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terça-feira, 7 de junho de 2016

A LEI E O ACOLHIMENTO COM AMOR – Maria de Lourdes Cury Macedo.


Domingo, 12 de junho de 2016.
Evangelho de Lc 7, 36-50.8,1-3


É muito comum no evangelho de Lucas, encontrarmos Jesus sentado à mesa com quem o convidasse para comer. Jesus aceita o convite de todos: ricos, pobres, pecadores, justos, dos que têm saúde e dos doentes, dos preocupados com as formalidades segundo o costume judeu. Jesus não faz diferença das pessoas. Jesus chega ser acusado de ser “comilão e beberrão, amigo dos cobradores de impostos e dos pecadores”. (Lc 7,34).
No evangelho de hoje, encontramos Jesus na casa de um fariseu importante, preocupado com os ritos, formalidades, etiquetas, chamado Simão. Jesus entrou na casa do fariseu Simão e sentou-se à mesa. Simão, como anfitrião tão cheio de regras não cumpriu com os preceitos da hospitalidade, oferecendo água para lavar os pés, pois naquele tempo andavam descalços ou de sandálias por caminhos empoeirados, e também não ungiu seus cabelos com perfumes. Simão acolheu Jesus de maneira fria, sem o calor humano de quem ama, de quem é bem-vindo em sua casa. Provavelmente, Simão convidou Jesus porque considerava-o um homem justo e grande mestre, assim poderia ter com ele alta conversa.
De repente, surge na sala, sem ser convidada, uma mulher de má vida, vida fácil ou pecadora, de condição social boa, com um vaso de alabastro (perfume) em suas mãos. Procurou Jesus entre os presentes e “colocou-se atrás de Jesus, junto a seus pés. Começou a chorar e com suas lágrimas lavava os pés de Jesus. Enxugava-os  depois com seus cabelos e, cobrindo-os de beijos, os ungia com o perfume.” Aquela mulher que não era dona da casa, nem sequer tinha sido convidada, fez os gestos de acolhida que Simão, o fariseu, não fez.
Jesus acolhe a mulher com tranquilidade, sem medo, sem nervosismo, ele aceita seu gesto de modo amigo, trata-a com respeito, sem receio do que pudessem pensar e falar dele.
         Quem era essa mulher? Ela conhecia Jesus? Já conversara com ele?
         Não sabemos seu nome, sabemos que era uma prostituta. Quem sabe ela já ouvira uma das pregações de Jesus e deixou-se tocar profundamente, arrependendo de seus enormes pecados. O certo é que ela sentiu o grande amor que Jesus tinha por todos, especialmente pelos pecadores, por ela, que tinha consciência do seu pecado. Provavelmente a mulher se sentiu acolhida, amada por Jesus e não desprezada como os outros faziam com ela. Percebeu em Jesus a misericórdia do Deus que perdoa. O amor de Deus precede o amor humano.  Deus ama, por isso perdoa. A culpa que trazia nos ombros era pesada e sentiu que Jesus poderia perdoá-la, aliviá-la do peso que carregava, pois Jesus era um Mestre diferente dos outros.
         Sentindo grande gratidão por Jesus, ela corajosamente entrou na casa do fariseu Simão, para se encontrar com Jesus. Ela sentiu o imenso amor que veio dele e queria demonstrar também o seu amor, sua gratidão. Quem muito foi amada e perdoada, muito amou.
         Simão não tem a mesma atitude de Jesus, duvida em seu pensamento que Jesus seria um profeta. Simão era um fariseu cumpridor da Lei, escravo da Lei, só que se achava perfeito, sem erros. Mas não havia nele nem amor, nem misericórdia, nem compaixão pelos fracos, pelos pecadores. O nome “fariseu” quer dizer separado, pois se achava puro, santo porque cumpria a Lei. Por se considerar santo, puro era separado dos pecadores, santo de um lado, pecador do outro.
         Simão conhecia a mulher, sabia quem era ela e pensava consigo mesmo: “Se este homem fosse profeta, saberia que a mulher que o toca é pecadora”. Os judeus supunham que profeta tinha o dom de adivinhar. Portanto, o fariseu concluiu que Jesus não é profeta, pois se deixa tocar por uma pecadora, para os judeus esse fato o tornaria impuro... Simão não reconhece em Jesus, que ele veio revelar a misericórdia de Deus. Se julga santo, piedoso, acredita que não precisa do perdão de Deus, vive encantado consigo mesmo por cumprir a Lei. Quem não sente necessidade do perdão de Deus, não é perdoado, se torna ingrato e se fecha ao amor de Deus.
Assim somos todos nós, temos uma dívida impagável com Deus. Só o amor infinito de Deus, revelado em Jesus, pode pagar a nossa dívida morrendo na cruz.
Jesus, sabendo o que Simão estava pensando não esperou o fariseu dizer nada, contou-lhe uma historiazinha que revelava o pensamento do fariseu Simão. Assim Jesus se apresenta como um verdadeiro profeta, o verdadeiro Messias, que Simão e seus companheiros não haviam reconhecido.
Jesus disse então ao fariseu: “Simão, tenho uma coisa para te dizer”. Simão respondeu: “Fala, mestre”!41“Certo credor tinha dois devedores; um lhe devia quinhentas moedas de prata, o outro cinquenta.42Como não tivessem com que pagar, o homem perdoou os dois. Qual deles o amará mais?” 43Simão respondeu: “Acho que é aquele ao qual perdoou mais”. Jesus lhe disse: “Tu julgaste corretamente”.
44Então Jesus virou-se para a mulher e disse a Simão: “Estás vendo esta mulher? Quando entrei em tua casa, tu não me ofereceste água para lavar os pés; ela, porém, banhou meus pés com lágrimas e enxugou-os com os cabelos. 45Tu não me deste o beijo de saudação; ela, porém, desde que entrei, não parou de beijar meus pés. 46Tu não derramaste óleo na minha cabeça; ela, porém, ungiu meus pés com perfume. 47Por esta razão, eu te declaro: os muitos pecados que ela cometeu estão perdoados porque ela mostrou muito amor. Aquele a quem se perdoa pouco mostra pouco amor”. 48E Jesus disse à mulher: “Teus pecados estão perdoados”.49Então, os convidados começaram a pensar: “Quem é este que até perdoa pecados?” 50Mas Jesus disse à mulher: “Tua fé te salvou. Vai em paz”.

