FESTA DA TRANSFIGURAÇÃO DO
SENHOR – 06/08/2013
1ª Leitura Daniel 7, 9-10.13
ou 2Pedro 1,16-19
Salmo 96 (97) 1a 9 a “O Senhor Reina! Vós, Senhor,
sois o
soberano de toda a terra”
Evangelho Marcos 9, 2-10
Nem tudo o que reluz é ouro – Lembro-me bem deste provérbio que
finalizava uma história no meu livro do antigo primário, ensinando-nos que
nesta vida confundimos muita coisa com ouro valioso, mas que no fundo não
passam de simples bijuteria. Há pessoas que passam esta vida correndo atrás de
quinquilharias, sem nunca descobrir o tesouro que Deus quer nos dar.
Os apóstolos pensavam que o Reino que Jesus havia implantado, era igual
aos reinos deste mundo, e que ele seria um Rei muito rico e poderoso que iria
dominar a todas as nações fazendo de Israel a mais importante de todas as
nações da terra. Eles tinham muitos planos em seus corações e mentes, por causa
de serem seguidores de Jesus, que naquele momento estava desacreditado, mas que
em um futuro bem perto iria manifestar toda a sua força e poder. Muitas vezes
como os apóstolos, buscamos um Jesus que atenda as nossas necessidades e
realize os nossos sonhos neste mundo, essa fé tão distorcida nos impede de
conhecer realmente quem é Jesus e para onde a sua graça nos leva.
Podemos afirmar que esta narrativa da transfiguração do Senhor está no
coração do evangelho de Marcos porque se trata de um momento de profunda
comunhão dos discípulos com Jesus, que, ao transfigurar-se diante deles os introduz
no mistério de Deus, que por sua vez revela quem é Jesus: O filho amado do Pai!
Ele não é simplesmente um profeta poderoso na linha de Elias, que foi
arrebatado ao céu, nem um Líder como Moisés, principal protagonista da
libertação do Povo da escravidão do Egito, esses dois personagens que aparecem
ao lado de Jesus naquele momento, representam todo o antigo testamento que
preparou o coração dos homens para o tempo da plenitude inaugurado por Jesus.
Quando a voz se fez ouvir do meio da nuvem que os envolveu, os
discípulos olharam e só viram a Jesus, que estava sozinho. As escrituras
antigas apontam para Jesus, pois nele Deus irá falar diretamente aos homens,
sem intermediários.
Pedro queria construir três tendas, uma para Jesus, outra para Moisés e
outra para Elias, que estavam ali no monte Tabor onde poderia ser instalado o
QG do grupo, de onde partiriam as ordens dadas por eles. Fazer tendas significa
acomodar-se e interromper a caminhada porque já se alcançou o objetivo. Na
verdade o apóstolo não sabia bem o que estava falando pois o Reino de Deus requer planejamento e não se pode queimar
etapas. Jesus transfigurado, tendo Moisés e Elias ao seu lado, era tudo o que
Pedro queria, não precisaria enfrentar as cruzes do caminho, nem tribulações ou
desencantos, sofrimentos e tribulações, o Reino já chegara e era uma realidade
bem ali diante dele.
A humanidade toda iria se render à força do Reino de Cristo! Mas o
brilho que seus olhos iriam contemplar no alto do monte, não seria do ouro e
nem da prata com que talvez sonhasse mas à luz de Deus presente em Jesus, algo
nunca visto, suas vestes ficaram brancas , de uma brancura jamais vista.
No Cristo transfigurado e proclamado solenemente Filho amado do Pai,
descobrimos o nosso destino, Deus nos quer transfigurados, com vestes brancas
resplandecentes, envolvidos pela sua Santidade que em Jesus eles nos dá.
Somos uma multidão de filhas e filhos amados do Pai que já participamos
da vida de Deus ainda neste mundo, que um dia chegará para nós em plenitude.
Jesus antecipou a glória que o envolveria na ressurreição, porém, nunca
escondeu o que viria antes: a cruz da rejeição, o sofrimento e a paixão no
calvário, e a morte na cruz. É disso que Pedro quer fugir ao construir as três
tendas, é isso que às vezes nos causa angústia e medo.
Compreender a cruz e aceitar o calvário de cada dia, percorrer os
caminhos desta vida que parecem tortuosos, mas sem tirar o olhar da glória
Futura, como o profeta Daniel na primeira leitura dessa liturgia, pois na
perspectiva da ressurreição vivemos esta vida em uma Igreja que não se
fundamenta em fábulas ou lendas, mas sim no relato do apóstolo Pedro, segunda
leitura desse domingo, que foi testemunha ocular do Cristo Transfigurado, que
segundo ele, fez clarear o dia e nascer a estrela da manhã em nossos corações
antes envolvido pelas trevas do pecado.
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