Bom dia!
Notamos no evangelho de ontem que tanto os discípulos quanto nós
precisamos nos policiar no que se diz a verdadeira face de ser cristão. Ontem
notamos que o desapego é um passo importante na construção de pessoas melhores…
E hoje?
Sim! É natural e humano que precisamos de elogios e reforços positivos
para continuar a caminhar. Sabemos que não é o certo, mas nossa motivação e
alegria são bem atreladas aos “tapinhas nas costas” que recebemos. Seria
hipócrita se dissesse que isso não existe, mas o que tenho a dizer é que para
isso também é preciso disciplina e sobriedade.
Quanto à disciplina…
É importante saber que nem tudo que queremos, teremos, mas que tudo que
pedimos, Deus sempre nos ouve. Os apóstolos pediam muito mais do que haviam
ganho o direito de ter ou lutado para conseguir. Jesus narrava sua sina e sua
morte, no entanto havia apenas a preocupação com que seriam, que posto teriam
ou ocupariam no céu.
Jesus sondava seus pensamentos; mexia com seus paradigmas; fazia vibrar
os conceitos. Ele já havia exortado que o menor seria o maior, que aquele (a)
que fosse, por amor a mensagem de vida, humilhado, seria no fim exaltado, mas
como nós, os discípulos estavam presos a uma cadeia, denominada por Augusto
Cury como cárcere intelectual.
“(…) Um dos maiores problemas enfrentados por Cristo era o CÁRCERE
INTELECTUAL em que as pessoas viviam, ou seja, a RIGIDEZ INTELECTUAL com que
elas pensavam e compreendiam a si mesmas e ao mundo que as envolviam. Por isso,
apesar de falar da fé como ausência da dúvida, ele também era um mestre
sofisticado no uso da arte da dúvida. Ele a usava para abrir as janelas da
inteligência das pessoas que o circundavam”. (Augusto Cury – Mestre dos
mestres)
A disciplina esta em não se render as pequenas coisas, que aos nossos
olhos parecem valiosas.
Quanto à sobriedade…
Estar sóbrio é estar centrado, lúcido, apto a entender e responder pelo
que esta acontecendo. O que Deus faz em nós e através de nós deve ser dado os
créditos a Ele, portanto nenhum de nós deve “se achar” por ter feito o seu
trabalho bem feito. Deus tanto age no “Chico” quanto no “Francisco” e os
milagres não acontecem somente pelas mãos desse ou daquele padre famoso, mas
pelo filho de Deus que consegue tocar o Senhor.
Quarta feira passada o evangelho narrava o pedido do Senhor para que não
segregássemos aqueles que fazem e trabalham em Seu nome, mas algo é preciso ser
dito diante desse fato: nossa maldade tem impedido que se cumpra.
Quantas pessoas talentosas existem em nossas comunidades, mas não são
treinadas, ouvidas, levadas em consideração? Quantos “Davis” se escondem em
meio a irmãos imaturos prontos para conduzir nosso povo, nossos grupos,
pastorais, mas que não recebem a devida chance, por não fazerem parte de uma
panela, de um grupinho? Quantas comunidades sofrem pelo fato de pessoas
assumirem permanentemente coordenações de movimentos, EACs e CPCs como se
fossem “donos”?
Sofremos em nossas comunidades, pois nossas lideranças não sabem educar,
temem dizer “não”, são relutantes ao novo; nossos grupos sofrem pois ensinaram
sobre os milagres que aconteciam a dois mil anos, esquecendo de mostrar que
existe um milagre a cada manhã que temos a graça de levantar. Muita gente
perdeu a fé, pois espera muito mais do que realmente trabalha para obter.
Observemos a primeira leitura:
“(…) Dai a recompensa àqueles que esperam em vós, mostrai que os vossos
profetas tinham razão. Escutai, Senhor, a oração dos vossos servos, pela
benevolência que tendes para com vosso povo, conduzi-nos no caminho da justiça,
e que o mundo inteiro reconheça que vós sois o Senhor, o Deus de todos os
tempos”. (Eclesiástico 36, 18-19)
Lembremo-nos do evangelho : Buscai primeiro o reino de Deus e tudo mais
nos será dado por acréscimo e não Buscai primeiro “tudo mais” e Deus será lhe
dado por acréscimo.
Busquemos a disciplina e a sobriedade! Elogios e prodígios nos movem,
mas é a fé, o amor e a caridade que nos sustentam.
Um imenso abraço fraterno.
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