TERÇA – DIA 03 - Evangelho - Lc 9,51-56
Bom dia!
Se recordarmos outro trecho do evangelho (o da
Samaritana) poderemos criar um desfecho equivocado a esse evangelho.
”(…) Ora, devia passar por Samaria. Chegou, pois, a
uma localidade da Samaria, chamada Sicar, junto das terras que Jacó dera a seu
filho José. Ali havia o poço de Jacó. E Jesus, fatigado da viagem, sentou-se à
beira do poço. Era por volta do meio-dia. Veio uma mulher da Samaria tirar
água. Pediu-lhe Jesus: Dá-me de beber“. (João 4, 4-7)
Poderíamos pensar: “não foram esses mesmos
samaritanos que se converteram ao ouvir a mulher falar de Jesus”? “não são eles
que acolheram a mensagem e agora não querem que Jesus passe por seu
território”?
Nada podemos afirmar se era a mesma região ou o
mesmo povoado visto que a região da Samaria era extensa e se assim for verdade
cairia por terra nossa primeira impressão de traição. Quem não imaginaria a
cena e não se revoltaria com o povo. Sem saber da plena verdade dos fatos
criamos algo odioso chamado pré-conceito.
É claro que nossas convicções poderiam estar certas
sobre o fato, mas nossos esquemas pessoais sobre o mundo e sobre as pessoas
precisam mudar. Precisamos “adivinhar” menos!
Quem nunca ouviu estórias e contos de pessoas
simples, trajando roupas simples entrarem em lojas e não serem atendidas, pois
os vendedores “pensavam que era perca de tempo”? Quem nunca ouviu também
estórias de pessoas desprezadas aos olhos comprarem a loja à vista?
Jesus era um “problema”. Sua presença na região
trazia a atenção dos poderosos e influentes para onde estava e com quem falava.
Quantos não foram interrogados pelos mestres da lei após serem curados buscando
um traço de mentira nos milagres do homem de Nazaré? Muita gente não queria que
Jesus as encontrasse, pois tinham receio de serem vistos como um dos seus. Que
o diga Nicodemos, José de Arimatéia e outros que foram seus seguidores em
silêncio
Muita gente preferia admirá-lo de longe, sem se
comprometer; viam talvez nele a esperança, mas o medo as impedia de segui-lo.
Reparem na seqüência imediata desse evangelho que alguns desejam segui-lo mas
ainda não conseguem abandonar o velho regime. Cada qual a seu tempo, pois todos
temos nossas limitações e cárceres.
Esse trecho antecede o envio dos discípulos
(setenta e dois) de dois em dois pelas regiões da Judéia. Jesus identifica o
medo que os impedia de mudar sua vida, mas não deseja que se exponham.
“(…) O senhor quer que a gente mande descer fogo do céu para acabar com estas
pessoas? PORÉM JESUS, VIRANDO-SE PARA ELES, OS REPREENDEU”.
O Senhor talvez não desejasse que fossem julgados
pelo medo (pré-conceito, limitações pessoais) e sim pelas atitudes de fé e
coragem. Na passagem seqüencial que manda que os setenta e dois aos vilarejos,
propõe uma mudança de atitude: o medo deve dar lugar a paz! Uma pequena porta
que se abre para a acolher a Jesus torna-se maior que os pecados e erros de
outrora.
Talvez essa narrativa explique por que tanta gente
cantou aquela música “faz um milagre em mim”.
“(…) Entra na minha casa. Entra na minha vida. Mexe
com minha estrutura; Sara todas as feridas. Me ensina a ter Santidade; Quero
amar somente a Ti, Porque o Senhor é o meu bem maior, Faz um Milagre em mim”
Muita gente que também o ama em segredo com medo de
se expor. Somos muito mais que setenta e dois, levemos a paz!
Um imenso abraço fraterno.
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