8 de Outubro - Quarta
- Evangelho - Lc 11,1-4
No Evangelho de ontem, Jesus responde ao pedido: “Senhor, ensina-nos a orar”, instruindo seus discípulos nos
elementos da oração apropriada, pelo modelo de oração que Ele dá. Hoje, Jesus
enfatiza a importância da fé na oração feita com persistência, conforme aparece
claramente na parábola do amigo à meia-noite.
Nesta parábola, um homem é surpreendido na calada da
noite por um hóspede inesperado e está embaraçado por não ter nada para
alimentá-lo. Para cumprir esta exigência da hospitalidade do Oriente Médio, ele
vai ao seu amigo vizinho, à meia-noite, pedindo três pães. A resposta é abrupta
e insensível: “Não
me importunes; a porta já está fechada, e os meus filhos comigo também já estão
deitados. Não posso levantar-me para tos dar”.
A reação
do suplicante, contudo, é insistir, sem se acanhar, até que seu “amigo” veja
que há menos inconveniência em honrar o pedido do que continuar uma discussão a
essa hora da noite. A moral da história, indicada no versículo oito, é que a
“persistência” ou a “falta de acanhamento” do hospedeiro embaraçado conseguiu
seu objetivo numa situação em que os laços de amizade e de afinidade
mostraram-se ineficazes. Portanto, a aplicação da parábola é para encorajar a
persistência e a fé esperançosa na oração.
“Pedi, e dar-se-vos-á; buscai,
e achareis; batei, e abrir-se-vos-á. Pois todo o que pede recebe; o que busca
encontra; e a quem bate,abrir-se-lhe-á”.
É
importante reconhecer que esta parábola é simplesmente ilustrativa e não
simbólica, pois Deus não é certamente um amigo insensível e de má vontade e Ele
não nos vê como vizinhos importunos, desavergonhados. O argumento, então,
raciocina do menor para o maior, do pior para o melhor. Se verdadeiramente
somos amados de Deus em vez de desprezados, e se Ele está ansioso – antes que
hesitante – para ouvir nossos pedidos, por que a fidelidade na oração não
produziria não somente um ouvido atento, mas uma boa vontade em dar tudo o que
pedimos que for consistente com sua sabedoria divina?
Jesus completa suas instruções em Lucas 11 sobre a
fidelidade na oração indo além da certeza de que Deus ouve a oração de seu
filho, a uma concentração no objeto da súplica. Enquanto há, certamente,
exemplos de abusos cometidos contra crianças em volta de nós, a maioria das
pessoas – não importa se são más – não dão intencionalmente aos seus filhos
presentes perigosos: “Se
vós, que sois maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais o
Pai celestial dará o Espírito Santo àqueles que lho pedirem?”
Novamente,
o argumento é feito contrastando o pior com o melhor. Se podemos confiar nos
humanos para fazerem a coisa certa pela razão errada ou por causa da “afeição
natural” por seus filhos, não podemos ser absolutamente confiantes em que Deus,
que é mais do que apenas um amigo e pai, tanto ouvirá como dará suas melhores
dádivas (seu Filho e a influência de seu Espírito) àqueles que lhe imploram
persistente e fielmente?
Esta mensagem
de Lucas 11 deve fazer do seu coração o lugar da acolhida do projeto de Deus em
sua vida. Com fé, esperança e confiança, bate à porta, suplique, chore
apresentando todas as suas preocupações. Tenho a plena certeza de que o Senhor
ouvirá, atenderá e responderá abundantemente de acordo com a qualidade da nossa
oração.
O
desafio se chama persistência, disciplina e fidelidade na oração. Portanto,
como disse Paulo aos novos convertidos de Tessalônica também digo a você: “Reze
sem cessar”, ou seja: “Não pare de rezar!”
Padre Bantu Mendonça
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