12- Quinta
- Evangelho - Lc 17,20-25
Por
Padre Queiroz
O
Reino de Deus está entre vós.
Neste
Evangelho, Jesus, respondendo à pergunta dos fariseus sobre o momento em que
chegaria o Reino de Deus, diz que o Reino de Deus está entre nós.
Jesus
deu o nome de Reino de Deus ao conjunto de todo o novo modo de viver que ele
nos trouxe. “É um Reino eterno e universal, da verdade e da vida, da santidade
e da graça, da justiça, do amor e da paz” (Prefácio da Missa de Cristo Rei).
É
um projeto de humanidade nova e, conseqüentemente, de mundo novo. Ele não chega
ostensivamente, como uma grande e portentosa efeméride, abalando o céu e a
terra.
Os
fariseus, que fizeram a pergunta a Jesus, tinham uma noção muito errada do
Reino de Deus. Eles pensavam que seria um reinado político, como no tempo de
Davi e de Salomão.
O
Reino de Deus é comparado com o alvorecer. A luz do sol já chegou, mas não
plenamente, pois há ainda muita escuridão. Ou, numa comparação ainda mais
bonita, é como a mulher dando à luz. A criança, que é o Reino de Deus pleno,
ainda não nasceu, mas está aparecendo, entre dores, que são os sofrimentos dos
cristãos.
Ele
é uma realidade abranagente. Envolve toda a vida humana, em todas as dimensões.
A Encarnação do Verbo de Deus acabou com a diferença entre profano e sagrado.
Agora toda a realidade humana é sagrada, porque o homem é sagrado.
O
Reino de Deus chegou aqui na terra quando Jesus nasceu. Durante a vida pública
de Jesus, o Reino de Deus deu grandes passos na sua construção, e continua
caminhando até hoje. Mas, de maneira perfeita e completa, foi só na pessoa de
Jesus que o Reino de Deus já se realizou aqui na terra.
Nós
não podemos dizer que o Reino de Deus “está aqui”, ou “está ali”, porque ele
está presente na terra, mas misturado com outro reino oposto, que o livro do
Apocalipse chama de reino da besta fera (Ap 11,7), ou reino da dragão (Ap
13,1-18).
O
Espírito Santo nos dá o dom do discernimento para distinguirmos um do outro.
Onde existe a verdade, a paz, a justiça, o bem, aí está o Reino de Deus. Onde existe
a mentira, a violência, a injustiça, a desobediência a Deus e a falta de fé, aí
está o reino da besta fera. O reino da besta fera leva à morte, o Reino de Deus
leva à vida.
Os
agentes dos dois reinos vivem em conflito. A turma do reino da besta fera já
matou milhares de agentes do Reino de Deus. E os agentes do Reino de Deus já
conseguiu converter milhares de agentes do reino da besta.
O
trabalho de construção do Reino de Deus gera numa luta entre a verdade e a
mentira, a santidade e o pecado, a justiça e a injustiça, a violência e a paz,
o amor e o ódio, a solidariedade e a ganância, a vida e a morte. Muito sangue
já foi derramado nessa luta, e ainda será. Basta ver os mártires. No centro da
luta está a Igreja. Ela é santa, porque seu fundador e santo, é dirigida pelo
Espírito Santo e tem muitas pessoas santas, entre as quais se destaca Maria
Santíssima. Mas é também pecadora, pois nós, seus membros, somos pecadores.
Mas
a nossa luta e a nossa esperança são de que a Igreja seja cada vez mais santa.
Quando um cristão se santifica, toda a Igreja se torna mais santa; quando um
cristão peca, toda a Igreja fica mais pecadora.
Certa
vez, houve uma competição de cegos. O desafio era descer uma montanha de neve,
usando esqui, e ver quem chegava primeiro. Para treinar, eles descaram a
montanha várias vezes.
Mas
cada um deles tinha ao seu lado um esquiador profissional, que ia dando ordens
para ele. O profissional gritava: “esquerda”. “direita”. Enquanto obedeciam aos
comandos, podiam fazer todos ziguezagues do percurso e cruzar a linha de
chegada.
É
assim que o Reino de Deus se constrói. É cada um dando a mão ao outro, suprindo
a sua deficiência, pois todos somos deficientes em alguma coisa.
E
a Santa Igreja tem uma estrela: Maria Santíssima. Ela é “a glória de Jerusalém,
a alegria de Israel e a honra do Povo de Deus”. Que ela nos ajude a ser bons
cidadãos do Reino de Deus.
O
Reino de Deus está entre vós.
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