Solenidade da Epifania do Senhor - Ano B
3 Janeiro 2021
ANO B
SOLENIDADE DA EPIFANIA DO SENHOR
Tema da Solenidade da Epifania do Senhor
A liturgia deste domingo celebra a
manifestação de Jesus a todos os homens... Ele é uma "luz" que se
acende na noite do mundo e atrai a si todos os povos da terra. Cumprindo o
projecto libertador que o Pai nos queria oferecer, essa "luz"
incarnou na nossa história, iluminou os caminhos dos homens, conduziu-os ao
encontro da salvação, da vida definitiva.
A primeira leitura anuncia a chegada da luz salvadora de Jahwéh, que
transfigurará Jerusalém e que atrairá à cidade de Deus povos de todo o mundo.
No Evangelho, vemos a concretização dessa promessa: ao encontro de Jesus vêm os
"magos" do oriente, representantes de todos os povos da terra...
Atentos aos sinais da chegada do Messias, procuram-n'O com esperança até O
encontrar, reconhecem n'Ele a "salvação de Deus" e aceitam-n'O como
"o Senhor". A salvação rejeitada pelos habitantes de Jerusalém torna-se
agora um dom que Deus oferece a todos os homens, sem excepção.
A segunda leitura apresenta o projecto salvador de Deus como uma realidade que
vai atingir toda a humanidade, juntando judeus e pagãos numa mesma comunidade
de irmãos - a comunidade de Jesus.
LEITURA I - Is 60,1-6
Leitura do Livro de Isaías
Levanta-te e resplandece, Jerusalém,
porque chegou a tua luz
e brilha sobre ti a glória do Senhor.
Vê como a noite cobre a terra
e a escuridão os povos.
Mas sobre ti levanta-Se o Senhor
e a sua glória te ilumina.
As nações caminharão à tua luz
e os reis ao esplendor da tua aurora.
Olha ao redor e vê:
todos se reúnem e vêm ao teu encontro;
os teus filhos vão chegar de longe
e as tuas filhas são trazidas nos braços.
Quando o vires ficarás radiante,
palpitará e dilatar-se-á o teu coração,
pois a ti afluirão os tesouros do mar,
a ti virão ter as riquezas das nações.
Invadir-te-á uma multidão de camelos,
de dromedários de Madiã e Efá.
Virão todos os de Sabá,
trazendo ouro e incenso
e proclamando as glórias do Senhor.
AMBIENTE
Aos capítulos 56-66 do Livro de Isaías,
convencionou-se chamar "Trito-Isaías". Trata-se de um conjunto de
textos cuja proveniência não é totalmente consensual... Para alguns, são textos
de um profeta anónimo, pós-exílico, que exerceu o seu ministério em Jerusalém
após o regresso dos exilados da Babilónia, nos anos 537/520 a.C.; para a
maioria, trata-se de textos que provêm de diversos autores pós-exílicos e que
foram redigidos ao longo de um arco de tempo relativamente longo
(provavelmente, entre os sécs. VI e V a.C.). De qualquer forma, estamos na
época a seguir ao Exílio e numa Jerusalém em reconstrução... As marcas do
passado ainda se notam nas pedras calcinadas da cidade; os judeus que se
estabeleceram na cidade são ainda poucos; a pobreza dos exilados faz com que a
reconstrução seja lenta e muito modesta; os inimigos estão à espreita e a
população está desanimada... Sonha-se, no entanto, com esse dia futuro em que
vai chegar Deus para trazer a salvação definitiva ao seu Povo. Então, Jerusalém
voltará a ser uma cidade bela e harmoniosa, o Templo será reconstruído e Deus
habitará para sempre no meio do seu Povo.
O texto que nos é proposto é uma glorificação de Jerusalém, a cidade da luz, a
"cidade dos dois sóis" (o sol nascente e o sol poente: pela sua situação
geográfica, a cidade é iluminada desde o nascer do dia, até ao pôr do sol).
