Sábado
Eu não vim para chamar justos, mas sim pecadores.
Este Evangelho nos trás três coisas:
1) A vocação de Levi, que é o Apóstolo e evangelista S. Mateus.
2) Escândalo e crítica dos doutores da Lei por Jesus comer junto com
pessoas de má fama.
3) A resposta explicativa de Jesus.
Os doutores da Lei eram como os nossos atuais catequistas. Eles seguiam
as tradições farisaicas e sempre criticavam Jesus, porque ele não as seguia.
Eles se julgavam os donos da fé do povo, e não servos, como devia ser. Jesus
foi ousado, porque convidou para ser Apóstolo um pecador público, no pensar dos
doutores da Lei e dos fariseus.
O cobrador de impostos era, entre os judeus, uma pessoa banida religiosa
e socialmente, por colaborar com um governo estrangeiro e por ter as mãos
manchadas com o dinheiro sujo, fruto do suborno, da extorsão e da usura. Como
viviam em “estado de pecado”, eram considerados excluídos da salvação de Deus e
sem possibilidade de conversão.
Além dos cobradores de impostos, também as prostitutas, os bandidos e os
leprosos eram considerados pecadores públicos e banidos da sociedade judaica.
Era justamente no meio dessa turma que Jesus vivia. E ele explica: não veio
para chamar os justos, mas sim os pecadores. Mas esta atitude de Jesus batia de
frente com o pensar da elite religiosa e social do seu país. “Por que ele come
com cobradores de impostos e pecadores?”
Jesus ouviu a reclamação feita aos discípulos e deu a resposta clara,
que é um dos princípios básicos da religião que ele veio fundar: “Não são as
pessoas sadias que precisam de médico, mas sim as doentes”. A Comunidade cristã
não pode tornar-se um grupo fechado em si mesmo. É preciso abrir as janelas
para ver os que mais precisam da graça de Cristo, e depois abrir as portas para
ir ao encontro deles. Pois “Eu não vim para chamar justos, mas sim pecadores”.
A palavra “justos” aqui tem um sentido irônico. São aqueles que se
julgam perfeitos, e por isso se negam a fazer qualquer mudança de
comportamento. Uma pessoa assim não abre o coração para a Palavra de Deus, pois
Deus não tem mais nada a dizer a ela, já chegou ao topo da montanha da vida
cristã. São pessoas que “engolem um camelo e pensam que é um mosquito”.
Como é bom reconhecer os próprios pecados, e em seguida acreditar na
misericórdia de Deus, que ama os pecadores! “O justo cai sete vezes por dia”. O
que acontece conosco é que não temos o costume de, à noite, procurar descobrir
os pecados que cometemos durante o dia, por pequenos que sejam, e nos
arrepender deles. Todo pecado é pecado, independente do tamanho, se é grande ou
pequeno.
Cristo desce até o mundo dos pecadores, não para ficar ali, mas para
subir com eles na libertação do pecador, mostrando que Deus o ama, e ama muito.
Para entrarmos no Reino de Deus, fundado por Jesus, precisamos ser como
Deus Pai, que manda o sol e a chuva sobre todos, maus e bons, juntos e
injustos. Precisamos libertar-nos dos preconceitos de classe, de cor, de raça
ou de qualquer outro. Que deixemos de dividir o povo entre bons e maus, entre
os que podemos cumprimentar e os que não podemos, entre os que devemos amar e
os que não devemos. Que aprendamos que todo ser humano, no fundo, é bom, porque
foi criado por Deus. E é esse “fundo bom” que devemos olhar em primeiro lugar
nas pessoas.
Como é bom ser misericordioso, isto é, amar uma pessoa que vive de forma
errada! Não amamos o erro, mas a pessoa. Afinal, nós também somos pecadores. Um
dia Jesus reclamou daqueles que vêem um cisco no olho do irmão, e não vêem a
trave no próprio olho. Se olharmos sinceramente para nós mesmos, com certeza
seremos mais misericordiosos para com os que erram.
Certa vez, um menino visitava sua tia, e esta o repreendeu por contar
uma mentira. A tia o advertiu: “Você sabe o que acontece com meninos que dizem
mentiras?” “Não, tia. O que acontece?”, ele perguntou.
“Bem”, disse ela, “existe um homem que mora na lua, de cor esverdeada,
que tem só um olho, que desce no meio da noite e voa de volta para a lua
levando os meninos que dizem mentiras. Lá eles são espancados com varas pelo
resto de sua vida. Você ainda dirá mentiras?”
Aí está o grande erro daquela tia: querer motivar alguém a não dizer
mentiras, através de uma mentira, e daquelas cabeludas!
Se quisermos condenar os pecadores, caímos no mesmo erro, porque também
somos pecadores.
Maria Santíssima não exclui nenhum de nós, seus filhos e filhas, porque
essa é uma virtude própria da mãe. Pelo contrário, os que levam vida errada são
os que mais estão presentes nas orações e preocupações da mãe. Que nossa Mãe
Maria nos ajude a imitar o seu Filho
Eu não vim para chamar justos, mas sim pecadores.
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