13 de janeiro
Lc 3,15-16.21-22
Jesus recebeu o batismo. E, enquanto
rezava, o céu se abriu.
Hoje nós celebramos a festa do
Batismo de Jesus. O Evangelho narra a cena. Jesus é declarado Filho de Deus, em
carne mortal. O batismo de Jesus é prenúncio do nosso. O Evangelho começa
referindo-se a João Batista, mostrando como ele incentivava o povo a reunir-se
em torno de Jesus.
Domingo passado, nós celebramos a
epifania de Jesus a todos os povos. Hoje é a sua epifania, manifestação, feita
por Deus Pai.
Ao colocar-se na fila dos pecadores
para ser batizado por João, Jesus queria ser considerado como mais um pecador,
uma vez que tinha assumido a nossa condição de pecadores, ainda que nunca
tivesse pecado. “Jesus, existindo em forma divina, não considerou como presa a
agarrar o ser igual a Deus, mas despejou-se, assumindo a forma de escravo, e
tornando-se igual ao ser humano” (Fl 2,6-7).
“E o Espírito Santo desceu sobre
Jesus em forma visível, como pomba. E do céu veio uma voz: Tu és o meu Filho
amado, em ti ponho o meu bem-querer.” Esta declaração pública de Deus Pai sobre
a filiação divina do homem Jesus, mais a vinda do Espírito Santo, constituem a
sua consagração e o credencial para ele exercer a sua missão de profeta e de
redentor. Ele é o Ungido (em português), o mesmo que o Messias (em hebraico) e
o Cristo (em grego). É também o Filho de Deus e o Senhor. A unção de Jesus
supera a unção dos profetas, reis e sacerdotes no Antigo Testamento. Com o
batismo, Jesus sai do anonimato, depois de trinta anos de vida familiar oculta
em Nazaré.
Este batismo que Jesus recebe de João
Batista é anúncio do batismo de sangue que experimentará em sua paixão, morte e
ressurreição. É também a inauguração do nosso batismo, como fala o prefácio da
missa de hoje: “Nas águas do rio Jordão, revelais o novo batismo, com sinais
admiráveis”.
O batismo é para nós um dom, um sinal
de predileção de Deus e um chamado. Como no batismo de Jesus, estão presentes
no nosso batismo as três Pessoas divinas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo. O
batismo nos torna filhos e filhas de Deus, irmãos entre nós e continuadores da
missão de Jesus. Que assumamos a nossa missão com generosidade, como fez Jesus.
“E, enquanto rezava, o céu se abriu.”
Isso acontece também conosco, quando somos batizados. O céu se abre para nós,
porque antes ele estava fechado, por causa do pecado original.
“O Espírito Santo desceu sobre
Jesus.” No nosso batismo, o Espírito Santo vem também sobre nós. Ele nos vem
como luz e como força. Como luz, para nos mostrar o caminho que conduz à glória
de Deus e à nossa felicidade; e como força, para vivermos dignamente como
cristãos, vencendo as tentações do mal, que nos chegam de mil formas.
“Em forma visível, como pomba.” É
para lembrar aquela pomba que, após o dilúvio, veio avisar a Noé que as águas
haviam abaixado (Cf Gn 8). O batismo é para nós o fim do castigo (dilúvio) e o
começo de uma nova amizade com Deus (a Aliança, representada pelo arco-íris –
Cf Gn 9,12-13). A pomba simboliza também a paz. O batismo nos torna pacíficos e
construtores da paz.
“Tu és o meu Filho amado, em ti ponho
meu bem-querer.” É Deus Pai falando. Só agrada a Deus Pai quem ama a
Jesus e o segue, participando da sua Igreja. Deus Pai fala essa mesma frase
para nós, após o nosso batismo. Nós nascemos de novo e nos tornamos filhos e
filhas de Deus e irmãos entre nós. Recebemos a graça de Deus. “Se conhecesses o
dom de Deus!” (Jo 4,10). Como é bom saber que somos amados por Deus! Que
sejamos também bons filhos e filhas deste Pai que nos ama! Deus investiu muito
em nós também, e espera que produzamos frutos. Antigamente, quando a pessoa era
batizada, trocava de roupa, para representar a mudança interior.
Logo após o batismo, Jesus foi para o
deserto preparar-se para a sua missão. Lá, jejuou e fez penitência. Ao voltar
do deserto, começou a dizer em alta voz: “Completou-se o tempo, e o Reino de
Deus está próximo. Convertei-vos e crede na Boa Nova!” (Mc 1,15). O batismo e a
crisma nos impulsionam para cumprirmos a missão recebida de Deus.
Aconselha-se a fazer hoje a renovação
das promessas do batismo.
Certa vez, dois garotos adolescentes
estavam numa floresta. Um era cego e o outro coxo, por cuja deficiência não
podia caminhar com velocidade. De repente, foram surpreendidos por um incêndio
na floresta. Aquele fogo alto consumia as árvores e vinha na direção deles. Os
dois tiveram uma iniciativa: o cego colocou o deficiente das pernas nas costas,
este ia indicando o caminho, e o cego correndo. Assim, se livraram do incêndio.
A entreajuda e a vida em Comunidade
são fundamentais para o cumprimento da nossa vocação batismal. Apesar de nossas
limitações, a ajuda mútua nos possibilita livrar-nos do incêndio do pecado e
construir o Reino de Deus.
Que Maria Santíssima e S. João
Batista, que foram tão generosos na obediência a Deus, nos ajudem a viver a
nossa vocação batismal.
Jesus recebeu o batismo. E, enquanto
rezava, o céu se abriu.
Padre Queiroz
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