2 Dezembro 2020
Tempo do Advento Primeira Semana - Quarta-feira
Lectio
Primeira leitura: Is. 25, 6-10a
6*No monte Sião, o Senhor do universo prepara para todos os povos um banquete
de carnes gordas, acompanhadas de vinhos velhos, carnes gordas e saborosas,
vinhos velhos e bem tratados. 7Neste monte, Ele arrancará o véu de luto que
cobre todos os povos, o pano que encobre todas as nações. 8*Aniquilará a morte
para sempre. O Senhor Deus enxugará as lágrimas de todas as faces, e eliminará
o opróbrio que pesa sobre o seu povo, sobre toda a nação. Foi o Senhor quem o
proclamou. 9Dir-se-á naquele dia: «Este é o nosso Deus, nele confiámos e Ele
nos salva. Este é o Senhor em quem confiámos. Congratulemo-nos e rejubilemos
com a sua salvação. 1 DA mão do Senhor repousará sobre este monte.»
o banquete simboliza a comunhão, o diálogo, a festa, a vitória. O banquete
anunciado por Isaías celebrará a derrota, por Deus, dos poderes que subjugam o
homem, mas também a realeza universal do mesmo Deus. Esse banquete será
oferecido em Sião, símbolo da eleição de Israel.
Como era costume, o Rei, ao ser entronizado, oferece presentes aos convidados.
O primeiro é a sua presença, e a sua manifestação aos povos: «arrancará o véu
de luto que cobre todos os povos, o pano que encobre todas as nações» (v. 7).
Outro presente será a aniquilação da morte. Finalmente, o próprio Deus passará
a enxugar as lágrimas de todas as faces, a consolar todos os que sofrem. É o
terceiro dom, um dom personalizado.
Esta esperança baseia-se unicamente na promessa de Deus, e não em cálculos
humanos: «Foi o Senhor quem o prodsrnoo» (v. 8). É uma esperança segura. Por
isso, irrompe o hino de louvor, ainda antes da realização da promessa da
salvação. Deus não falha: «Congratulemo-nos e rejubilemos com a sua sstvsçêo.
(v. 9).
Evangelho: Mt. 15, 29-37
29Naquele tempo, Jesus foi
para junto do mar da Galileia. Subiu ao monte e sentou-se. 3DVieram ter com Ele
numerosas multidões, transportando coxos, cegos, aleijados, mudos e muitos
outros, que lançavam a seus pés. Ele curou-os, 31 *de sorte que as multidões
ficaram maravilhadas ao ver os mudos a falar, os aleijados escorreitos: os
coxos a andar e os cegos com vista. E davam glória ao Deus de Israel. 32*Jesus,
chamando os discípulos, disse-lhes: «Tenho compaixão desta gente, porque há já
três dias que está comigo e não tem que comer. Não quero despedi-los em jejum,
pois receio que desfaleçam pelo caminho.» 330s discípulos disseram-lhe: «Onde
iremos buscar, num deserto, pães suficientes para saciar tão grande multidão?»
34Jesus perguntou-lhes: «Quantos pães tendes?» Responderam: «Sete, e alguns
peixinhos.» 350rdenou à multidão que se sentasse. 36Tomou os sete pães e os
peixes, deu graças, partiu-os e dava-os aos discípulos, e estes, à multidão.
37*Todos comeram e ficaram saciados; e, com os bocados que sobejaram, encheram
sete cestos.
Mateus apresenta-nos um magnifico quadro em que Jesus que cura os doentes e dá
a todos o pão, sinal do banquete messiânico. Assim revela a sua compaixão para
com a multidão que O seguiam. Os discípulos nem tinham reparado na fome e falta
de meios daquela gente. Por isso, antes de fazer o milagre, Jesus chama-os e
convida-os a participar da sua compaixão para com os pobres e carenciados.
Mateus narrara, pouco antes, uma viagem de Jesus a terra estrangeira (15, 21),
o que nos permite pensar que a multidão fosse formada, pelo menos em boa parte,
por pagãos. O evangelista, que sabe que a missão universal é pós-pascal, quer
sublinhar que a compaixão de Deus, manifestada em Jesus, abrange todos os
povos. Na primeira multiplicação dos pães (Mt 14, 13-21), Jesus tinha-se
revelado o bom pastor de Israel. Agora, também os pagãos são convidados para o
banquete messiânico.
Os pães que sobejam mostram que nesse banquete há sempre lugar para todos. O
número 7 dos cestos do pão que sobejou, bem como o número 4.000 dos que
comeram, simbolizam, mais uma vez, o tema da salvação universal, que Jesus tem
em mente.
Meditatio
Todos nós sentimos um forte desejo de felicidade. Foi Deus que pôs em nós esse
desejo, para que O procurássemos. Por isso quer satisfazer-nos.
Na liturgia de hoje, Deus promete-nos o fim das nossas penas e muita
felicidade. De facto as leituras são uma ilustração coerente do rosto de Deus,
que vem curar a humanidade ferida e satisfazer o nosso desejo de salvação.
Desejamos essa salvação, mas só Deus no-Ia pode dar, iluminando os nossos
corações ameaçados pelo não conhecimento d ' Ele e pelo desânimo.