MENSAGEM
Inspirado, sem dúvida, pelo sol nascente
que ilumina as belas pedras brancas das construções de Jerusalém e faz a cidade
transfigurar-se pela manhã (e brilhar no meio das montanhas que a rodeiam), o
profeta sonha com uma Jerusalém muito diferente daquela que os retornados do
Exílio conhecem; essa nova Jerusalém levantar-se-á quando chegar a luz
salvadora de Deus, que dará à cidade um novo rosto. Nesse dia, Jerusalém vai
atrair os olhares de todos os que esperam a salvação. Como consequência, a
cidade será abundantemente repovoada (com o regresso de muitos
"filhos" e "filhas" que, até agora, assustados pelas
condições de pobreza e de instabilidade ainda não se decidiram a regressar);
além disso, povos de toda a terra - atraídos pela promessa do encontro com a
salvação de Deus - convergirão para Jerusalém, inundando-a de riquezas
(nomeadamente incenso, para o serviço do Templo) e cantando os louvores de
Deus.
ACTUALIZAÇÃO
A reflexão pode fazer-se a partir das
seguintes linhas:
• Como pano de fundo deste texto (e da
liturgia deste dia) está a afirmação da eterna preocupação de Deus com a vida e
a felicidade desses homens e mulheres a quem Ele criou. Sejam quais forem as
voltas que a história dá, Deus está lá, vivo e presente, acompanhando a
caminhada do seu Povo e oferecendo-lhe a vida definitiva. Esta
"fidelidade" de Deus aquece-nos o coração e renova-nos a esperança...
Caminhamos pela vida de cabeça levantada, confiando no amor infinito de Deus e
na sua vontade de salvar e libertar o homem.
• É preciso, sem dúvida, ligar a chegada
da "luz" salvadora de Deus a Jerusalém (anunciada pelo profeta) com o
nascimento de Jesus. O projecto de libertação que Jesus veio apresentar aos homens
será a luz que vence as trevas do pecado e da opressão e que dá ao mundo um
rosto mais brilhante de vida e de esperança. Reconhecemos em Jesus a
"luz" libertadora de Deus? Estamos dispostos a aceitar que essa
"luz" nos liberte das trevas do egoísmo, do orgulho e do pecado? Será
que, através de nós, essa "luz" atinge o mundo e o coração dos nossos
irmãos e transforma tudo numa nova realidade?
• Na catequese cristã dos primeiros
tempos, esta Jerusalém nova, que já "não necessita de sol nem de lua para a
iluminar, porque é iluminada pela glória de Deus", é a Igreja - a
comunidade dos que aderiram a Jesus e acolheram a luz salvadora que Ele veio
trazer (cf. Ap 21,10-14.23-25). Será que nas nossas comunidades cristãs e
religiosas brilha a luz libertadora de Jesus? Elas são, pelo seu brilho, uma
luz que atrai os homens? As nossas desavenças e conflitos, a nossa falta de
amor e de partilha, os nossos ciúmes e rivalidades, não contribuirão para
embaciar o brilho dessa luz de Deus que devíamos reflectir?
• Será que na nossa Igreja há espaço
para todos os que buscam a luz libertadora de Deus? Os irmãos que têm a vida
destroçada ou que n&a
tilde;o se comportam de acordo com as regras da Igreja, são acolhidos,
respeitados e amados? As diferenças próprias da diversidade de culturas são
vistas como uma riqueza que importa preservar, ou são rejeitadas porque ameaçam
a uniformidade?
SALMO RESPONSORIAL - Salmo 71 (72)
Refrão: Virão adorar-Vos, Senhor,
todos os povos da terra.
Ó Deus, concedei ao rei o poder de
julgar
e a vossa justiça ao filho do rei.
Ele governará o vosso povo com justiça
e os vossos pobres com equidade.
Florescerá a justiça nos seus dias
e uma grande paz até ao fim dos tempos.
Ele dominará de um ao outro mar,
do grande rio até aos confins da terra.
Os reis de Társis e das ilhas virão com
presentes,
os reis da Arábia e de Sabá trarão suas ofertas.
Prostrar-se-ão diante dele todos os reis,
todos os povos o hão-de servir.
Socorrerá o pobre que pede auxílio
e o miserável que não tem amparo.
Terá compaixão dos fracos e dos pobres
e defenderá a vida dos oprimidos.
LEITURA II - Ef 3,2-3a.5-6
Leitura da Epístola do apóstolo São
Paulo aos Efésios
Irmãos:
Certamente já ouvistes falar
da graça que Deus me confiou a vosso favor:
por uma revelação,
foi-me dado a conhecer o mistério de Cristo.
Nas gerações passadas,
ele não foi dado a conhecer aos filhos dos homens
como agora foi revelado pelo Espírito Santo
aos seus santos apóstolos e profetas:
os gentios recebem a mesma herança que os judeus,
pertencem ao mesmo corpo
e participam da mesma promessa,
em Cristo Jesus, por meio do Evangelho.
