Domingo
Jesus recebeu o batismo. E, enquanto rezava, o céu se abriu.
Hoje nós celebramos a festa do Batismo de Jesus. O Evangelho narra a
cena. Jesus é declarado Filho de Deus, em carne mortal. O batismo de Jesus é
prenúncio do nosso. O Evangelho começa referindo-se a João Batista, mostrando
como ele incentivava o povo a reunir-se em torno de Jesus.
Domingo passado, nós celebramos a epifania de Jesus a todos os povos.
Hoje é a sua epifania, manifestação, feita por Deus Pai.
Ao colocar-se na fila dos pecadores para ser batizado por João, Jesus
queria ser considerado como mais um pecador, uma vez que tinha assumido a nossa
condição de pecadores, ainda que nunca tivesse pecado. “Jesus, existindo em
forma divina, não considerou como presa a agarrar o ser igual a Deus, mas
despejou-se, assumindo a forma de escravo, e tornando-se igual ao ser humano”
(Fl 2,6-7).
“E o Espírito Santo desceu sobre Jesus em forma visível, como pomba. E
do céu veio uma voz: Tu és o meu Filho amado, em ti ponho o meu bem-querer.”
Esta declaração pública de Deus Pai sobre a filiação divina do homem Jesus, mais
a vinda do Espírito Santo, constituem a sua consagração e o credencial para ele
exercer a sua missão de profeta e de redentor. Ele é o Ungido (em português), o
mesmo que o Messias (em hebraico) e o Cristo (em grego). É também o Filho de
Deus e o Senhor. A unção de Jesus supera a unção dos profetas, reis e
sacerdotes no Antigo Testamento. Com o batismo, Jesus sai do anonimato, depois
de trinta anos de vida familiar oculta em Nazaré.
Este batismo que Jesus recebe de João Batista é anúncio do batismo de sangue
que experimentará em sua paixão, morte e ressurreição. É também a inauguração
do nosso batismo, como fala o prefácio da missa de hoje: “Nas águas do rio
Jordão, revelais o novo batismo, com sinais admiráveis”.
O batismo é para nós um dom, um sinal de predileção de Deus e um
chamado. Como no batismo de Jesus, estão presentes no nosso batismo as três
Pessoas divinas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo. O batismo nos torna filhos
e filhas de Deus, irmãos entre nós e continuadores da missão de Jesus. Que assumamos
a nossa missão com generosidade, como fez Jesus.
“E, enquanto rezava, o céu se abriu.” Isso acontece também conosco,
quando somos batizados. O céu se abre para nós, porque antes ele estava
fechado, por causa do pecado original.
“O Espírito Santo desceu sobre Jesus.” No nosso batismo, o Espírito
Santo vem também sobre nós. Ele nos vem como luz e como força. Como luz, para
nos mostrar o caminho que conduz à glória de Deus e à nossa felicidade; e como
força, para vivermos dignamente como cristãos, vencendo as tentações do mal,
que nos chegam de mil formas.
“Em forma visível, como pomba.” É para lembrar aquela pomba que, após o
dilúvio, veio avisar a Noé que as águas haviam abaixado (Cf Gn 8). O batismo é
para nós o fim do castigo (dilúvio) e o começo de uma nova amizade com Deus (a
Aliança, representada pelo arco-íris – Cf Gn 9,12-13). A pomba simboliza também
a paz. O batismo nos torna pacíficos e construtores da paz.
“Tu és o meu Filho amado, em ti ponho meu bem-querer.” É Deus Pai
falando. Só agrada a Deus Pai quem ama a Jesus e o segue, participando da sua
Igreja. Deus Pai fala essa mesma frase para nós, após o nosso batismo. Nós
nascemos de novo e nos tornamos filhos e filhas de Deus e irmãos entre nós.
Recebemos a graça de Deus. “Se conhecesses o dom de Deus!” (Jo 4,10). Como é
bom saber que somos amados por Deus! Que sejamos também bons filhos e filhas
deste Pai que nos ama! Deus investiu muito em nós também, e espera que
produzamos frutos. Antigamente, quando a pessoa era batizada, trocava de roupa,
para representar a mudança interior.
Logo após o batismo, Jesus foi para o deserto preparar-se para a sua
missão. Lá, jejuou e fez penitência. Ao voltar do deserto, começou a dizer em
alta voz: “Completou-se o tempo, e o Reino de Deus está próximo. Convertei-vos
e crede na Boa Nova!” (Mc 1,15). O batismo e a crisma nos impulsionam para
cumprirmos a missão recebida de Deus.
Aconselha-se a fazer hoje a renovação das promessas do batismo.
Certa vez, dois garotos adolescentes estavam numa floresta. Um era cego
e o outro coxo, por cuja deficiência não podia caminhar com velocidade. De
repente, foram surpreendidos por um incêndio na floresta. Aquele fogo alto
consumia as árvores e vinha na direção deles. Os dois tiveram uma iniciativa: o
cego colocou o deficiente das pernas nas costas, este ia indicando o caminho, e
o cego correndo. Assim, se livraram do incêndio.
A entreajuda e a vida em Comunidade são fundamentais para o cumprimento
da nossa vocação batismal. Apesar de nossas limitações, a ajuda mútua nos possibilita
livrar-nos do incêndio do pecado e construir o Reino de Deus.
Que Maria Santíssima e S. João Batista, que foram tão generosos na
obediência a Deus, nos ajudem a viver a nossa vocação batismal.
Jesus recebeu o batismo. E, enquanto rezava, o céu se abriu.
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