QUARTA FEIRA DA 19ª SEMANA
DO TC 12/08/2015
1ª Leitura Deuteronômio 34, 1-12
Salmo 65/66 “Bendito seja Deus que não rejeitou a minha oração”
Evangelho Mateus 18, 15-20
“Se
o teu irmão errar..."
Esse evangelho deveria ser
proclamado solenemente em todas as nossas reuniões pastorais, porque traz
ensinamentos profundos para um desafio sempre presente, e que nunca sabemos
enfrentar: como administrar os conflitos surgidos dentro da comunidade...
Muitas vezes a gente
prefere fazer “vista grossa” diante de certas “briguinhas” entre membros da
comunidade, e quando nos omitimos diante dessas situações, que transformam a
pastoral, o movimento, ou até a comunidade, em um barril de pólvora, pronto
para ir aos ares, estamos fazendo como aquela faxineira desleixada, que empurra
a sujeira em baixo do tapete, fazendo de conta que tudo está limpo. "Aqui
em nossa comunidade as pessoas se amam e se querem bem", como se o ser
humano já fosse em sua essência esse bem supremo. Nesse evangelho somos
convidados a olhar a nossa relação com o próximo, marcada por tantos limites.
No fundo o apelo é, para que nos reconheçamos assim, incapazes de uma relação
perfeita, pois a plenitude do amor faz parte da nossa esperança escatológica,
um dia nós seremos assim como imaginamos, aquela comunidade ideal sonhada por
Lucas no Livro dos Atos, onde todos se amavam...
Até que chegue esse dia tão
esperado, temos que ter muito presente em nossa vida de comunidade, os
ensinamentos do evangelho, tendo uns pelos outros um amor co-responsável que
quer ajudar o outro a crescer, pois assim é a correção fraterna. Se faltar-nos
essa compreensão para com o outro, a nossa alegria nunca estará completa e este
nosso pecado irá contaminar toda comunidade.
A conclusão do evangelho
nos faz pensar seriamente nas relações conturbadas existentes no seio da
comunidade, como é que duas pessoas que não se querem bem, vão orar com toda
assembléia, fazendo diante de Deus um só pedido, uma só prece? Preces que brotam
de corações tomados por ressentimentos, além de não serem ouvidas por Deus,
comprometem a oração de toda assembléia. Que Pai ou Mãe, se alegra ao saber que
um dos irmãos está brigado com o outro? Com Deus é a mesma coisa. Sem
misericórdia, amor e compreensão, não há de se resolver nenhum conflito.
É nesse sentido que Jesus
recomenda a correção fraterna, que só pode ser feita entre irmãos, entre os
quais há uma total liberdade de expressão, é preciso ter humildade, tanto para
fazer a correção como para aceitá-la. A Comunidade é como o circuito de um
aparelho eletrônico, tem que estar bem unido, bem ligado um ao outro, senão a
graça de Deus, conectada a nós pelo Santo Batismo, não fará seus efeitos. Como
é que o amor de Deus vai passar de um irmão para o outro, se há na comunidade
relações que foram rompidas?
As divergências de opiniões
só nos ajudam a crescer, desde que o debate em nossas reuniões, não seja
marcado por velhas mágoas, ciúmes ou inveja, afinal, a nossa unidade se torna
mais consistente na adversidade e no pluralismo de valores, precisamos sim, de
ter oposição, pessoas que pensem diferente, mas que sejam inteligentes e sempre
direcionados ao bem comum e não ao bem particular ou pessoal.
Uma oposição assim, que não
seja burra, enriquece a comunidade e a faz crescer nos valores do evangelho.
Mas que nunca nos falte a consciência de que o Senhor está no meio de nós, que
o Dono da Obra é Ele, somos apenas obreiros, cada um com seus carisma e suas
possibilidades de realizar ações concretas, esse poder, enquanto possibilidade
de fazer sempre o melhor para a comunidade, é sempre muito bem vindo.
Admoestação de Jesus: Se o
teu irmão errar... O ato do erro não é uma exceção, não se trata de uma maça
poder no meio das outras que estão ótimas, pois o erro do outro é oportunidade
para exercemos a caridade, a misericórdia e a compreensão, manifestando um amor
que se sente responsável pelo outro, e só quer ajudá-lo a crescer, e não
humilhá-lo em seu pecado.
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