AMBIENTE
A Carta aos Efésios (cuja autoria
paulina alguns discutem por questões de linguagem, de estilo e de teologia)
apresenta-se como uma "carta de cativeiro", escrita por Paulo da prisão
(os que aceitam a autoria paulina desta carta discutem qual o lugar onde Paulo
está preso, nesta altura, embora a maioria ligue a carta ao cativeiro de Paulo
em Roma entre 61/63).
É, de qualquer forma, uma apresentação sólida de uma catequese bem elaborada e
amadurecida. A carta (talvez uma "carta circular", enviada a várias
comunidades cristãs da parte ocidental da Ásia Menor) parece apresentar uma
espécie de síntese do pensamento paulino.
O tema mais importante da Carta aos Efésios é aquilo que o autor chama "o
mistério": trata-se do projecto salvador de Deus, definido e elaborado
desde sempre, escondido durante séculos, revelado e concretizado plenamente em
Jesus, comunicado aos apóstolos e, nos "últimos tempos", tornado
presente no mundo pela Igreja.
Na parte dogmática da carta (cf. Ef 1,3-3,19), Paulo apresenta a sua catequese
sobre "o mistério": depois de um hino que põe em relevo a acção do
Pai, do Filho e do Espírito Santo na obra da salvação (cf. Ef 1,3-14), o autor
fala da soberania de Cristo sobre os poderes angélicos e do seu papel de cabeça
da Igreja (cf. Ef 1,15-23); depois, reflecte sobre a situação universal do
homem, mergulhado no pecado, e afirma a iniciativa salvadora e gratuita de Deus
em favor do homem (cf. Ef 2,1-10); expõe, ainda, como é que Cristo - realizando
"o mistério" - levou a cabo a reconciliação de judeus e pagãos num só
corpo, que é a Igreja (cf. 2,11-22)... O texto que nos é proposto vem nesta
sequência: nele, Paulo apresenta-se como testemunha do "mistério"
diante dos judeus e diante dos pagãos (cf. Ef 3,1-13).
MENSAGEM
A Paulo, apóstolo como os Doze, também
foi revelado "o mistério". É esse "mistério" que Paulo aqui
desvela aos crentes da Ásia Menor... Paulo insiste que, em Cristo, chegou a
salvação definitiva para os homens; e essa salvação não se destina
exclusivamente aos judeus, mas destina-se a todos os povos da terra, sem
excepção. Paulo é, por chamamento divino, o arauto desta novidade...
Percebemos, assim, porque é que Paulo se fez o grande arauto da "boa nova"
de Jesus entre os pagãos...
Agora, judeus e gentios são membros de um mesmo e único "corpo" (o
"corpo de Cristo" ou Igreja), partilham o mesmo projecto salvador que
os faz, em igualdade de circunstâncias com os judeus, "filhos de
Deus" e todos participam da promessa feita por Deus a Abraão (cf. Gn 12,3)
- promessa cuja realização Cristo levou a cabo.
ACTUALIZAÇÃO
A reflexão pode fazer-se a partir dos
seguintes elementos:
• A perspectiva de que Deus tem um
projecto de salvação para oferecer ao seu Povo - já enunciada na primeira
leitura - tem aqui novos desenvolvimentos. A primeira novidade é que Cristo é a
revelação e a realização plena desse projecto. A segunda novidade é que esse
projecto não se destina apenas "a Jerusalém" (ao mundo judaico), mas
é para ser oferecido a todos os povos, sem excepção.
• A Igreja, "corpo de Cristo",
é a comunidade daqueles que acolheram "o mistério". Nela, brancos e
negros, pobres e ricos, ucranianos ou moldavos - beneficiários todos da acção
salvadora e libertadora de Deus - têm lugar em igualdade de circunstâncias.
Temos, verdadeiramente, consciência de que é nesta comunidade de crentes que se
revela hoje no mundo o projecto salvador que Deus tem para oferecer a todos os
homens? Na vida das nossas comunidades transparece, realmente, o amor de Deus?
As nossas comunidades são verdadeiras comunidades fraternas, onde todos se amam
sem distinção de raça, de cor ou de estatuto social?
