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Dezembro 2020
Tempo do Advento Terceira Semana - Terça-feira
Lectio
Primeira leitura: Sofonias 3, 1-2. 9-13
Eis o que diz o Senhor:1 Ai da cidade rebelde,
manchada e opressora! 2*Ela não ouviu o apelo, nem aceitou o aviso; não confiou
no SENHOR, nem se aproximou do seu Deus.
9*Então, darei aos povos lábios puros, para que todos possam invocar o nome do
SENHOR e servi-lo de comum acordo. 1 O Da outra banda dos rios da Etiópia, os
meus adoradores dispersos virão trazer-me ofertas. 11 *Naquele dia, não te
envergonharás dos pecados que cometeste contra mim, porque exterminarei do meio
de ti os orgulhosos e os arrogantes; e cessarás de te orgulhar na minha
montanha santa.12 Deixarei subsistir no meio de ti um povo pobre e humilde;
eles procurarão refúgio no nome do SENHOR. 13 O resto de Israel não cometerá
mais a iniquidade nem proferirá mentiras; não se achará mais na sua boca uma
língua enganadora. Eles apascentarão e repousarão sem que ninguém os inquiete.
O texto que escutamos hoje abre com uma
invectiva contra os chefes das nações que, em vez de cuidar da fé do povo,
apenas se preocupam com os seus interesses. Mas chega logo uma palavra de
esperança: a purificação dos povos e de Jerusalém tem por finalidade a alegria
messiânica e a reunião dos dispersos. A purificação dos povos pagãos (v. 9),
que abandonam os ídolos para se voltarem para o Senhor, exprime a expectativa
profética de uma profunda renovação da humanidade, realizada pelo Senhor.
A renovação anunciada consiste na conversão do
coração humano, manifestada no acolhimento da lei divina, no culto do
verdadeiro Deus. Essa transformação acontecerá, em primeiro lugar, no povo de
Deus, que será purificado do orgulho que o leva a pretender ocupar o lugar de
Deus (v. 11). O povo, no tempo da salvação, não passará de um «resto (v. 13),
isto é, de um grupo politicamente frágil e culturalmente irrelevante e
desprezado, que não poderá presumir das suas forças, mas que experimentará o
repouso e a paz gratuitamente oferecidos por Deus, de coração agradecido. É o
povo «dos pobres do senno», os que têm Deus como único recurso, nele confiam
plenamente e a cuja vontade obedecem fielmente.
Evangelho: Mateus 21, 28-32
Naquele tempo, disse Jesus aos príncipes dos
sacerdotes e os anciãos do povo: 28«Que vos parece? Um homem tinha dois filhos.
Dirigindo-se ao primeiro, disse-lhe: 'Filho, vai hoje trabalhar na vinha.'
29Mas ele respondeu: 'Não quero.' Mais tarde, porém, arrependeu-se e foi.
30Dirigindo-se ao segundo, falou-lhe do mesmo modo e ele respondeu: 'Vou sim,
senhor.' Mas não foi. 31Qual dos dois fez a vontade ao pei?» Responderam eles:
«O primeiro.» Jesus disse-lhes: «Em verdade vos digo: Os cobradores de impostos
e as meretrizes vão preceder-vos no Reino de Deus. 32*João veio até vós,
ensinando-vos o caminho da justiça, e não acreditastes nele; mas os cobradores
de impostos e as meretrizes acreditaram nele. E vós nem depois de verdes isto,
vos arrependestes para acreditar nele.»
Os chefes do povo, como já ficou demonstrado
(cf. Mt 21, 23-27), não têm qualquer intenção de escutar a Jesus. Por isso, o
mesmo Jesus lhes desmascara a incoerência e os provoca, afirmando que os
publicanos e as prostitutas os hão-de preceder no Reino de Deus. Fá-lo com a
parábola dos dois filhos, que se compreende no quadro vétero-testamentário da
necessidade da «justiça», isto é, de uma fé que leva à realização da vontade de
Deus na vida do dia a dia.