Reconhecemo-nos a nós mesmos no meio da multidão de pobres e doentes que se
acotovelam ao redor de Jesus, pois n ' Ele descobrem Deus hóspede da
humanidade, que cura os doentes e a todos oferece uma refeição, símbolo do
banquete eterno para o qual vem convidar todos os homens. Por isso, todos nos
sentimentos também convidados a proclamar o poder do Hóspede divino, que vence
a dor e a morte, que prepara o banquete para todos os povos, e a contemplar o
seu rosto. De facto, a misericórdia divina assume para nós os contornos do
rosto e dos gestos de Jesus que cura os doentes e sacia as multidões famintas
que O seguem. Na compaixão de Jesus, torna-se visível, para nós, o rosto de um
Deus, médico que cura a nossa humanidade cansada e doente. Nele encontramos o
divino e generoso Hóspede que nos acolhe à sua mesa e declara quanto somos
importantes e preciosos aos seus olhos.
Ao lermos este evangelho no Advento, podemos ver nele alguns símbolos da
Incarnação. Jesus fez-se homem porque teve compaixão dos homens e lhes quis dar
de comer. Para poder dar-nos a sua carne e o seu sangue, pediu a colaboração da
Virgem Maria. Mais tarde pedirá aos Apóstolos para estarem disponíveis, isto é,
para darem o que têm para que Ele possa multiplicar o pouco de que dispõem e
responder aos grande problemas do mundo.
O mesmo quer continuar a fazer nos nossos dias. Por isso nos mostra as
necessidades do mundo de hoje, nos sensibiliza para elas e nos pergunta:
«Quantos pães tendes?» Pede-nos para pormos à disposição de todos o pouco que
temos, pede¬nos disponibilidade, para continuar a sua obra de salvação, de
libertação.
"A nossa união com
Cristo" (Cst. 18), "no seu amor pelo Pai e pelos homens" (Cst.
17) manifesta-se, não só "na escuta da Palavra e na partilha do Pão"
(Cst. 17), mas também "na disponibilidade e no amor para com todos"
(Cst. 18).
Foi na disponibilidade e no amor para com todos que o Pe. Dehon realizou a sua
"solidariedade" afectiva e efectiva com Cristo. Daí o seu apostolado,
caracterizado por uma extrema atenção aos homens, especialmente aos mais
desprotegidos e pela solicitude em remediar activamente as insufici&ec
irc;ncias pastorais da Igreja do seu tempo" (Cst. 5). Foi assim que
realizou o "carisma profético" de oblato na "oblação reparadora
de Cristo ao Pai pelos homens" (Cst. 6), fazendo de "toda a sua vida
... uma missa permanente' (Cst. 5), um dom para Deus e um dom para os homens.
Oratio
Senhor Jesus, queremos juntar-nos àqueles que, há dois mil anos, e ao longo dos
séculos, procuraram em Ti a saúde, a consolação e o alimento que sacia para a
vida eterna. Sara as nossas feridas do passado, os nossos males do presente e
fortalece-nos para o futuro. Consola-nos com o teu amor, mata-nos a fome com o
teu pão de cada dia, e com o Pão eucarístico. Sacia-nos com o teu Espírito.
Aumenta em nós a feliz esperança, a tensão para o banquete da vida plena e
definitiva que, com o Pai, preparas para todos os povos.
Nós Te bendizemos pela tua compaixão para com os pobres e sofredores, aos
quais revelas o amor misericordioso do Pai.
Nós Te bendizemos pelo pão de cada dia, sinal da tua solicitude por nós. Nós Te
bendizemos pelo Pão da Eucaristia, alimento das nossas almas.
Aumenta em nós a caridade para que, na partilha e no serviço, possamos ser
verdadeiras testemunhas do teu imenso coração de pastor, que cuida e apascenta
as suas ovelhas.
Contemplatio
«A terceira virtude que é preciso honrar no Sagrado Coração, diz ainda o P.
Cláudio de la Colornbíêre, é a sua compaixão muito sensível pelas nossas
misérias, o seu amor imenso por nós apesar destas mesmas misérias, e, apesar
destes movimentos e impressões, a sua igualdade inalterável causada por uma
conformidade tão perfeita à vontade de Deus, que não podia ser perturbada por
nenhum aconteci mente».
Não foi na misericórdia do seu Coração que ele nos visitou: Per viscera
misericordiae in qulbus visitavit nos (Lc 1, 78). Quando Jesus encontra
doentes, mortos, o seu Coração não pode resistir às lágrimas daqueles que os
envolvem. Emudecido de piedade, cura-os, dá-lhes a vida: misericordia motus(lc
7, 13).
Vendo a multidão sem provisões para a sua refeição, tem compaixão dela:
misereor super turbam (Lc 10, 33).
«Este Coração está ainda, quanto isso ainda possa ser, nos mesmos sentimentos,
observa o P. Cláudio de la Colombíere, está sempre ardente de amor pelos
homens, sempre aberto para espalhar todas as espécies de graças e de bênçãos,
sempre tocado pelos nossos males, sempre pressionado pelo desejo de nos dar a
participar nos seus tesouros e a dar-se a si mesmo a nós, sempre disposto a nos
receber, e a nos servir de asilo, de morada e de paraíso, desde esta vida».
Mantendo-me unido ao Coração de Jesus e meditando nos seus mistérios,
participarei cada vez mais nas suas virtudes (leão Dehon, OSP 3, p. 668s.).
Actio
Repete frequentemente e vive hoje a palavra: « Tenho compaixão desta gente» ele
15, 32).
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