Dia 01 de fevereiro
Mc 4,26-34
O Reino de Deus é como a semente que
cresce sozinha, e como o grão de mostarda.
Neste Evangelho, Jesus nos conta duas
parábolas: a da semente que cresce sozinha e a do grão de mostarda. O Reino de
Deus age em nós e no mundo como a semente: tem uma força própria, graças ao
Espírito Santo que o assiste. No começo, ele pode parecer pequeno,
insignificante e demasiadamente lento, mas é só esperar, que ele se torna
grande e forte. Quanta gente não persevera na Comunidade, ou numa pastoral,
porque não vê resultados imediatos!
A comparação com a semente é muito
apropriada, porque basta ser jogada em terra boa e úmida, que ela cresce por si
mesma e vai até os frutos. Também o Reino de Deus é assim; basta não colocarmos
obstáculos, que ele vai crescendo, dentro de nós e no mundo. Esse crescimento é
lento, como a semente. O homem “vai dormir e acorda, noite e dia, e a semente
vai germinando e crescendo, mas ele não sabe como isso acontece”.
No caso da semente de mostarda, há um
contraste entre o tamanho tão pequeno da semente e o tamanho tão grande da
hortaliça, que “estende ramos tão grandes, que os pássaros do céu podem
abrigar-se à sua sombra”. O mesmo contraste acontece no Reino de Deus, a
começar com o próprio Jesus, que nasceu tão humilde na gruta de Belém, e hoje o
“grão de mostarda” cobre a face da terra.
As nossas Comunidades cristãs são às
vezes pequenas, fracas, pobres e crescem devagar. Pouca gente participando, a
maioria gente simples, humilde, despreparada e sem grandes talentos... mas a
sua força transformadora é enorme.
Por outro lado, o reino do mal cresce
rápido e tem poder e força diante das estruturas do mundo.
Por isso, muitos cristãos são tentados a
desanimar e a desistir.
Ou são tentados a desacreditar nos
critérios cristãos e passam a usar os critérios do mundo pecador: ser lobos no
meio de lobos; em vez de virar a outra face para quem lhes bate, ou dar também
a túnica para quem lhes rouba a capa, passam a usar a violência, a vingança, a mentira;
desunir-se da equipe pastoral e agir sozinho...
Isso é colocar a eficácia, isto é, os
resultados, acima do testemunho e do exemplo de vida. Na prática, é fazer
aliança com o mal, abandonando os critérios de Cristo. O pior é quando
começamos a misturar as coisas, não nos firmando nem do lado de Cristo nem do
lado do mundo pecador.
Isto é falta de fé na força de Deus, que
age através da pequenez, como a semente de mostarda, e que age pela força do
Espírito Santo, mas lentamente.
O que Jesus quis com as duas parábolas
foi dar-nos ânimo e confiança, para não desanimarmos na luta pelo Reino de
Deus, mas perseverarmos, apesar a sua lentidão.
O Pe. José Maria Prada era missionário
redentorista da Província de S. Paulo. Ele nasceu em Portugal, em 1928 e foi
ordenado em 1953. Trabalhou em Angola, África, até 1975, quando veio para o
Brasil. Morou em Garça – SP, em Exu – PE e depois foi nomeado Pároco de
Salgueiro – PE.
Em Salgueiro, um dia, um senhor muito
influente e rico na cidade o procurou, junto com a sua noive, querendo se casar
na Igreja. Ele dizia que morou com uma mulher em outra cidade distante dali,
mas sem se casar na Igreja.
Pe. Prada entrou em contato com a
Paróquia daquela cidade e esta lhe mandou a certidão de casamento dele. O padre
lhe mostrou e disse que não poderia fazer o casamento.
O homem, primeiro prometeu dar muito
dinheiro para o padre se ele fizesse o casamento, mas este não quis. Então o
homem ameaçou e disse que mataria o padre, se ele não fizesse o casamento. Pe.
Prada foi inflexível, disse que morreria, mas não faria o casamento.
Então o homem foi a sua casa, pegou um
revólver, veio e deu cinco tiros no Pe. Prada, que morreu na hora. Eram onze
horas do dia 29/04/1991.
Na Missa de corpo presente, presidida
pelo Sr. Bispo da Diocese, que é Petrolina, e concelebrada por todo o clero da
diocese, estavam presentes uma enorme multidão. No enterro, levaram, em uma
cruz, a camisa ensangüentada do Pe. Prada.
A semente do Reino de Deus parece
pequena e fraca, mas tem uma força incrível. “Não tenhais medo daqueles que
matam o corpo, mas são incapazes de matar a alma!” (Mt 10,28).
Peçamos a Maria Santíssima, a Mãe da
Igreja, que nos ajude a perseverar na nossa Comunidade, sem perder a paciência
devido às suas fraquezas, nem sacrificar o nosso testemunho a fim de obter
maiores resultados.
O Reino de Deus é como a semente que
cresce sozinha, e como o grão de mostarda.
Padre Queiroz
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