13/06/2016
S. António de
Lisboa, Presbítero e Doutor da Igreja
S.
António nasceu em Lisboa, em 1195. No batismo, recebeu o nome de Fernando. Em
1210 entrou para os Cónegos Regulares de S. Agostinho, no mosteiro de S.
Vicente de Fora, em Lisboa. Dois anos depois, desejando uma vida mais
recolhida, transferiu-se para o Mosteiro de S. Cruz, em Coimbra. Ordenado
sacerdote, em 1220, ao ver os restos mortais dos primeiros mártires
franciscanos, mortos em Marrocos, sentiu um novo apelo vocacional e mudou-se
para a Ordem dos Frades Menores, tomando o nome de António. Em 1221 participou
no “Capítulo das Esteiras”, junto à Porciúncula, e viu Francisco de Assis.
Depois de alguns anos no escondimento e na oração, começou a pregar com grande
sucesso e frutos. Converteu hereges em Itália e em França. Morreu aos 33 anos
de idade, perto de Pádua, onde foi sepultado. No dia do Pentecostes de 1232, um
ano depois da sua morte, foi canonizado pelo Papa Gregório IX.
Lectio
Primeira
leitura: Sir 39, 8-14 (gr. 6-11)
Aquele que medita na
lei do Altíssimo, for a vontade do Soberano Senhor, ele será repleto do
espírito de inteligência; então, ele derramará, como chuva, as palavras da
sabedoria; e louvará o Senhor, na sua oração. 7Possuirá a rectidão do julgamento e da ciência e ele
meditará nos mistérios de Deus. 8Ensinará ele próprio a doutrina que aprendeu e porá a sua
glória na Lei da Aliança do Senhor.9Muitos
louvarão a sua sabedoria, que jamais ficará no esquecimento. A sua recordação
não desaparecerá e o seu nome viverá de geração em geração. 10As nações proclamarão a sua
sabedoria, a assembleia publicará o seu louvor.
Segundo o Ben Sirá, o
sábio adquire a sabedoria não apenas pelo estudo, pela tradição e pela
experiência pessoal, mas sobretudo pelas súplicas e pela oração. Se o Altíssimo
o quiser, o sábio ver-se-á gratuita e copiosamente cheio do dom da
inteligência, de maneira que ele mesmo se possa converter em fonte de sabedoria
para os outros. Isto levá-lo-á a dar graças a Deus. Graças à sabedoria recebida
de Deus, o sábio saberá conduzir-se retamente e poderá aprofundar, na oração,
os mistérios divinos. Ver-se-á capacitado para instruir os outros e a sua
glória será a aliança do Senhor. Como recompensa do seu ministério, o sábio
receberá o elogio dos seus contemporâneos, e das gerações sucessivas, incluindo
os pagãos: nunca esquecerão a sua inteligência e a sua fama transmitir-se-á de
geração em geração.
Evangelho:
Mateus 5, 13-19
Naquele tempo, disse
Jesusaos seus discípulos: “Vós sois o sal da terra. Ora, se o sal se corromper,
com que se há-de salgar? Não serve para mais nada, senão para ser lançado fora
e ser pisado pelos homens. 14Vós
sois a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade situada sobre um monte; 15nem se acende a candeia
para a colocar debaixo do alqueire, mas sim em cima do candelabro, e assim
alumia a todos os que estão em casa. 16Assim brilhe a vossa luz diante dos homens, de modo
que, vendo as vossas boas obras, glorifiquem o vosso Pai, que está no Céu.» 17«Não penseis que vim revogar a
Lei ou os Profetas. Não vim revogá-los, mas levá-los à perfeição. 18Porque em verdade vos
digo: Até que passem o céu e a terra, não passará um só jota ou um só ápice da
Lei, sem que tudo se cumpra. 19Portanto,
se alguém violar um destes preceitos mais pequenos, e ensinar assim aos homens,
será o menor no Reino do Céu. Mas aquele que os praticar e ensinar, esse será
grande no Reino do Céu.
Dois provérbios, em
forma de parábolas definem, no nosso texto, a missão dos discípulos de Cristo:
sal e luz. Temperamos os alimentos com o sal: os discípulos hão de ser, no
mundo, como o sal que dá sabor, que preserva da corrução. No mundo judaico, a
metáfora do sal significava também a sabedoria. Os discípulos possuem a
sabedoria do Evangelho. Se, quimicamente falando, o sal não pode perder o
sabor, à força de se usado, pode deixar de salgar. Se a Palavra de Deus perdeu
a sua força no antigo Israel, tem de conservá-la no novo Israel, a Igreja.
A metáfora da luz
também se refere à Palavra. Jesus, que é a luz, tem a Palavra (Jo 8, 12.31s.;
14, 9-10). O mesmo se pode dizer dos discípulos de Cristo: são a luz do mundo (Fl
2, 15); são a cidade edificada sobre o monte (v. 14); têm a luz, a palavra de
Deus (Mc4, 21; Lc 8, 16; 11, 33).
