11 de Março de 2015 - Evangelho - Mt 5,17-19
O breve texto evangélico de hoje é fundamental para determinar a
atitude Jesus e da Igreja primitiva a respeito da antiga lei mosaica. É este
uns dos temas mais difíceis da teologia do Novo Testamento. Os teólogos e
moralistas do tempo de Jesus (os sacerdotes e os escribas), assim como os
leigos piedosos (os fariseus), tinham feito da lei uma coisa absoluta, um
compêndio de toda a sabedoria humana e divina, uma revelação definitiva do
próprio Deus e um guia completo e seguro de conduta, dotada de capacidade
salvadora para o homem.
A maior parte dos membros da primeira comunidade cristã vinham do
judaísmo e eram herdeiros dessa visão totalizante da lei. Foi necessário um
doloroso processo de revisão de atitudes e avaliações para entender a passagem
da antiga para a nova Lei e Aliança em Cristo. As Cartas de São Paulo e a Carta
aos Hebreus, por exemplo, são testemunhas dos difíceis passos desse
desenvolvimento.
Era
muito importante esclarecer a atitude de Jesus perante a lei mosaica. A isso
responde o Evangelho de hoje. Nele Jesus começa afirmando: “Não penseis que vim
abolir a lei ou os profetas; não vim abolir, mas dar-lhes pleno cumprimento”. Entra
aqui em jogo um conceito básico no Evangelho de São Mateus: o cumprimento em
Cristo de tudo o que está escrito na “lei e nos profetas”, a expressão que
resume o Antigo Testamento. Toda lei antiga tinha valor de profecia, cujo
cumprimento se verifica em Cristo, uma vez chegada a plenitude dos tempos
messiânicos e escatológicos inaugurados na Sua Pessoa e mensagem. É assim que
Jesus Cristo eleva a antiga lei mosaica e todo o Antigo Testamento a uma
perfeição de plenitude.
Jesus não vem destruir a lei mosaica, efetivamente; mas também não
veio consagrá-la como intangível – assim a entendiam os escribas e fariseus – o
Senhor, antes, veio dar-lhe com os Seus ensinamentos e conduta pessoal um
alcance novo e definitivo no qual se realiza em plenitude a finalidade que a
lei pretendia. São Paulo afirma expressamente: “O fim da lei é Cristo, para
justificação de todo o que crê”.
Padre
Pacheco
Comunidade Canção Nova
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