2 de Agosto de 2013 - Sexta - Evangelho
- Mt 13,54-58
Não é ele o filho do carpinteiro?
Hoje é o Dia do Trabalhador e a festa de S. José Operário. Parabéns a
você, trabalhador ou trabalhadora, pelo seu dia! O Evangelho narra que Jesus
ensinava na sinagoga de Nazaré, de modo que os ouvintes ficavam admirados. E
comentavam entre si: “De onde lhe vem essa sabedoria e esses milagres? Não é
ele o filho do carpinteiro?” Isso mostra que S. José era um profissional, um
homem que amava o trabalho, amava tanto que era conhecido na cidade como “O
carpinteiro”. Ele passou a vida toda fabricando ou consertando móveis
domésticos. E mostra também que os ouvintes tinham preconceito contra a
profissão de carpinteiro, que era uma profissão humilde e de gente pobre.
É idêntico ao preconceito que muitos têm hoje contra o povo da roça,
chamando-os de caipiras, roceiros, matutos etc. Sendo que são eles que plantam
e colhem os alimentos que todos os dias vêm à nossa mesa.
Queremos celebrar hoje todos os trabalhadores e trabalhadoras, sem
exceção. Do lixeiro ao prefeito da cidade, da professora à empregada doméstica,
e na roça, do dono da terra ao último peão.
Homenageamos S. José, carpinteiro, Maria, a esposa e dona de casa, e
Jesus que também exercia, junto com o pai, a profissão de carpinteiro. E
depois, na vida pública, continuou trabalhando, pois a atividade missionária é
também trabalho. Isso mostra que a Família de Nazaré, colocada por Deus como
nosso modelo, era uma família de trabalhadores. Maria Santíssima, além do seu
trabalho em casa, ainda encontrava tempo para ajudar as pessoas, como a sua
prima Isabel, os noivos de Caná etc.
Deus trabalha, como vemos na Bíblia: “No princípio, Deus criou o céu e a
terra. A terra estava deserta e vazia e as trevas cobriam o abismo... Deus
disse: ‘Faça-se a luz’...” (Gn 1,1-3). E quando Deus criou o homem e a mulher,
disse-lhes: “Sede fecundos e multiplicai-vos, enchei a terra e submetei-a!
Dominai sobre os peixes do mar, as aves do céu...” (Gn 1,28). “Quem não quer
trabalhar também não coma” (2Ts 3,10).
O trabalho, além de garantir o sustento nosso e da nossa família, nos
dignifica, nos realiza e desenvolve as nossas qualidades. O trabalho afasta as
tentações.
O trabalho é uma bênção de Deus. Poder trabalhar é poder servir.
“Descubra a felicidade de servir”. Quem tem fé gosta de trabalhar, pois a fé
sem obras é morta. Nós, que recebemos tanto da família e da sociedade,
precisamos ajudá-las também, através do nosso trabalho.
A sociedade deve ser organizada de tal modo que todos tenham
oportunidade de trabalhar. O desemprego é um pecado social. É triste ver filas
enormes de pretendentes ao um trabalho, filas desproporcionais ao número de
vagas. Precisamos unir esforços para que haja reforma agrária e que os
trabalhadores da cidade sejam capacitados para o serviço que exercem. A
organização de cooperativas e de sindicatos são excelentes recursos que os
trabalhadores têm em mãos para conquistar seus direitos.
E queremos que haja justiça no trabalho. Que não haja desemprego nem
trabalho informal, pois todos têm direito aos benefícios das leis trabalhistas.
Quanto aos trabalhadores, que sejam honestos e dignos de confiança. “Quem
madruga Deus ajuda”.
Quem sabe, nós também possamos, além da nossa luta diária, colaborar um
pouco na nossa Comunidade cristã. Nós sairemos ganhando e a Comunidade também.
Certa vez, um padre comprou uma chácara e contratou um chacareiro que
foi morar nela com a sua família. Um dia, o padre pediu a amigo seu agrônomo
que fosse lá dar umas orientações ao chacareiro.
Dias depois, o padre foi à chácara. Logo que encontrou o chacareiro,
perguntou-lhe: “O meu amigo agrônomo veio aqui?” O chacareiro fez uma cara
ruim, virou de lado o rosto e disse: “Veio”. Depois voltou o rosto para o padre
e disse com firmeza: “Sr. padre, cuidado com esse pessoal que estuda muito;
eles não entendem nada!”
Precisamos fazer o contrário daquele chacareiro: não só aceitar
orientações de profissionais, mas estudar e nos aperfeiçoar sempre, a fim de
melhorar o nosso trabalho.
S. José operário, rogai por nós!
Não é ele o filho do carpinteiro?
Padre Queiroz
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