Padre Queiroz
Evangelho - Mt 20,17-28
Este
Evangelho traz para nós a declaração clara que Jesus fez aos seus discípulos
sobre tudo o que ia acontecer com ele em Jerusalém: as acusações falsas, as
torturas e a morte. Isso para que eles não tivessem ilusões a respeito do
Mestre que seguiam.
Apesar
disso, a mãe dos Apóstolos João e Tiago, fez a Jesus o seguinte pedido:
"Manda que estes meus dois filhos se sentem, no teu Reino, um à tua
direita e outro à tua esquerda!" Era um desejo de honra, que a mãe e os
dois filhos tinham. E o Evangelho fala que os outros dez, ao ouvirem isso,
ficaram irritados contra João e Tiago. Sinal que o mesmo desejo estava no
coração de todos os doze: viam a participação no Reino de Deus como espaço para
honras, glórias e destaque sobre os que não participavam.
Esse era o
pensamento de todos os judeus a respeito do Reino de Deus; esperavam um Messias
político, com poder e Reino temporal. Essa idéia estava também nos doze. Por
isso lhes escapou completamente o que Jesus lhes acabara de anunciar sobre a
sua paixão e morte humilhantes, embora coroadas com a glória da ressurreição.
De fato, depois do que Jesus falou, não tinha cabimento pedir honras nesse
Reino do Messias. Mas eles não haviam entendido nada, e o seu pensamento estava
todo voltado para a ambição. Teriam, portanto, de aprender ainda muito.
Jesus não
perde a oportunidade para catequizar os doze, futuros guias e pilares da
Igreja: "Quer quiser tornar-se grande, torne-se vosso servidor; quem
quiser ser o primeiro, seja vosso servo".
Na
Comunidade cristã, a autoridade, e mesmo a fraternidade, devem ser sinônimos de
serviço. No grupo dos seguidores de Cristo, não tem cabimento o domínio, o
autoritarismo, a ambição e o desejo de poder. Isso fica para os "chefes
das nações" e seus grupos.
Na verdade,
Jesus não condena a autoridade nem o desejo de ser o primeiro; o que ele faz é
inverter o modo de exercer a autoridade e de ser o primeiro, passando de
dominar os subordinados para servi-los. A própria sociedade civil tem esse
desejo, que está incrustado na palavra democracia, que significa governo do
povo pelo próprio povo.
E Jesus apresenta como exemplo a si
mesmo: "Pois o Filho do Homem não veio para servido, mas para
servir". Quando participamos da Eucaristia e recebemos a Comunhão, estamos
assumindo em nós a vida de Cristo, os seus critérios e este seu modo de viver
em sociedade, na esperança de chegarmos assim à ressurreição.
Campanha da
fraternidade. A sociedade é fruto da descoberta do homem de que, sozinho, não
consegue satisfazer suas necessidades: alimentação, vestuário, moradia etc).
Mas o acúmulo de bens gera relações de poder e manipulação de pessoas, e o bem
pessoal é tido como mais importante que o bem comum. Assim, a convivência ficou
perigosa, pois o "outro" passou a significar ameaça à satisfação dos
interesses individuais.
A sociedade
tornou-se insegura, tanto em relação a outros grupos sociais a ameaça externa –
como em relação à convivência de seus próprios membros – ameaça interna.
Existem inúmeros bairros de cidades grandes no Brasil em que padarias e
mercadinhos têm grades na frente e os objetos são vendidos pelos buracos das
grades. Mas há pessoas que rompem esse medo e até saem de casa deixando sua
casa aberta.
Havia,
certa vez, dois burrinhos que estavam amarrados um ao outro por uma corda. Eles
estavam num curral, no qual havia dois feixes de capim.
Mas a
distância entre os feixes era maior que a corda! Então eles ficavam forçando a
corda, cada um querendo se aproximar do seu feixe de capim.
Até que,
cansados, resolveram juntos comer um dos feixes e depois, também juntos, comer
o segundo feixe.
É
preferível o bom, unidos, do que o ótimo, desunidos. É a humildade que nos leva
a trabalhar juntos, formando equipes, pastorais e ministérios. E é nas reuniões
que planejamos a nossa caminhada juntos.
Nós não
somos mais fortes que Jesus, que gemeu no Jardim das Oliveiras. Que Maria
Santíssima nos ajude a seguir o seu Filho integralmente.
Eles o condenarão à morte.
Padre Queiroz
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