3 Julho
2019
Lectio
Primeira leitura: Génesis 21, 5.8-20
Abraão tinha cem anos quando nasceu Isaac, seu
filho. O filho cresceu até à idade em que deixou de mamar, e nesse dia Abraão
ofereceu um grande banquete. 9Sara viu que o filho que a egípcia Agar dera a
Abraão estava a brincar. 10E ela disse a Abraão: «Expulsa esta escrava e o
filho, porque o filho desta escrava não herdará com o meu filho Isaac.» 11Esta
frase desgostou profundamente Abraão, por causa de Ismael, seu filho. 12Mas
Deus disse-lhe: «Não te preocupes com a criança e com a tua escrava. Faz tudo
quanto Sara te pedir, pois de Isaac há-de nascer a descendência que usará o teu
nome. 13Contudo, farei sair também uma nação do filho da escrava, porque também
ele é teu filho.» 14No dia seguinte de manhã, Abraão tomou pão e um odre de
água, deu-o a Agar e pô-lo sobre os ombros dela; depois, mandou-a embora com o
seu filho. Ela partiu e, embrenhando-se no deserto de Bercheba, por lá andou ao
acaso. 15Tendo-se acabado a água do odre, deixou o filho debaixo de um arbusto
16e foi sentar-se do lado oposto, à distância de um tiro de arco, porque dizia:
«Não quero ver o meu filho morrer.» Sentou-se, pois, do lado oposto e começou a
chorar. 17Deus escutou a voz do menino, e o mensageiro de Deus chamou do céu
Agar e disse-lhe: «Que tens tu, Agar? Nada temas, porque Deus ouviu a voz do
menino, do lugar em que está. 18Ergue-te, vai buscar outra vez o teu filho,
toma-o pela mão, pois farei nascer dele um grande povo.» 19Deus abriu-lhe os
olhos e ela viu um poço onde foi encher o odre e deu de beber ao filho. 20Deus
protegeu o menino. Ele cresceu, residiu no deserto e tornou-se um hábil
arqueiro.
A narrativa do nosso texto deve ser lida em
paralelo com o capítulo 16, pois provavelmente se trata de uma variante da
mesma tradição. O objectivo desta narrativa é o mesmo. Quer mostrar que o
projecto de Deus avança, apesar da mesquinhez humana. Além disso, mais uma vez
se dá uma explicação popular dos nomes de Isaac (v. 9) e de Ismael (v. 17).
O banquete que assinala o desmame do filho da promessa oferece a ocasião para confrontar os dois filhos de Abraão. Esta narrativa, ao contrário da de Gn 16, apresenta Ismael quase da mesma idade que Isaac que brinca com ele. É o suficiente para suscitar os ciúmes de Sara, que pressiona Abraão para que afaste o filho de Sara (. 10). A reacção de Deus, que apoia a posição de Sara, não seria de esperar (cf. v. 12). Mas, mais uma vez, vemos como os caminhos de Deus são diferentes dos nossos. O Senhor convida Abraão a não afastar o filho Ismael, porque também ele será pai de numerosa descendência. É um momento carregado de emoções, bem apresentado pelo autor sagrado. Deus é sempre aquele que escuta o grito do pobre e do oprimido que, neste caso, são Agar e o filho destinado a morrer. O «mensageiro de Deus» abriu os olhos a Agar que viu um poço perto dela e deu de beber ao filho. A intervenção divina deu coragem a Agar e perspectivou um futuro feliz para Ismael. Assim se vão delineando os destinos de dois povos irmãos, os ismaelitas e os israelitas, ainda hoje unidos por um destino de hostilidades e de partilhas.
O banquete que assinala o desmame do filho da promessa oferece a ocasião para confrontar os dois filhos de Abraão. Esta narrativa, ao contrário da de Gn 16, apresenta Ismael quase da mesma idade que Isaac que brinca com ele. É o suficiente para suscitar os ciúmes de Sara, que pressiona Abraão para que afaste o filho de Sara (. 10). A reacção de Deus, que apoia a posição de Sara, não seria de esperar (cf. v. 12). Mas, mais uma vez, vemos como os caminhos de Deus são diferentes dos nossos. O Senhor convida Abraão a não afastar o filho Ismael, porque também ele será pai de numerosa descendência. É um momento carregado de emoções, bem apresentado pelo autor sagrado. Deus é sempre aquele que escuta o grito do pobre e do oprimido que, neste caso, são Agar e o filho destinado a morrer. O «mensageiro de Deus» abriu os olhos a Agar que viu um poço perto dela e deu de beber ao filho. A intervenção divina deu coragem a Agar e perspectivou um futuro feliz para Ismael. Assim se vão delineando os destinos de dois povos irmãos, os ismaelitas e os israelitas, ainda hoje unidos por um destino de hostilidades e de partilhas.