Jesus não exalta os pecadores, nem despreza os
devotos, como poderia parecer, à primeira vista. Mas anuncia a extraordinária
proximidade de Deus em relação aos pecadores a quem oferece a possibilidade de
mudarem de vida. Mas também denuncia a incoerência de tantos crentes,
representados no primeiro filho, obediente apenas nas palavras. O contraste
entre publica nos e prostitutas e os homens da religião (vv. 31-32) não é tanto
uma condenação dos segundos, quanto um derradeiro convite à sua conversão.
Meditatio
«Ai da cidade rebelde, manchada e opressora!
Ela não ouviu o apelo, nem aceitou o aviso; não confiou no SENHOR, nem se
aproximou do seu DeU9>. Jesus vem até nós na humildade, na simplicidade e na
pobreza. É também na humildade, na simplicidade e na pobreza que havemos de nos
preparar para ir ao seu encontro, para O acolhermos. O orgulho impede-nos a
aproximação a Jesus, porque não reconhecemos a nossa carência de salvação.
Também é importante preparar-se para o Natal,
vivendo na verdade. A mentira é a nossa protecção inconsciente. Mentimos a nós
mesmos, mesmo sem nos darmos conta disso, para nos defendermos, para não
reconhecermos que estamos cheios de coisas e, sobretudo, de nós mesmos, e que,
desse modo, não agradamos a Deus. «O resto de Israel não cometerá mais a
iniquidade nem proferirá mentiras; não se achará mais na sua boca uma língua
enganadora». A vivência da verdade aproxima-nos do «resto» de Israel, o povo
simples, pobre e humilde, que estava disposto para receber o Senhor.
A parábola evangélica é um aviso para nós. Há
que evitar a atitude do filho mais velho: diz que vai para a vinha; mas não
vai. É preciso afastar toda a incoerência da nossa vida. Há que não cair numa
obediência meramente formal. Caso contrário, corremos o risco de reduzir a
nossa justiça moral e religiosa a simples fachada, esquecendo-nos de procurar e
cumprir a vontade de Deus, como expressão do nosso amor para com Ele.
A melhor defesa contra estas tentações é
contemplar o estilo do nosso Deus, que convida à conversão e derrama as suas
bênçãos sobre os simples, os pobres, os humildes, sobre aqueles que apenas
confiam n ' Ele, e não nos seus próprios méritos.
Maria é a imagem mais expressiva daqueles que
esperam e acolhem o Salvador. Ela é a mais pobre entre os "pobres de
Jahvé", os "anawiti', que não tendo prestígio ou poder humano, se
apoiam unicamente em Deus, se abandonam totalmente a Ele, e dizem como a
Virgem: "faça-se em Mim segundo a tua palavra", isto é: faz de mim o
que quiseres. Deus doa-Se totalmente a eles: aos simples, aos pobres e
humildes.
Maria é, pela Sua vida, um sim total à vontade
de Deus. Nela revive, aperfeiçoado o "sim" de Abraão, que preanuncia
o "sim" total de Cristo à vontade do Pai, até à "kénosiS', ao
aniquilamento (cf. Fil 2, 8).
Mas, como o Pai encheu Cristo da Sua glória
(cf. Fil 2, 9-11), assim também enche Maria com a Sua graça C'kekaritomene:
cheia de graça; Lc 1, 28). A humildade não anula a personalidade de Maria, mas
potencia-a, porque dá espaço à fé, à caridade, a Deus; é um vazio que se enche
da plenitude da graça.
Oratio
Senhor, que eu Te sirva sempre com coerência e
verdade, jamais cedendo à mentira, ao fingimento, à mania de cultivar uma
imagem que não corresponda à minha realidade. Que o teu Filho, feito homem, me
liberte de mim mesmo, da excessiva preocupação com os meus interesses pessoais,
para que possa responder com generosidade e entusiasmo ao mandato de cuidar da
tua vinha. Que a minha adesão à tua vontade não se reduza a belas palavras, mas
seja um "sim" decidido e generoso aos teus projectos!
