6 de Agosto de 2013 - Terça - Evangelho
- Lc 9,28b-36
Enquanto Jesus rezava, seu rosto mudou de aparência.
Hoje é o segundo domingo da quaresma. O Evangelho narra a transfiguração
de Jesus. Esta maravilhosa cena nos mostra como Jesus está lá no céu. Também
Maria Santíssima e os santos. E mostra ainda como nós estaremos lá no céu.
Logo antes, Jesus havia dito aos discípulos: “Se alguém quer vir após
mim, renuncie a si mesmo, tome sua cruz, cada dia, e siga-me” (Lc 9,23). Jesus
estava sofrendo fortes críticas e humilhações. Eles estavam caminhando para
Jerusalém, onde o próprio Jesus havia adiantado que seria preso e condenado à
morte. Tudo isso causou uma enorme decepção e desânimo nos discípulos. A
transfiguração veio dar-lhes ânimo e esperança. Que pelo menos eles
permanecessem firmes na fé, durante a paixão de Jesus.
“Este é o meu Filho, o escolhido. Escutai o que ele diz.” Deus Pai quis
dizer aos discípulos, e a nós, que tudo o que Jesus falou e fez, ele assina em
baixo. O apoio que Jesus recebeu foi pesado. Veio de Deus Pai e dos dois
principais líderes do Antigo Testamento: Moisés e Elias. Eles representam o
Antigo Testamento: A Lei (Moisés) e os profetas (Elias). A Boa Nova de Jesus
veio em continuidade ao Antigo Testamento.
“Jesus levou consigo Pedro, Tiago e João, e subiu à montanha para orar.
Enquanto rezava, seu rosto mudou de aparência...” Quando rezamos, Deus vem nos
socorrer, e a sua ajuda é sempre apropriada e eficaz. A transfiguração de
Jesus, antecipada por alguns instantes, como fruto da oração, mostrou aos
discípulos a sua glória, e também a glória futura deles, se permanecerem fiéis
naqueles momentos de crise.
Quando rezamos, Deus sempre vem e resolve os nossos problemas, sejam
eles quais forem, mesmo que seja o desânimo na fé. Se rezarmos na hora de uma
crise, recuperaremos a nossa identidade. O encontro pessoal e suplicante com
Deus nos reabilita, nos reintegra na Comunidade. A oração pode ser individual
ou comunitária, mental ou vocal, espontânea ou já feita, como os Salmos, o
Terço, os cantos. O Pai Nosso é a oração por excelência. Depois dele vem a Ave
Maria e o Glória ao Pai. Os cristãos costumam rezar essas três orações juntas.
“Sua roupa ficou muito branca e brilhante”. Isso mostra-nos que a
natureza também deve ser transfigurada. Portanto, a nossa missão de
transfiguradores do mundo é muito ampla.
Somos chamados a ir, aos poucos, vencendo o pecado, que nos desfigura, e
ir nos transfigurando através da prática das virtudes e das boas obras, e
também transfigurando o mundo.
“Pedro disse a Jesus: Mestre, é bom estarmos aqui. Vamos fazer três tendas...”
Precisamos intercalar oração e ação. Não podemos fazer tendas, como queria
Pedro, e instalar-nos na montanha, permanecer sempre lá. Na planície, lá em
baixo, há pessoas precisando de nós. A transfiguração foi uma pequena
antecipação do céu. Mas os discípulos ainda tinham uma longa caminhada na
terra, a fim de implantar o Reino de Deus, que é de verdade, de justiça, de
graça, de amor e de paz para todos. Em outras palavras, os discípulos de Jesus,
de ontem e de hoje, são os transfiguradores do mundo.
“Apareceu uma nuvem que os cobriu com sua sombra.” É aquela mesma nuvem
que aparece várias vezes na Bíblia. Ela indica a presença da divindade e, ao
mesmo tempo, oculta o mistério de Deus. É assim que acontece conosco; o normal
aqui na terra é a vida na nuvem.
O recado vale também para nós, pois a Igreja Católica é Jesus continuado
hoje no mundo. Precisamos acreditar nela. Por exemplo, agora nas eleições,
colocar os critérios da Santa Igreja em primeiro lugar.
“Os discípulos ficaram com medo ao entrarem dentro da nuvem.” A
manifestação da divindade nos assusta. Foi por isso que Jesus não se
transfigurou diante de todos os Apóstolos, e muito menos diante do povo.
Infelizmente nós não sabemos relacionar-nos com Deus, o que devia ser natural.
Vivemos sozinhos e, quando Deus se manifesta, ficamos assustados.
O pecado nos desfigura, mas a força da Redenção é maior. Tanto que
podemos cantar: “Ó feliz culpa, que mereceu tão grande Salvador” (Primeiro
cântico da Missa da Vigília Pascal).
O manual da Campanha da Fraternidade nos traz a seguinte historinha:
Certa vez, um príncipe foi salvo por dois camponeses de aldeias
próximas. Agradecido, deu a cada camponês um saco de sementes especiais, quase
mágicas, que garantiriam grande produção.
Muitos anos depois, já coroado rei, voltou às aldeias para ver o
resultado de sua oferta. O primeiro camponês era agora rico, dono de uma grande
fazenda, mas vivia assustado, cercado de arame farpado e guardas, numa aldeia
sem recursos, no meio da miséria dos vizinhos.
A segunda aldeia ele quase não reconheceu. Era agora uma comunidade
maravilhosa, com boas escolas, estradas para escoar a produção, hospital,
saneamento... uma beleza! É que o segundo camponês optou por partilhar com os
vizinhos as magníficas sementes que recebera.
Nesta historinha, aparecem direitinho as duas maneiras de usar o
dinheiro: conforme o plano de Deus e contra esse plano. Devemos fazer do
dinheiro um agente de transfiguração, não de desfiguração.
A economia a serviço da vida. “Vocês não podem servir a Deus e ao
dinheiro” (Mt 6,24).
Maria Santíssima nunca foi desfigurada pelo pecado. E ela é, depois de
Jesus, a maior agente de transfiguração do mundo. Santa Maria, rogai por nós!
Enquanto Jesus rezava, seu rosto mudou de aparência.
Padre Queiroz
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