Evangelho: Mateus 8, 28-34
Naquele tempo, 28quando Jesus chegou à outra
margem, à região dos gadarenos, vieram ao seu encontro dois possessos, que
habitavam nos sepulcros. Eram tão ferozes que ninguém podia passar por aquele
caminho. 29Vendo-o, disseram em alta voz: «Que tens a ver connosco, Filho de
Deus? Vieste aqui atormentar-nos antes do tempo?» 30Ora, andava a pouca
distância dali, a pastar, uma grande vara de porcos. 31E os demónios
pediram-lhe: «Se nos expulsas, manda-nos para a vara de porcos.» 32Disse-lhes
Jesus: «Ide!» Então, eles, saindo, entraram nos porcos, que se despenharam por
um precipício, no mar, e morreram nas águas. 33Os guardas fugiram e, indo à
cidade, contaram tudo o que se tinha passado com os possessos. 34Toda a cidade
saiu ao encontro de Jesus e, vendo-o, rogaram-lhe que se retirasse daquela
região.
Mais uma vez, Mateus retoma uma história do
Evangelho de Marcos (Mc 5, 1-20), contando-a de modo mais sintético. Por
exemplo, ao falar dos porcos, refere uma grande vara, e não de cerca de dois
mil porcos, como diz Marcos (5, 2ss.). Mas também amplia pormenores. Por
exemplo, em vez de um possesso, como faz Marcos, fala de dois.
Fundamentalmente, a cena pretende descrever um encontro de Jesus com os pagãos, dominados pelas forças do mal, como já aconteceu no episódio do centurião (Mt 8, 1-17). Mas, enquanto o centurião acreditou e aceitou Jesus, os habitantes de Gádara não crêem e rejeitam-no.
A imagem dos «sepulcros», a força de Jesus diante dos demónios e a sua «fraqueza» diante dos homens faz desta cena o claro reflexo de uma meditação sobre a paixão, incluindo a rejeição pelos homens, bem expressa no pedido dos gadarenos para que Jesus se retire da sua cidade. A expressão «antes do tempo» (v. 29) também indica a relação desta cena com a paixão, quando Jesus, ainda que expulso da cidade santa, irá vencer sobre a força negativa da morte, da dispersão da Igreja, abrindo passagem para que fosse possível «passar por aquele caminho» (v. 28). O poder de Jesus só se revela no mistério insondável da cruz.
Fundamentalmente, a cena pretende descrever um encontro de Jesus com os pagãos, dominados pelas forças do mal, como já aconteceu no episódio do centurião (Mt 8, 1-17). Mas, enquanto o centurião acreditou e aceitou Jesus, os habitantes de Gádara não crêem e rejeitam-no.
A imagem dos «sepulcros», a força de Jesus diante dos demónios e a sua «fraqueza» diante dos homens faz desta cena o claro reflexo de uma meditação sobre a paixão, incluindo a rejeição pelos homens, bem expressa no pedido dos gadarenos para que Jesus se retire da sua cidade. A expressão «antes do tempo» (v. 29) também indica a relação desta cena com a paixão, quando Jesus, ainda que expulso da cidade santa, irá vencer sobre a força negativa da morte, da dispersão da Igreja, abrindo passagem para que fosse possível «passar por aquele caminho» (v. 28). O poder de Jesus só se revela no mistério insondável da cruz.
Meditatio
Comove-nos ler a história de Agar, perdida no
deserto com o seu menino, e profundamente desesperada porque o vê condenado a
morrer de sede. «Não quero ver o meu filho morrer!», exclamou (v. 16). Agar nem
se lembra de rezar. Mas Deus escuta o choro da criança, «e o mensageiro de Deus
chamou do céu Agar e disse-lhe: «Que tens tu, Agar? Nada temas, porque Deus
ouviu a voz do menino... Ergue-te, vai buscar outra vez o teu filho, toma-o
pela mão» (vv. 17-18). A escrava encontrava-se, com o seu filho, numa situação
desesperada. Mas Deus é fiel e intervém. E escutamos as palavras que havemos de
acolher com muita atenção: «Deus abriu-lhe os olhos e ela viu um poço onde foi
encher o odre e deu de beber ao filho» (v. 19). O poço já lá estava. Mas Agar
estava como que cega, por causa do seu desespero, e não o via. A intervenção de
Deus faz-lhe ver a salvação. Quando Deus nos ilumina, conseguimos ver a
realidade das coisas e encontrar soluções para a nossa perplexidade e
incerteza. Há que pedir a Deus a sua luz, a luz do seu Espírito, na oração. Há
que pedi-la também para os que governam este mundo. Ser-lhes-á mais fácil
encontrar soluções justas para tantos conflitos, que cobrem de sangue a terra,
para tantas injustiças, que causam imensos sofrimentos a tantos dos nossos
contemporâneos. Iluminados pelo Senhor, saberão encontrar leis justas e
respeitosas da dignidade das pessoas. Tantas vezes estamos próximos do
Salvador, e não O vemos. Tantas vezes fazemos como os habitantes de Gádara que,
depois do milagre, pediram a Jesus que se afastasse: «Toda a cidade saiu ao
encontro de Jesus e, vendo-o, rogaram-lhe que se retirasse daquela região» (v.