Hoje, mais uma vez, me apresento diante de ti, confiando, não nos meus méritos,
mas na tua misericórdia e fidelidade. Acolhe-me como acolheste os pecadores,
que reconheceram a sua condição, e acolheram o teu perdão. Amen.
Contemplatio
Consideremos mais de perto em que condições
Deus nos deu o seu Filho. Não era apenas o pecado de Adão que se encontrava sob
o olhar de Deus, mas também todos os seus séquitos e todas as suas
consequências, até às nossas ingratidões e até mesmo os abusos que faríamos da
graça da Redenção. Era, numa palavra, o mundo coberto da lepra do pecado como
de um manto hediondo e repugnante. E, no entanto, Deus não desdenhou ter
piedade de nós. Ele não podia dar-nos o seu Filho como irmão nem como rei, a
menos que no-lo desse primeiro como resgate, como vítima de expiação e de
reparação. Para isso era necessário enviá-lo para sofrer. Quis fazê-lo.
Revestiu-o com uma carne semelhante à do homem pecador: Fi/ium suum, mittens in
simi/itudinem carnis peccati (Rom 8, 5) ...
O sacrifício de Abraão foi apenas a sombra do
sacrifício que Deus Pai fez do seu Filho. O sacrifício de Abraão não teve o seu
efeito, o de Jesus Cristo foi consumado pelo seu Pai, sobre o calvário. E era a
Deus que Abraão imolava o seu filho Isaac, ao passo que Deus Pai imolava o seu
próprio Filho em favor dos homens. Quando não deve ter custado ao amor infinito
deste Pai para arrancar assim o seu próprio Filho do seu seio e no-lo entregar!
Se Deus pudesse sofrer, que sofrimento infinito teria suportado! Mas o seu amor
por nós tudo superou.
Santo Agostinho, um dos doutores que mais
admirou a excelência deste dom divino, exclama: Non satiabor considerare
a/titudinem consi/ii tui super sa/utem generis humani (Conf. IX, 6): Não, nunca
deixarei de estudar e de contemplar esta maravilha, a ela voltarei sem cessar,
hei-de contemplá-Ia ainda e sempre, disso nunca me fatigarei, aí hei-de
encontrar sempre novos motivos de admiração: non satiabor. S. Paulo também não
deixava de se extasiar diante da altura, da largura e da profundidade do plano
divino, na Redenção. E Santo Agostinho ainda aflito por ver como este dom
celeste era desconhecido e tão pouco saboreado, lançava este desafio a todos os
homens: «A/iud desidera si me/ius inveneris: Procurai, procurai por toda a
parte e sempre, eu vos desafio a encontrar algo de mais belo, de maior, de mais
doce, de melhor para vós mesmos» (S. Aug., ln ps. 26 enarr.).
Rezemos a Deus para que nos faça conhecer este
excesso e este prodígio de amor; digamos-lhe com Santo Agostinho: Ignis qui
semper ardes accende me (So/iI. Ad Dom. ch. 34). Fogo ardente que queimais sem
cessar no coração de Deus, abrasai-me com um ardor recíproco, com um amor de
retorno. Queira Nosso Senhor renovar espiritualmente para nós a graça que Ele
fez a Santa Maria Madalena de Pazzi ao enviar Santo Agostinho para gravar no
seu coração estas palavras: «Et Verbum caro factum est O Verbo fez-se carne».
Estas palavras divinas eram como a madeira do sacrifício destinada a alimentar
perpetuamente no coração da santa o fogo do holocausto (Leão Dehon, OSP 2, p.
196s.).
Actio
Repete frequentemente e vive hoje a palavra: «Senhor, Tu és o meu refúgio»
DEUS te abençoe e te ilumine. Obrigado pela reflexão.
ResponderExcluirSanta Maria, Rio Grande do Sul.
Obrigado Senhor, obrigado Dehonianos!!
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