• Destinatários, todos, do mistério,
somos "filhos de Deus" e irmãos uns dos outros. Essa fraternidade
implica o amor sem limites, a partilha, a solidariedade... Sentimo-nos
solidários com todos os irmãos que partilham connosco esta vasta casa que é o
mundo? Sentimo-nos responsáveis pela sorte de todos os nossos irmãos, mesmo
aqueles que estão separados de nós pela geografia, pela diversidade de culturas
e de raças?
ALELUIA - Mt 2,2
Aleluia. Aleluia.
Vimos a sua estrela no Oriente
e viemos adorar o Senhor.
EVANGELHO - Mt 2,1-12
Leitura de Nosso Senhor Jesus Cristo
segundo São Mateus
Tinha Jesus nascido em Belém da Judeia,
nos dias do rei Herodes,
quando chegaram a Jerusalém uns Magos vindos do Oriente.
«Onde está - perguntaram eles –
o rei dos judeus que acaba de nascer?
Nós vimos a sua estrela no Oriente
e viemos adorá-l'O».
Ao ouvir tal notícia, o rei Herodes ficou perturbado
e, com ele, toda a cidade de Jerusalém.
Reuniu todos os príncipes dos sacerdotes e escribas do povo
e perguntou-lhes onde devia nascer o Messias.
Eles responderam: «Em Belém da Judeia,
porque assim está escrito pelo profeta:
'Tu, Belém, terra de Jusá,
não és de modo nenhum a menor
entre as principais cidades de Judá,
pois de ti sairá um chefe,
que será o Pastor de Israel, meu povo'».
Então Herodes mandou chamar secretamente os Magos
e pediu-lhes informações precisas
sobre o tempo em que lhes tinha aparecido a estrela.
Depois enviou-os a Belém e disse-lhes:
«Ide informar-vos cuidadosamente acerca do Menino;
e, quando O encontrardes, avisai-me,
para que também eu vá adorá-l'O».
Ouvido o rei, puseram-se a caminho.
E eis que a estrela que tinham visto no Oriente
seguia à sua frente
e parou sobre o lugar onde estava o Menino.
Ao ver a estrela, sentiram grande alegria.
Entraram na casa,
viram o Menino com Maria, sua Mãe,
e, prostrando-se diante d'Ele,
adoraram-n'O.
Depois, abrindo os seus tesouros,
ofereceram-Lhe presentes:
ouro, incenso e mirra.
E, avisados em sonhos
para não voltarem à presença de Herodes,
regressaram à sua terra por outro caminho.
AMBIENTE
O episódio da visita dos magos ao menino
de Belém é um episódio simpático e terno que, ao longo dos séculos, tem
provocado um impacto considerável nos sonhos e nas fantasias dos cristãos... No
entanto, convém recordar que estamos ainda no âmbito do "Evangelho da
Infância"; e que os factos narrados nesta secção não são a descrição
exacta de acontecimentos históricos, mas uma catequese sobre Jesus e a sua
missão... Por outras palavras: Mateus não está aqui interessado em apresentar
uma reportagem jornalística que conte a visita oficial de três chefes de estado
estrangeiros à gruta de Belém; mas está interessado em (recorrendo a símbolos e
imagens bem expressivos para os primeiros cristãos) apresentar Jesus como o
enviado de Deus Pai, que vem oferecer a salvação de Deus aos homens de toda a
terra.
MENSAGEM
A análise dos vários detalhes do relato
confirma que a preocupação do autor (Mateus) não é de tipo histórico, mas
catequético.
Notemos, em primeiro lugar, a insistência de Mateus no facto de Jesus ter
nascido em Belém de Judá (cf. vers. 1.5.6.7). Para entender esta insistência,
temos de recordar que Belém era a terra natal do rei David e que era a Belém
que estava ligada a família de David. Afirmar que Jesus nasceu em Belém é
ligá-l'O a esses anúncios proféticos que falavam do Messias como o descendente
de David que havia de nascer em Belém (cf. Mi 5,1.3; 2 Sm 5,2) e restaurar o
reino ideal de seu pai. Com esta nota, Mateus quer aquietar aqueles que
pensavam que Jesus tinha nascido em Nazaré e que viam nisso um obstáculo para o
reconhecerem como o Messias libertador.
Notemos, em segundo lugar, a referência a uma estrela "especial" que
apareceu no céu por esta altura e que conduziu os "magos" para Belém.