Jesus quis dizer com essa história que o amor é a causa do perdão. E o perdão é por motivo de amor. Muito é perdoado a um devedor, só porque amou muito, e ele passa a amar mais ainda depois que lhe é perdoada a dívida.
O amor levou aquela pecadora arrependida a chorar publicamente suas faltas. Jesus lhe perdoou. E porque recebeu o perdão, ela passou a amar de verdade e com muita intensidade. Ela precisou muito da misericórdia e compaixão de Deus. E porque recebeu plena misericórdia, tinha razão de sobra para ser agradecida e amar intensamente a Jesus. A prostituta muito amou, por isso foram-lhe perdoados os muitos pecados e se tornou uma discípula de Jesus.
Esse evangelho termina mostrando que o grupo de discípulos de Jesus não era só de homens, mas havia mulheres, verdadeiras discípulas, que colaboravam muito com o grupo.
Somos imperfeitos, esse é o nosso estado normal de ser. A Lei de Deus nos orienta como viver, mas a Lei precisa de uma grande parcela de amor da nossa parte. Porque “a Lei é para o homem, e não o homem para a Lei.” Se não colocarmos amor, misericórdia, compaixão na Lei, ela não terá o resultado esperado por Deus, será uma Lei morta. Todos nós precisamos do amor, da misericórdia e da compreensão de Deus, porque não somos capazes de observar os mandamentos perfeitamente. Somos pecadores, vivemos num mundo de pecadores, por isso Jesus espera de nós solidariedade uns com os outros, com verdadeiro amor.
Ninguém é justificado pela Lei que não conseguimos cumprir corretamente e de forma perfeita, o que nos justifica é a fé em Jesus Cristo, o amor, a gratidão por ele ter morrido por nós. Nosso compromisso de cristãos é de formar comunidades guiadas pelas Leis e no amor de Deus. A Lei é para libertar e dar vida e não escravizar.
Não podemos nos tornar juízes dos outros, frios no relacionamento com nossos irmãos, agindo assim não enxergaremos a pessoa criada à imagem e semelhança de Deus, mas só a Lei. Precisamos ser como Jesus amar o outro, acolher, ter compaixão, porque se alguém está no erro, no pecado, longe de Deus, ela precisa de conversão, e para se converter precisa do nosso imenso amor.
Pensemos com sinceridade: - nas nossas comunidades como tratamos os pecadores? – Acolhemos ou rejeitamos? – Como nós nos comportamos diante deles: como Jesus ou como Simão? – Nos achamos perfeitos e só os outros são pecadores?

Abraços em Cristo

Maria de Lourdes


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