11
Dezembro 2020
Tempo do Advento Segunda Semana - Sexta-feira
Lectio
Primeira leitura: Isaías 48, 17-19
17Eis o que diz o Senhor, teu redentor, o
Santo de Israel: Eu sou o Senhor teu Deus, que te dou lições para teu bem, que
te guio pelo caminho que deves seguir. 18Ah! Se tivesses atendido ao que Eu
mandava! O teu bem-estar seria como um rio, a tua felicidade como as ondas do
mar.19A tua posteridade seria como a areia, como os seus grãos, os frutos do
teu ventre. O teu nome não seria aniquilado, nem destruído diante de mim.
o Deutero- Isaías concentra-se na revelação do
Senhor como Deus de Israel e oferece-nos uma espécie de "rosário" dos
nomes de Deus: Redentor, Santo de Israel (título repetido 7 vezes: 41, 14; 43,
3.14; 47,4; 48, 17; 49, 7; 54,5). A salvação, que manifesta a santidade de
Deus, também se realiza por meio do ensino do coração do povo,
possibilitando-lhe viver a Aliança e conhecer o plano de amor salvífico
gratuito, que Deus tem para toda a humanidade, e que é razão última da criação
do mundo (v. 17).
O profeta faz também uma espécie de balanço da
história passada da Aliança: a palavra de Deus não foi escutada; a Lei não foi
observada; por isso é que Israel está tão longe da prosperidade que a Aliança
comportava. Mas, agora, Deus volta a dar-lhe a sua Palavra eficaz, de modo que
a obediência a ela possa ter efeitos profundos e duradoiros e conduza Israel a
uma vida na justiça oferecida por Deus (v. 18), garantindo o cumprimento da
promessa feita aos Pais (v. 19; cf. Gn 12, 2-3; 22, 17).
Evangelho: Mateus 11,16-19
Naquele tempo, disse Jesus à multidão: 16«Com
quem poderei comparar esta geração? É semelhante a crianças sentadas na praça,
que se interpelam umas às outras, 17dizendo: 'Tocámos flauta para vós e não
dançastes; entoámos lamentações e não batestes no peito!' 18Na verdade, veio
João, que não come nem bebe, e dizem dele: 'Está possesso!' 19*Veio o Filho do
Homem, que come e bebe, e dizem: ~í está um glutão e bebedor de vinho, amigo de
cobradores de impostos e pecadores!' Mas a sabedoria foi justificada pelas suas
próprias obras.»
Jesus acentua a incapacidade dos seus contemporâneos para compreenderem a
bondade do tempo presente, uma vez que não estão abertos ao novo. Por isso, são
como crianças que não sabem lamentar-se nem divertir-se. A parábola
apresenta-nos dois grupos de miúdos que contrastam entre si: o segundo grupo
perdeu interesse
pelo jogo, e amuou, ainda antes de o iniciar
(vv. 16-17). Os contemporâneos de João Baptista e de Jesus comportaram-se do
modo idêntico, devido à má vontade.
Em Mateus, a sentença final dá resposta a esta
reacção oposta de estilos de devoção: o estilo sábio de Deus foi reconhecido
por aqueles que tomaram seriamente em consideração o seu modo de agir. O que
Jesus pretende é agitar as consciências dos seus ouvintes e convidá-los a
acolher a "desconhecida hora de Deus". As palavras sobre o Baptista
terminam com um apelo a uma compreensão de fé que leve a optar pelo projecto
salvífico de Deus, sintonizando com o seu modo de agir e de se revelar na
história.
Meditatio
O Advento ensina-nos a desejar e a acolher o
Senhor. Mas é preciso estar disposto a acolhê-lo como Ele se apresentar, e não
segundo os nossos sonhos e critérios. Caso contrário, jamais O acolheremos,
porque Ele gosta de nos surpreender sempre. Se não Se apresenta como
sonhávamos, melhor, porque os nossos sonhos fecham-nos em nós mesmos, enquanto
que a Sua presença real e concreta nos faz sair de nós e nos põe em relação com
o Pai.
Há que estar pronto para reconhecer a hora de
Deus. Isso significa, em primeiro lugar, renunciar a entrincheirar-nos em
desculpas que apenas mascaram o nosso desinteresse e a nossa resistência ao
convite à conversão, que incessantemente nos é dirigido pela Palavra de Deus.
As recorrentes advertências dos profetas exortam¬nos a caminhar na justiça e
numa fé operante e sincera.
Mas a hora de Deus não é só a da penitência e
da mudança de vida. É também a da alegria trazida pelo Evangelho de Jesus. A
alegria evangélica nascerá em nós se soubermos reconhecer que Ele não se
envergonhou de ser chamado «amigo dos pub/icanos e dos pecedores- O perdão que
nos anuncia não é uma palavra vazia ou uma notícia genérica sobre a boa
disposição de Deus em relação a nós. É o evento perturbante da sua vinda, o seu
querer fazer festa connosco, pecadores. E não é uma festa que podemos adiar
para amanhã, como gostariam de fazer os miúdos caprichosos da parábola
evangélica, porque é para nós, hoje!
