Domingo, 9 de Agosto de 2015
Tema: Décimo Nono Domingo do Tempo Comum
1Reis 19,4-8: Com a força daquele alimento,
caminhou até o monte de Deus
Salmo 33: Alegrem-se e vejam quão suave é o
Senhor
Efésios 4,30?5,2: Sigam o caminho do amor, a
exemplo de Cristo
João 6,41-51: Eu sou o pão da vida, descido do
céu
41Murmuravam então dele os judeus, porque
dissera: Eu sou o pão que desceu do céu.42E perguntavam: Porventura não é ele
Jesus, o filho de José, cujo pai e mãe conhecemos? Como, pois, diz ele: Desci
do céu?43Respondeu-lhes Jesus: Não murmureis entre vós.44Ninguém pode vir a mim
se o Pai, que me enviou, não o atrair; e eu hei de ressuscitá-lo no último
dia.45Está escrito nos profetas: Todos serão ensinados por Deus (Is 54,13).
Assim, todo aquele que ouviu o Pai e foi por ele instruído vem a mim.46Não que
alguém tenha visto o Pai, pois só aquele que vem de Deus, esse é que viu o
Pai.47Em verdade, em verdade vos digo: quem crê em mim tem a vida eterna.48Eu
sou o pão da vida.49Vossos pais, no deserto, comeram o maná e morreram.50Este é
o pão que desceu do céu, para que não morra todo aquele que dele comer.51Eu sou
o pão vivo que desceu do céu. Quem comer deste pão viverá eternamente. E o pão,
que eu hei de dar, é a minha carne para a salvação do mundo.
Comentário
A narrativa do primeiro livro dos Reis está
muito bem cuidada e cheia de detalhes que fazem desta simples fuga algo mais
profundo e simbólico. Para começar, as alusões ao deserto, aos pais, aos
quarenta dias e quarenta noites de caminho, ao alimento, ao monte de Deus, são
demasiado claras e numerosas para não reconhecer no caminho de Elias o caminho
inverso realizado por Israel no êxodo. Não se trata somente de uma fuga, também
há uma busca das raízes que terminará em um encontro com Deus. Também os
grandes heróis como Elias e Moisés (cf. Nm 11,15) sentiram nossa debilidade.
Elias, desanimado do resultado de seu ministério, foge porque “não é melhor que
seus pais” no trabalho pelo reino de Deus e é melhor reunir-se com eles no
túmulo (v. 4). Quando o homem reconhece sua debilidade, então intervém a força
de Deus (2Cor 12,5.9). Com pão e água, símbolos do antigo êxodo, Elias realiza
seu próprio êxodo (símbolo dos quarenta dias, v. 8) e chega ao encontro com
Deus. Tal como está narrado episódio de Elias fala do caminho, dos empenhos,
das tarefas demasiado grandes para fazê-las com as próprias forças e da
necessidade de caminhar apoiados nas forças do alimento que nos mantém.
A segunda leitura é a continuação desta
exortação apostólica que desce a detalhes falando daquilo que o cristão deve
evitar (aspecto negativo) ou deve fazer (aspecto positivo). Assim, o cristão
pode trabalhar na edificação da igreja e não entristecer o Espírito rompendo a
unidade (4,25-32ª; 4,3). Este modo de viver encontra seu fundamento naquele que
Cristo realizou ou o Pai cumpriu por Cristo. Viver de maneira cristã e viver no
amor como Cristo e o Pai (cf. Mt 5,48).Como o Pai perdoa, assim deve fazer o
cristão (v. 32b); Mt 6,12.14-15).Como Cristo ama e se doa em sacrifício, assim
faz o cristão. A unidade é fruto do sacrifício pessoal. O tema da imitação de
Deus, consequência e expressão de ser filhos seus, revela a referência
evangélica desta exortação de Efésios (cf. Mt 4,43-48). O Espírito é o elemento
determinante do comportamento cristão. Concordando com outras passagens
paulinas sobre o Espírito, nesta sua recepção se vincula (indiretamente) ao
batismo e se considera como selo, marca, que identificará na parusia a quantos
pertencem a Cristo.
O evangelho de João que lemos
hoje começa com o escândalo produzido entre os judeus porque Jesus se equipara ao
pão. Porém, mais ainda porque diz que “desceu do céu”. Para eles isto não tem
explicação pois conhecem Jesus desde a sua infância e sabem quem são seus pais.
Para eles seu vizinho Jesus, visto em sua dimensão meramente humana, não
apresenta nenhuma relação com as promessas do Pai e com seu projeto de justiça,
revelado deste os tempos antigos.
João utiliza esta figura do escândalo e do não
poder ver mais além da dimensão humana de Jesus para dar a conhecer a dimensão
que encerra a pessoa e a obra do Mestre. Em primeiro lugar, adesão a Jesus é
obra também de Deus; é o mesmo quem suscita a fé do fiel e o atrai através de
seu filho. Conhecer Jesus é apenas o primeiro passo no qual se encontram seus
concidadãos, porém, aderir à própria fé a ele é o passo seguinte, e exige um
despojamento total para poder encontrar nele o caminho que conduz ao Pai.
Somente este segundo momento permite descobrir que Deus se revela em Jesus tal
qual é, quer dizer, um Deus intimamente comprometido com a vida do ser humano e
sua história.
Jesus propõe assumir a passagem da vida humana
com um total compromisso. O alimento, que é indispensável para viver, é
utilizado como metáfora para fazer ver que para além da dimensão humana de cada
pessoa, há outra dimensão que requer também ser alimentada. O ser humano
chamado à transcendência de si mesmo, tem que esforçar-se também continuamente
para que seu ciclo de vida não fique somente no material. Assim, pois, o
conhecimento e aceitação da proposta de Jesus alimenta essa dimensão transcendente
do ser humano, que é a entrega total e absoluta à vontade do Pai e a vontade do
Pai não é outra que a busca e realização da Utopia da Justiça no mundo em odos
os âmbitos (reinado de Deus), para que haja “vida abundante para todos” (João
10,10).
Oração
Ó Deus, nosso Pai e nossa Mãe: nós te pedimos
que nos comprometas a fazer crescer “o pão da vida” em todo mundo, para que a
humanidade seja feliz e seja reflexo de tua felicidade e do teu amor. Nós te
pedimos, animados por Jesus, teu Filho e nosso Irmão. Amém.
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