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sábado, 27 de julho de 2013

Não é ele o filho do carpinteiro? Padre Queiroz

2 de Agosto de 2013 - Sexta - Evangelho - Mt 13,54-58

Não é ele o filho do carpinteiro?
Hoje é o Dia do Trabalhador e a festa de S. José Operário. Parabéns a você, trabalhador ou trabalhadora, pelo seu dia! O Evangelho narra que Jesus ensinava na sinagoga de Nazaré, de modo que os ouvintes ficavam admirados. E comentavam entre si: “De onde lhe vem essa sabedoria e esses milagres? Não é ele o filho do carpinteiro?” Isso mostra que S. José era um profissional, um homem que amava o trabalho, amava tanto que era conhecido na cidade como “O carpinteiro”. Ele passou a vida toda fabricando ou consertando móveis domésticos. E mostra também que os ouvintes tinham preconceito contra a profissão de carpinteiro, que era uma profissão humilde e de gente pobre.
É idêntico ao preconceito que muitos têm hoje contra o povo da roça, chamando-os de caipiras, roceiros, matutos etc. Sendo que são eles que plantam e colhem os alimentos que todos os dias vêm à nossa mesa.
Queremos celebrar hoje todos os trabalhadores e trabalhadoras, sem exceção. Do lixeiro ao prefeito da cidade, da professora à empregada doméstica, e na roça, do dono da terra ao último peão.
Homenageamos S. José, carpinteiro, Maria, a esposa e dona de casa, e Jesus que também exercia, junto com o pai, a profissão de carpinteiro. E depois, na vida pública, continuou trabalhando, pois a atividade missionária é também trabalho. Isso mostra que a Família de Nazaré, colocada por Deus como nosso modelo, era uma família de trabalhadores. Maria Santíssima, além do seu trabalho em casa, ainda encontrava tempo para ajudar as pessoas, como a sua prima Isabel, os noivos de Caná etc.
Deus trabalha, como vemos na Bíblia: “No princípio, Deus criou o céu e a terra. A terra estava deserta e vazia e as trevas cobriam o abismo... Deus disse: ‘Faça-se a luz’...” (Gn 1,1-3). E quando Deus criou o homem e a mulher, disse-lhes: “Sede fecundos e multiplicai-vos, enchei a terra e submetei-a! Dominai sobre os peixes do mar, as aves do céu...” (Gn 1,28). “Quem não quer trabalhar também não coma” (2Ts 3,10).
O trabalho, além de garantir o sustento nosso e da nossa família, nos dignifica, nos realiza e desenvolve as nossas qualidades. O trabalho afasta as tentações.
O trabalho é uma bênção de Deus. Poder trabalhar é poder servir. “Descubra a felicidade de servir”. Quem tem fé gosta de trabalhar, pois a fé sem obras é morta. Nós, que recebemos tanto da família e da sociedade, precisamos ajudá-las também, através do nosso trabalho.
A sociedade deve ser organizada de tal modo que todos tenham oportunidade de trabalhar. O desemprego é um pecado social. É triste ver filas enormes de pretendentes ao um trabalho, filas desproporcionais ao número de vagas. Precisamos unir esforços para que haja reforma agrária e que os trabalhadores da cidade sejam capacitados para o serviço que exercem. A organização de cooperativas e de sindicatos são excelentes recursos que os trabalhadores têm em mãos para conquistar seus direitos.
E queremos que haja justiça no trabalho. Que não haja desemprego nem trabalho informal, pois todos têm direito aos benefícios das leis trabalhistas. Quanto aos trabalhadores, que sejam honestos e dignos de confiança. “Quem madruga Deus ajuda”.
Quem sabe, nós também possamos, além da nossa luta diária, colaborar um pouco na nossa Comunidade cristã. Nós sairemos ganhando e a Comunidade também.
Certa vez, um padre comprou uma chácara e contratou um chacareiro que foi morar nela com a sua família. Um dia, o padre pediu a amigo seu agrônomo que fosse lá dar umas orientações ao chacareiro.
Dias depois, o padre foi à chácara. Logo que encontrou o chacareiro, perguntou-lhe: “O meu amigo agrônomo veio aqui?” O chacareiro fez uma cara ruim, virou de lado o rosto e disse: “Veio”. Depois voltou o rosto para o padre e disse com firmeza: “Sr. padre, cuidado com esse pessoal que estuda muito; eles não entendem nada!”
Precisamos fazer o contrário daquele chacareiro: não só aceitar orientações de profissionais, mas estudar e nos aperfeiçoar sempre, a fim de melhorar o nosso trabalho.
S. José operário, rogai por nós!
Não é ele o filho do carpinteiro?

Padre Queiroz

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