A interpretação desta referência como histórica levou alguém a cálculos
astronómicos complicados para concluir que, no ano 6 a.C., uma conjunção de
planetas explicaria o fenómeno luminoso da estrela refulgente mencionada por
Mateus; outros andaram à procura de um cometa que, por esta época, devia ter
sulcado os céus do antigo Médio Oriente... Na realidade, é inútil procurar nos
céus a estrela ou cometa em causa, pois Mateus não está a narrar factos
históricos. Segundo a crença popular da época, o nascimento de uma personagem
importante era acompanhado da aparição de uma nova estrela. Também a tradição
judaica anunciava o Messias como a estrela que surge de Jacob (cf. Nm 24,17).
Ora, é com estes elementos que a imaginação de Mateus, posta ao serviço da
catequese, vai inventar a "estrela". Mateus está, sobretudo,
interessado em fornecer aos cristãos da sua comunidade argumentos seguros para
rebater aqueles que negavam que Jesus era esse Messias esperado.
Temos ainda as figuras dos "magos". A palavra grega
"mágos", usada por Mateus, abarca um vasto leque de significados e é
aplicada a personagens muito diversas: mágicos, feiticeiros, charlatães,
sacerdotes persas, propagandistas religiosos... Aqui, poderia designar
astrólogos mesopotâmios, em contacto com o messianismo judaico. Seja como for,
esses "magos" representam, na catequese de Mateus, esses povos
estrangeiros de que falava a primeira leitura (cf. Is 60,1-6), que se põem a
caminho de Jerusalém com as suas riquezas (ouro e incenso) para encontrar a luz
salvadora de Deus que brilha sobre a cidade santa. Jesus é, na opinião de
Mateus e da catequese da Igreja primitiva, essa "luz".
Além de uma catequese sobre Jesus, este relato recolhe, de forma paradigmática,
duas atitudes que se vão repetir ao longo de todo o Evangelho: o Povo de Israel
rejeita Jesus, enquanto que os "magos" do oriente (que são pagãos) O
adoram; Herodes e Jerusalém "ficam perturbados" diante da notícia do
nascimento do menino e planeiam a sua morte, enquanto que os pagãos sentem uma
grande alegria e reconhecem em Jesus o seu salvador.
Mateus anuncia, desta forma, que Jesus vai ser rejeitado pelo seu Povo; mas vai
ser acolhido pelos pagãos, que entrarão a fazer parte do novo Povo de Deus. O
itinerário seguido pelos "magos" reflecte a caminhada que os pagãos
percorreram para encontrar Jesus: estão atentos aos sinais (estrela), percebem
que Jesus é a luz que traz a salvação, põem-se decididamente a caminho para O
encontrar, perguntam aos judeus - que conhecem as Escrituras - o que fazer,
encontram Jesus e adoram-n'O como "o Senhor". É muito possível que um
grande número de pagano-cristãos da comunidade de Mateus descobrisse neste
relato as etapas do seu próprio caminho em direcção a Jesus.
ACTUALIZAÇÃO
Considerar as seguintes questões:
• Em primeiro lugar, meditemos nas
atitudes das várias personagens que Mateus nos apresenta em confronto com
Jesus: os "magos", Herodes, os príncipes dos sacerdotes e os escribas
do povo... Diante de Jesus, o libertador enviado por Deus, estes distintos
personagens assumem atitudes diversas, que vão desde a adoração (os
"magos"), até à rejeição total (Herodes), passando pela indiferença
(os sacerdotes e os escribas: nenhum deles se preocupou em ir ao encontro desse
Messias que eles conheciam bem dos textos sagrados). Identificamo-nos com algum
destes grupos? Não é fácil "conhecer as Escrituras", como
profissionais da religião e, depois, deixar que as propostas e os valores de
Jesus nos passem ao lado?
• Os "magos" são apresentados
como os "homens dos sinais", que sabem ver na "estrela" o
sinal da chega
da da libertação... Somos pessoas atentas aos "sinais" - isto é,
somos capazes de ler os acontecimentos da nossa história e da nossa vida à luz
de Deus? Procuramos perceber nos "sinais" que aparecem no nosso
caminho a vontade de Deus?
• Impressiona também, no relato de
Mateus, a "desinstalação" dos "magos": viram a
"estrela", deixaram tudo, arriscaram tudo e vieram procurar Jesus.
Somos capazes da mesma atitude de desinstalação, ou estamos demasiado agarrados
ao nosso sofá, ao nosso colchão especial, à nossa televisão, à nossa
aparelhagem, ao nosso computador? Somos capazes de deixar tudo para responder
aos apelos que Jesus nos faz através dos irmãos?
