Bom dia!
Imagino o quanto Jesus era questionado ou indagado pelos mestres e
doutores da lei. Sua sabedoria deixava bem clara o quanto era superior a de
Salomão. Os fariseus sabiam disso e talvez como um dia a sabedoria de Salomão
foi traída por seu humano, testavam Jesus para ver até onde podia ir sem
tropeçar em suas palavras.
Quantas vezes nossas palavras não acompanharam nossos atos e nem foi
preciso sermos questionados para o tropeço. Acho profundamente interessante
nossa humanidade: recebemos o perdão no ato penitencial, mas nossos pensamentos
e nossa boca já nos traem antes da benção final da missa. Se isso é verdade
também na sua vida, seria verdade então que não temos mais solução? Será que
Deus estaria investido em vão numa criatura que não consegue ficar uma hora
completa sem pecar?
NÃO! É verdade que somos frágeis, mas é intrigante a determinação de
Deus em nos oportunizar uma nova chance de remissão. E estranhamente uma
criatura tão propensa ao erro, ao buscar a verdade através da fé, mesmo do
tamanho de um grão de mostarda, conseguiria mover montanhas.
“(…) Em verdade, em verdade, vos digo: quem crê em mim fará as obras que
eu faço, e fará ainda maiores do que estas. Pois eu vou para o Pai”. (João 14,
12)
Paulo um dia mencionou que conseguia encontrar muita força na fraqueza e
que precisamos diferenciar bem o fato que essa fragilidade era NO RECONHECER a
sua (nossa) própria impotência em meio às dificuldades e não uma fragilidade
sinônimo de pecado.
A comparação feita com Nínive é muito providencial, pois ela era a
cidade capital do império assírio. Como pôde então um povo pagão e descrente
mudar, mesmo por medo e por um instante, se render a imensidão de Deus e
pessoas ditas “doutoras” da lei não conseguir ver que a frente dos seus olhos
estava à própria razão de se sonhar descrita no livro de Isaias?
Jesus não desejava fazer milagres para se auto-promover, na verdade fica
bem claro que Ele desejava a descoberta individual, prova é que todos aqueles
que o descobriam como o Filho de Deus, solicitava silêncio e pouco alarde.
Elias um dia entendeu que o reino de Deus viria numa brisa suave e não no
vendaval
“(…) O Senhor desse-lhe: Sai e conserva-te em cima do monte na presença
do Senhor: ele vai passar. Nesse momento passou diante do Senhor um vento
impetuoso e violento, que fendia as montanhas e quebrava os rochedos; mas o
Senhor não estava naquele vento. Depois do vento, a terra tremeu; mas o Senhor
não estava no tremor de terra. Passado o tremor de terra, acendeu-se um fogo;
mas o Senhor não estava no fogo. Depois do fogo ouviu-se o murmúrio de uma
brisa ligeira”. (I Reis 19, 11-12)
No começo da caminhada (coisa de jovem) me perguntava por que tanta
gente na igreja fala errado ou com certa dificuldade em se expressar ou na
quantidade de gente que serve a Deus e suas vidas fora da igreja não são nenhum
modelo de perfeição… Aos poucos a gente vai entendendo que os sábios querem
sempre entender aquilo que os simples já sabem.
Os simples, como Nínive, se cobrem de cinzas. Reconhecem suas
limitações, sabem seus erros, buscam a reparação através do trabalho e da
caridade. Desses irmãos nossas comunidades estão repleta e muitos tijolos de
nossas igrejas foram colocados pelo suor deles. Muitos a idade os tornou
ranzinzas, rabugentos e até mesmos chatos.
São como os bancos velhos da igreja que o tempo já os faz ranger por
qualquer coisa. Pela idade são colocados no fundo da igreja, pois novos
naturalmente tomaram os seus lugares à frente, mas algo o novo ainda não
conseguiu superar o antigo: bancos velhos são os primeiros que entram em
igrejas novas.
Ano após ano recebem pregos e tábuas novas e estão novamente prontos
para um novo ano litúrgico. Bancos novos ainda precisam secar sua madeira e
parar de empenar. Ainda receberão muitas plainadas e marteladas da vida. Bancos
novos veem os milagres de perto, mas são os bancos velhos que conhecem a
história do milagre. O banco velho viu o batizado daquele que anos após viria a
ser curado.
A todos bancos velhos e velhas que já não se prendem nos milagres para
crer, minha singela homenagem e admiração. Deus os abençoe enquanto eu ainda
levo minhas marteladas.
Escrevi esse texto ano passado, mas ainda é muito válido.
Um imenso abraço fraterno.
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