Meditatio
Ao fazer memória dos
mártires e dos outros santos, a Igreja proclama o mistério pascal realizado
naqueles homens e mulheres que sofreram com Cristo e com Ele foram
glorificados, propondo aos fiéis os seus exemplos, que a todos atraem ao Pai
por Cristo, e implora, pelos seus méritos, os benefícios de Deus (cf CIC,
1173).
S. António de Lisboa,
que hoje celebramos, foi dotado de extraordinária preparação intelectual e de
grandes capacidades de comunicação. Com a sua sabedoria evangélica provocou
admiração, confundiu os hereges, converteu os pecadores. Com as suas virtudes e
milagres, fascinou o povo. Pregador itinerante, S. António incarnou o Evangelho
de Cristo, levando de cidade em cidade a sua paz, no estilo de uma vida
obediente à vontade de Deus, disponível para os incómodos e canseiras da
missão, e compassivo para todas as realidades humanas provados pelo sofrimento
em qualquer das suas muitas formas. Atribuía tudo ao poder da oração. O
testemunho de vida de S. António reflete a envolvente beleza de quem vive
permanentemente em íntima comunhão com Deus, unicamente impelido pelo desejo de
cumprir a sua vontade e de manifestar o seu imenso amor por todas as criaturas.
S. António, humilde e pobre, e, por isso mesmo, digno filho do Pobrezinho de
Assis, deixa transparecer os grandes prodígios de Deus: os milagres físicos e
espirituais que o Altíssimo realiza naqueles que confiam n´Ele, apoiados numa
fé quotidiana, autêntica e inabalável.
A luz e a criatividade
da Palavra escutada, meditada e rezada, produzem em S. António os frutos de uma
caridade incansável, paciente, sem preconceitos e tenaz diante das
dificuldades. O que mais anseia é anunciar a ternura de Deus, a sua bondade e a
infinita misericórdia com que nos revela o seu coração de Pai. S. António
alerta-nos para o essencial, para a amizade com Deus, fonte de todo o bem, da
paz e da alegria, que nada nem ninguém nos pode jamais tirar. Meditando na sua
vida, descobrimos as maravilhas da fidelidade de Deus, que segue com amor o
caminho de quem procura o seu rosto, tornando-o participante dos seus dons e
colaborador do seu projeto de vida sobre a humanidade.
Oratio
Grande santo, éreis
pelo vosso ardente amor a Nosso Senhor um santo do Sagrado Coração, ajudai-nos
a fazer reinar o Coração de Jesus nos nossos corações e na sociedade. (Leão
Dehon, OSP 3, p. 649).
Contemplatio
Santo António foi um
apóstolo do Coração de Jesus. A Providência não quis que chegasse a Marrocos,
foi lançado sobre as costas da Sicília. Vai aquecer ainda o seu coração junto
do de S. Francisco de Assis. O seu talento revela-se, fazem-no professor,
depois missionário. Ganha almas inumeráveis ao amor de Nosso Senhor. Foi, no
séc. XIII, diz o P. Marie-Antoine, o doutor e o escritor do Coração de Jesus.
Conduz sempre os seus ouvintes ao pensamento do amor, como objetivo final da
vida cristã, e é no Coração do Salvador que mostra a fonte e o trono deste
amor. Diz: «Sim, a ferida do lado de Jesus é um sol que ilumina todo o homem.
Pela abertura do Sagrado Coração foi aberta a porta do paraíso donde nos vem
toda a luz. É lá que está o asilo assegurado da arca da paz e da salvação. O
Salvador abriu o seu lado e o seu Coração à pomba, isto é, à alma religiosa, a
fim de que pudesse encontrar um lugar de refúgio. Sede como a pomba que
estabelece o seu ninho no mais profundo da pedra. Se Jesus Cristo é a pedra, a
cavidade da pedra é a chaga do lado de Jesus, que leva ao seu Coração. Havia na
antiga lei dois altares, o altar de bronze ou dos holocaustos, que estava fora
do santuário, e o altar de ouro do santuário mesmo. O altar de bronze da lei
nova é o corpo sangrento de Cristo imolado em presença do povo; o altar de ouro
é o seu Coração ardente de amor, e lá está o incenso que sobe para o céu». Os
seus sucessos eram maravilhosos. Se queremos ganhar almas para Nosso Senhor, é
preciso primeiro excitar-nos ao seu amor. O fervor do nosso coração
comunicar-se-á facilmente àqueles que estiverem em relação connosco.(Leão
Dehon, OSP 3, p. 649s.).
Actio
Repete muitas vezes e
vive hoje a palavra:
“Vós sois o sal da
terra. Vós sois a luz do mundo” (Mt 5, 13-14).
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S. António de Lisboa,
Presbítero e Doutor da Igreja (13 Junho)
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