• Os "magos" representam os
homens de todo o mundo que vão ao encontro de Cristo, que acolhem a proposta
libertadora que Ele traz e que se prostram diante d'Ele. É a imagem da Igreja -
essa família de irmãos, constituída por gente de muitas cores e raças, que
aderem a Jesus e que O reconhecem como o seu Senhor.
ALGUMAS SUGESTÕES PRÁTICAS PARA O
DOMINGO DA EPIFANIA
(adaptadas de "Signes d'aujourd'hui")
1. A PALAVRA MEDITADA AO LONGO DA
SEMANA.
Ao longo dos dias da semana anterior ao Domingo da Epifania, procurar meditar a
Palavra de Deus deste domingo. Meditá-la pessoalmente, uma leitura em cada dia,
por exemplo... Escolher um dia da semana para a meditação comunitária da
Palavra: num grupo da paróquia, num grupo de padres, num grupo de movimentos
eclesiais, numa comunidade religiosa... Aproveitar, sobretudo, a semana para
viver em pleno a Palavra de Deus.
2. PALAVRA DE VIDA.
A caminho da estrela... Os magos tinham o hábito de perscrutar os astros. Eles viram
uma estrela, sem dúvida nova para os seus olhos, então puseram-se a caminho...
Aquele que procuravam parece querer fazer-se conhecer, um sinal basta para
estes magos. Param, experimentam uma grande alegria, prostram-se e oferecem os
seus presentes. A criança que eles descobrem não é uma criança como as outras:
é rei, então oferecem-lhe oiro; é Deus, então queimam incenso; passará pela
morte antes de ressuscitar, então apresentam a mirra. Para o regresso, não têm
necessidade de estrela. Deus convida-os a regressar por outro caminho. O
verdadeiro rei não é Herodes, mas esta criança que acaba de nascer.
3. UM PONTO DE ATENÇÃO.
Um convite ao acolhimento e à abertura... Festa da salvação para todos os
povos, a Epifania convida as comunidades cristãs ao acolhimento e à abertura.
Como viver isso concretamente hoje na celebração? Por exemplo, dando a cada um,
ao chegar à igreja, uma pequena estrela. Em cada uma, está escrito o nome de um
dos continentes: África, América, Ásia, Europa, Oceânia. No fim da primeira
leitura que descreve em imagens sumptuosas Jerusalém como o cruzamento das
nações, o animador diz o nome África, depois América, e os outros; a cada
apelo, aqueles que têm o nome escrito na estrela levantam a estrela e mantêm-na
levantada durante o salmo responsorial. Em seguida, vão colocá-la no presépio.
4. PARA A SEMANA QUE SE SEGUE...
Aceitar pôr-se a caminho... Erguer os olhos: tal é o convite que nos é feito
hoje. Uma estrela brilha sempre na noite, se nós a perscrutamos com atenção.
Erguer os olhos: descentrar-se de si mesmo, procurar ajuda da parte de qualquer
outro, de Deus. Depois de ver a estrela, aceitar pôr-se a caminho. Nos próximos
dias, esta estrela será talvez uma caminhada a empreender para sair, encontrar
ajuda ou levar ajuda a alguém, tomar uma decisão até aqui adiada...
UNIDOS PELA PALAVRA DE DEUS
PROPOSTA PARA
ESCUTAR, PARTILHAR, VIVER E ANUNCIAR A PALAVRA NAS COMUNIDADES DEHONIANAS
Grupo Dinamizador:
P. Joaquim Garrido, P. Manuel Barbosa, P. José Ornelas Carvalho
Província Portuguesa dos Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos)
Rua Cidade de Tete, 10 - 1800-129 LISBOA - Portugal
Tel. 218540900 - Fax: 218540909
portugal@dehonianos.org - www.dehonianos.pt
Eu, Jair Ferreira da Cidade de Cruz das Almas, na Bahia da Diocese Nossa Senhora do Bom Sucesso, leio e reflito sobre as leituras diária dessa equipe(José Salviano, Helena Serpa, Olívia Coutinho, Dehoniamos, Jorge Lorente, Vera Lúcia, Maria de Lourdes Cury Macedo, Adélio Francisco) colocando em prática no meu dia-dia, obrigado a todos que doaram um pouco do seu tempo para evangelizar, catequizar e edificar o reino de Deus, que o Senhor Jesus Cristo e Nossa Mãe Maria Santíssima continue iluminando a todos. Abraços fraternos.
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