Que o Senhor que nos livre do espírito de
crítica que tudo recusa, que sempre encontra razões para não aceitar, para não
acolher a vida como ela se apresenta, as pessoas como são. Que o Senhor nos dê
verdadeiro espírito de acolhimento, espírito de benevolência para acolhermos a
todos, espírito que nos faça ver em tudo o que é bom, o que podemos aproveitar
para o serviço do Senhor, o que nos faz progredir no
amor.
Para os cristãos, e particularmente para os
religiosos, é um perigo grave encerrar-nos no egoísmo pessoal e comunitário,
fechando-nos a Deus e aos irmãos. Essa atitude seria negação do amor e da
disponibilidade para acolher a Cristo, onde quer que se manifeste. Muitas vezes
manifesta-se nos irmãos, particularmente nos carenciados e oprimidos.
Por isso as Constituições afirmam
correctamente: "A comunidade deixa-se interpelar pelos homens no meio dos
quais vive" Cst. 61); "A nossa vida religiosa ... é constantemente
interpelada. Somos obrigados a repensar e a reformular a sua missão e as suas
formas de presença e de testemunho ... exige o encontro frequente com o Senhor
na oração, a conversão permanente ao Evangelho e a disponibilidade de coração e
de atitudes, para acolher o Hoje de Deus" (Cst. 144).
Oratio
Senhor, hoje, sinto-me interpelado a pensar e
a reflectir sobre mim mesmo. Sei que há tempo para chorar e tempo para dançar.
Mas descubro que, muitas vezes, sou pouco sábio, e sou muito distraído e
incapaz de reconhecer a tua hora na minha vida. Queria ser eu a marcar o tempo
e o modo como Te apresentas na minha vida. Por isso, comporto-me como os miúdos
caprichosos de que falas no evangelho. Por isso, temo tornar-me vítima da
obstinação, e não conseguir julgar correctamente os sinais da tua presença na
minha vida, na vida da minha comunidade, na vida da Igreja, na vida do mundo.
Não desistas de dirigir a tua Palavra ao meu
coração obstinado e endurecido, para que saiba compreender o teu plano sobre
mim e atinja a verdadeira sabedoria. Repreende-me, ainda que duramente, quando
quiseres que eu escute os apelos de João Baptista à penitência e à convers&
atilde;o. Ajuda-me a reconhecer que é este o tempo da graça, o tempo em que me
ensinas para meu bem e me guias pelo caminho que devo percorrer. Amen.
Contemplatio
Jesus sofreu também a calúnia. Foi rejeitado
pelos homens, que escondiam a cara afastando-se d' Ele como se corassem ao
reconhecê-lo. Foi falsamente acusado como jamais alguém depois d' Ele o foi.
Chamaram-n'O Samaritano e fizeram correr o boato de que estava possuído pelo
demónio. Era, dizia-se, «um bom comedor e bebedor de vinho, um amigo dos
publicanos e dos pecadores». Era um impostor, um sedutor, um sedicioso. Ser
suspeito e acusado de pecado foi para o Salvador uma indizível humilhação.
O padre falsamente acusado sofre também horrivelmente.
Os que acusavam Jesus e queriam precipitá-lo
da rocha abaixo e matá-lo, tinham sido cumulados dos seus benefícios. Todo o
padre deve estar pronto a sofrer a mesma ingratidão.
Quantos bons padres, cuja conduta é criticada,
censurada, acusada, condenada abertamente ou em segredo! Mesmo os seus amigos
se afastam deles. Mesmo os seus irmãos no sacerdócio, mesmo os seus superiores
talvez dêem crédito à calúnia. São nisto, como na sua dignidade e no seu
ministério, a imagem viva do Salvador.
Enfim, o divino Mestre morreu debaixo de uma
verdadeira tempestade de falsas acusações. Tinha sido abandonado mesmo pelos
seus amigos.
«Meus amados, diz S. Pedro, não vos
surpreendais com o fogo ardente que serve para vos provar, mas participando
assim nos sofrimentos de Cristo, alegrai-vos e no momento da revelação da sua
glória participareis também na sua alegria ... » (lPd 4, 12). (Leão Dehon, OSP
2, p. 601s.).
Actio
Repete frequentemente e vive hoje a palavra:
(«Eu sou o Senhor teu Deus, que te guio pelo caminho que deves segui!») (Is 48,
17).
Obrigado Senhor, obrigado Dehonianos!!!
ResponderExcluirDEUS te abençoe e te ilumine. Obrigado pela reflexão.
ResponderExcluirSanta Maria, Rio Grande do Sul.
Eu, Jair Ferreira da Cidade de Cruz das Almas, na Bahia da Diocese Nossa Senhora do Bom Sucesso, leio e reflito sobre as leituras diária dessa equipe(José Salviano, Helena Serpa, Olívia Coutinho, Dehoniamos, Jorge Lorente, Vera Lúcia, Maria de Lourdes Cury Macedo, Adélio Francisco) colocando em prática no meu dia-dia, obrigado a todos que doaram um pouco do seu tempo para evangelizar, catequizar e edificar o reino de Deus, que o Senhor Jesus Cristo e Nossa Mãe Maria Santíssima continue iluminando a todos. Abraços fraternos.
ResponderExcluir