braço secular para implantar a Lei de Cristo. Para Cristo, as duas autoridades
(política e religiosa) são complementares, mas independentes na sua gestão. O
cristão é também cidadão, portanto, tem de obedecer às duas leis.
“Mestre, sabemos que és verdadeiro...” Devemos
tomar cuidado com as lisonjas, que muitas vezes são usadas como “iscas” para
nos pegarem, como o pescador faz com o peixe.
Havia, na cidade de Pádua na Itália, um homem rico,
chamado Conde Eselino, que explorava o povo através da agiotagem. O pior é que
era desses homens de cara lambida que se apresentam como santos. Assim ele
enganava todo mundo. Um dia, Frei Antônio o procurou e descarregou o verbo para
ele, mostrando-lhe toda a sua falsidade e ganância. Disse-lhe na cara: “Conde
Eselino, até quando vais continuar desafiando o céu? Pensas que os ouvidos de
Deus estão surdos ao clamor do sangue desses inocentes? As medidas estão
cheias! Se não mudares de vida, a cólera divina te atingirá!” Resultado: Frei
Antônio de Pádua arrumou mais um inimigo. Daí para frente, o Conde Eselino
passou a perseguir e a desmoralizar Frei Antônio de Pádua.
O bom cristão tem de ser também um bom cidadão.
Peçamos a Maria Santíssima que nos ajude a usar do
dinheiro corruptível para cumprir todas as nossas obrigações, e assim ganhar os
bens eternos e incorruptíveis.
Dai a César o que é de César, e a Deus o que é de
Deus.
Padre Queiroz
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