16 de agosto - Sábado - Evangelho - Mt 19,13-15
No Evangelho de hoje dois pontos me chamam atenção. O primeiro é o
fato das crianças se sentirem atraídas por Jesus a ponto de provocar um tumulto
que os próprios discípulos acharam necessário intervir, para depois serem
repreendidos pelo Mestre. Este é um ponto que eu considero interessante porque
se prestarmos atenção, veremos que são pouquíssimas as pessoas que têm esse
“magnetismo” com as crianças. E as características em comum nessas pessoas são:
a doçura, a simplicidade, o sorriso constante, a paciência, a alegria, a
jovialidade, a espontaneidade... Em todos os lugares por onde Jesus passava,
multidões vinham ouvi-lo, e as crianças vinham espontaneamente para que Ele
impusesse suas mãos e orasse por elas. E Jesus se deleitava com isso. Nos
quadros que tentam retratar essa cena, Jesus sempre está sentado, com um olhar
sereno, com cada mão sobre a cabeça de uma criança super-comportada, e mais
umas 3 crianças esperando pacientemente a sua vez... Se eu fosse pintar um
quadro da forma como imagino que aconteceu, seria com dezenas de crianças
correndo, pulando, gritando, brincando e fazendo a maior festa em torno de
Jesus, que se divertia com elas, enquanto alguns discípulos tentavam, em vão,
controlar a bagunça... Jesus sempre ensinou pelo exemplo e pelas palavras. Se
Ele dizia que para entrar no Reino dos Céus, deveríamos ser como crianças,
então Ele próprio se fazia criança, principalmente quando estava entre
crianças.
O segundo aspecto que me fez refletir foi um questionamento para
tentar entender melhor a psicologia de Jesus: Por que Ele deu tanta importância
às crianças,a ponto de dizer que o Reino de Deus é delas, e para quem se faz
como elas? O que Jesus via nas crianças, para chegar a dizer isso? Já ouvimos
muitos dizerem que a criança é espontânea; que pode ficar com raiva, mas no
minuto seguinte já faz as pazes e esquece; que não vê malícia em nada; dentre
tantas outras características... Qual a experiência de Jesus com as crianças? O
que Jesus realmente queria transmitir aos discípulos?
Na leitura da terça-feira, os discípulos queriam saber quem era o
maior no Reino dos Céus. Jesus pegou uma criança e disse: “O maior no Reino dos
Céus é quem se faz pequeno como esta criança.” Aí está uma parte da resposta
aos questionamentos... As crianças já têm seu lugar garantido no Reino dos
Céus, mas quando elas crescem, aos poucos vão perdendo as características de
criança... A inocência vai, aos poucos, ficando pelo caminho... A
espontaneidade, a verdade, a alegria, aos poucos vão dando lugar às máscaras
que colocamos para nos “protegermos” uns dos outros... E vamos ficando, cada
vez mais, na defensiva...
Talvez a característica mais importante da criança que Jesus falava
é a de estar sempre pronta para aprender o que lhe é ensinado. Como um livro
aberto, sem preconceitos... Talvez seja assim que Jesus quer que sejamos...
como crianças que confiam plenamente no que o Pai lhe ensina, e que se jogam
nos braços do Pai com 100% de certeza de que Ele não nos deixará cair no chão.
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