SEGUNDA
FEIRA DA 18ª SEMANA DO TC 05/08/2013
1ª
Leitura Números 11,4b-15
Salmo
80(81),2ª “Exultai em Deus, nosso protetor”
Evangelho
Mateus 14,13-21
Confesso
que quando reflito este evangelho, conhecido como da multiplicação dos pães,
fico intrigado com algo bem simples: o milagre poderia ser muito mais
espetacular, se Jesus tivesse mandado as pessoas sentarem-se em grupos, e
depois, ao fazer o ritual da benção, os pães e os peixinhos, aparecessem como
em um passe de mágica, na mão das pessoas, surgindo do nada. Mas neste milagre
há uma palavra chave, de significado muito profundo, trata-se do milagre da
multiplicação... Deus criou tudo do nada, diz o livro do Gênesis, mas quando se
trata do pão, ele faz questão de multiplicar.
Alguém
cedeu o seu lanche, fazendo parceria com Jesus, no ato prodigioso! Mateus nos
dá a entender que esse alimento pertencia aos próprios discípulos “Só temos
aqui, cinco pães e dois peixes”. A fome da multidão é muito maior do aquilo que
podemos dar, será sempre assim, o que temos para dar é muito pouco, para
resolver o problema da família, da comunidade, os problemas sociais, a
violência, as drogas, o desamparo aos idosos, as crianças pobres, as tristezas
do outro, a depressão do irmão, suas angústias e desgraças, doenças e mortes, a
idade avançada, diante de tudo isso, a gente até se comove, mas justificamos
com aquele pensamento tão nefasto: Sinto muito, nada posso fazer!
Por
que dizemos isso, em tantas situações da nossa vida, diante de um irmão que
sofre, que chora, que se desespera? Porque não confiamos no que temos, por
acharmos muito pouco, vamos ter de nos separar, vou ter de abortar, vou ter de
me omitir, vou ter que ficar quieto, nos sentimos impotentes, sem força alguma
para mudar a situação, se tivéssemos muito, se tivéssemos poder, se fôssemos
respeitados, se estivéssemos no comando, seu fossemos ricos, ah! Tudo seria
diferente... Daríamos um jeito nessa situação, resolvendo o problema.
Mas,como
nada somos ,e ainda termos tão pouco, é melhor ficar no velho e conhecido “cada
um por si, Deus por todos”, queremos sempre despedir as pessoas para que cada
uma se vire do seu jeito. É o comodismo e o egoísmo, que domina este mundo da
nossa modernidade onde o espírito consumista afirma que, somente quem tem
muito, consome muito, pode realizar sonhos e projetos de vida. Jesus desmonta
este esquema mesquinho e centralizador, que concentra a riqueza material, nas
mãos de uma minoria.
Dai-lhes
vós mesmos de comer, eles não precisam ir embora! Após a oração de graças e a
benção, começa a ocorrer o milagre: os discípulos começam a distribuir aquele
pouco que têm, às multidões. Nos projetos e empreendimentos humanos, quem mais
tem é que decide o que fazer só quem tem muito, poderá fazer grandes coisas, no
projeto de Jesus a palavra de ordem é partilhar, mesmo que seja o pouco,
acreditando que esse pouco, para o próximo vai ser muito.
O
milagre, portanto, não está na quantia de pães e peixes, mas no gesto de
partilhar, acreditando que naquele momento, o pouco que eu posso dar ou fazer,
é exatamente tudo o que o meu próximo precisa. Nesse sentido, os cinco pães e
dois peixinhos desse evangelho, pode ser um simples sorriso, dado a quem está
triste, um abraço, um beijo ou um aperto de mão, em quem está sofrendo alguma
dor, uma mão no ombro de quem está desanimado, uma palavrinha de consolo a quem
chora, uma palavra de coragem a quem perdeu a vontade de viver. E pronto, está
feito o milagre!
“Você
não sabe como foi importante para mim, a sua presença, o seu gesto, naquela
hora!” Todos nós já escutamos esta frase, entretanto o que demos ou fizemos foi
tão pouco e parecia tão insignificante. Chegamos ao ponto chave da reflexão,
quando acreditarmos na força do nosso “pouco“, iremos conseguir mudanças
prodigiosas na família, na comunidade e na sociedade, mas não precisa ficar
cobrando para que o outro faça a sua parte, um gesto de partilha já é por si
suficiente, para promover grandes mudanças, para transformar a miséria em fartura,
pois quando dizemos – eu já fiz a minha parte, espero que cada um faça a sua,
estamos nos colocando acima das outras pessoas e, portanto no direito de
cobrar, e se seguíssemos essas lógica, ditada pelo orgulho e a prepotência,
estaríamos perdidos diante de Jesus, que nos ama sempre com um amor sem
medidas, sem nunca nos cobrar.
Dos
pedaços que sobraram encheram-se doze cestos, e a multidão ficou saciada, o
projeto de Jesus de Nazaré parecia tão pouco e ridículo diante da grandeza do
Messianismo, sonhado e esperado pelos seus compatriotas, entretanto, a graça
que nasceu da Salvação, libertou não só a Israel, mas a todas as nações da
terra. Há alguém faminto ao seu lado, de uma fome que vai bem além do estomago
vazio, ofereça o seu “pouquinho” com alegria, e creia nesse milagre!
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