34). Estava a prejudicar os seus negócios mesquinhos? O seu egoísmo cegava-os.
Por isso, não conseguiram ver n´Ele o libertador poderoso contra o demónio!
Não é fácil entrarmos no cumprimento de onda do Senhor, sintonizar com o seu pensamento. Há momentos em que isso se torna particularmente difícil, porque Deus vai mais longe que o nosso humano bom senso. É o que nos ensinam as leituras de hoje. Deus pede a Abraão que apoie a repúdio de Sara. Abraão consente, obedece à palavra, e o Senhor abençoará o bebé, aparentemente condenado a morrer. Para libertar os endemoninhados de Gádara, prejudica a economia dos criadores de porcos... Deus, por vezes, propõe-nos caminhos que não são os nossos, que são exigentes. Mas não exerce violência sobre a nossa liberdade. Deixa-nos sempre livres para optar num sentido ou noutro. Uma coisa é certa: quando a sua palavra nos incomoda, nunca é em vista da morte, mas da vida.
Não é fácil entrarmos no cumprimento de onda do Senhor, sintonizar com o seu pensamento. Há momentos em que isso se torna particularmente difícil, porque Deus vai mais longe que o nosso humano bom senso. É o que nos ensinam as leituras de hoje. Deus pede a Abraão que apoie a repúdio de Sara. Abraão consente, obedece à palavra, e o Senhor abençoará o bebé, aparentemente condenado a morrer. Para libertar os endemoninhados de Gádara, prejudica a economia dos criadores de porcos... Deus, por vezes, propõe-nos caminhos que não são os nossos, que são exigentes. Mas não exerce violência sobre a nossa liberdade. Deixa-nos sempre livres para optar num sentido ou noutro. Uma coisa é certa: quando a sua palavra nos incomoda, nunca é em vista da morte, mas da vida.
Oratio
Senhor, só Tu tens palavras de vida eterna! A
quem iremos pedir ajuda e salvação? Quero agradecer-Te porque, cada dia, a tua
palavra ecoa no meu coração, sempre viva, sempre nova, sempre exigente, sempre
provocante. Que jamais me esconda atrás dos meus cálculos mesquinhos. Que eu Te
siga pelos caminhos da liberdade e do amor, porque sempre lanças os meus
pecados para o fundo do mar, e me dás possibilidade de ressuscitar como nova
criatura, amada por Deus Pai. Amen.
Contemplatio
Jesus viera para operar a grande obra da
reconciliação. Tudo estava preparado e, no entanto, leva uma longa vida de
trinta anos, desconhecida, escondida, em aparência inactiva e inútil. O
Redentor tinha sido prometido ao género humano e anunciado pelos profetas. Os
sinais da sua vinda estavam marcados. Era esperado pelos justos com um ardente
desejo. Prodígios foram realizados na altura do seu nascimento. A própria
natureza manifestou a sua alegria pela vinda do Criador. Uma estrela
maravilhosa surpreendeu os sábios do Oriente e conduziu-os ao presépio. Mas
logo a seguir, que silêncio! Tudo retorna à obscuridade e à calma. Os que
acreditavam verdadeiramente, os que seguiam a atracção da graça, a voz dos
anjos e as inspirações do Espírito Santo, conservavam no seu coração a
recordação dos mistérios que tinham tido um brilho tão curto. Adoravam no
silêncio, na esperança e no abandono, os decretos da sabedoria, do amor e da
misericórdia de Deus. E esta vida obscura, vida de submissão, de trabalho e da
misericórdia de Deus vai durar trinta anos! Quem é que está em condição de
aprofundar as vias da sabedoria, do amor e da bondade de Deus? Quem pode
conceber e contar os actos de virtude destes anos de obscuridade? E então
porquê tudo isto? Porquê esta viagem penosa e longa ao país pagão e idólatra?
Porque Jesus era vítima, porque era libertador e redentor; porque isto
correspondia aos desígnios de misericórdia que os homens não podiam compreender
perfeitamente. (Leão Dehon, OSP 3, p. 41s.).
Actio
Repete frequentemente e vive hoje a palavra:
«Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito» (Lc 23, 46).
«Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito» (Lc 23, 46).
Eu, Jair Ferreira da Cidade de Cruz das Almas, da Diocese Nossa Senhora do Bom Sucesso, leio e reflito sobre as leituras diária dessa equipe colocando em prática no meu dia-dia, obrigado a todos que perde um pouco do seu tempo em refletir passando os seus ponto de vista que o Senhor Jesus Cristo continue iluminando a todos nós. Abraço.
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