09 de Setembro -
Terça - Evangelho - Lc 6,12-19
Escolheu doze dentre eles, aos quais deu o nome de Apóstolos.
Hoje é com alegria que nós celebramos dois Apóstolos: S. Simão e S.
Judas Tadeu. Conforme o evangelista S. Marcos (Mc 6,3), eles eram primos de
Jesus.
S. Simão é natural de Caná da Galiléia (Cf Mc 3,18). Ele pertencia ao
partido político dos Zelotas, que tinha por objetivo libertar o País dos
romanos.
Jesus gostava desse tipo de gente, mesmo que não concordasse às vezes
com as idéias deles. Veja o caso de S. Paulo, que era um jovem comprometido em
acabar com os cristãos, porque achava que isso era um bem. Sinal que ele era
uma pessoa de ideal, alguém que abraça uma causa e luta por ela.
O que Jesus detestava eram essas pessoas sem posição, sem marca, sem
identidade nem ideal, que, nos conflitos, ficam em cima do muro. “Porque és
morno, nem frio nem quente, estou para vomitar-te de minha boca!” (Ap 3,16).
As pessoas amorfas são presas fáceis da sociedade de consumo. Elas não
têm opinião formada sobre nada. Não são contra nem a favor, muito pelo
contrário. Nós as chamamos de maria-vai-com-as-outras.
Segundo a tradição, S. Simão pregou o Evangelho no Egito, onde morreu
mártir.
S. Judas é mais conhecido nosso. É o “santo das causas difíceis”. Seu
pai se chamava Tiago. Ele pregou na Palestina, na Síria, na Mesopotâmia, na
Armênia e na Pérsia. Foi morto a machadadas. Por isso que é apresentado com uma
machadinha ao lado.
O evangelista S. João traz uma passagem onde aparece S. Judas: Disse
Jesus: “Quem acolhe e observa os meus mandamentos, esse me ama. Ora, quem me
ama será amado por meu Pai, e eu o amarei e me manifestarei a ele. Judas (não o
Iscariotes) perguntou-lhe: Senhor, como se explica que tu te manifestarás a nós
e não ao mundo? Jesus respondeu: Se alguém me ama, guardará a minha palavra;
meu Pai o amará, e nós viremos e faremos nele a nossa morada” (Jo 14,21-23).
Está aí a explicação por que as pessoas que desobedecem os mandamentos acabam
se desviando na fé. Deus só se manifesta aos que observam os seus mandamentos.
S. Judas tem uma carta na Bíblia. É curtinha, tem apenas uma página, mas
é riquíssima.
Ele cita, por exemplo, a ganância: “Os gananciosos apascentam a si
mesmos. Por isso, são como nuvens sem água, que são levadas pelo vento; e como
árvores frutíferas que não dão fruto, e por isso são cortadas pelo agricultor.
São também como as ondas bravias do mar: fazem espumas bonitas, mas em poucos
segundos acaba tudo. São ainda como meteoros à noite no céu: brilham, mas logo
depois volta a escuridão”.
Veja outra passagem da carta: “Rezem, e mantenham-se unidos no amor de
Deus. Procurem convencer os vacilantes. E não se deixem contaminar pelos maus
costumes dos pagãos”.
E ele termina com uma oração: “Ao Deus único, que nos salva por meio de
Jesus Cristo, nosso Senhor, glória, majestade, domínio e poder, desde antes de
todos os séculos, agora e por todos os séculos. Amém.”
O Evangelho de hoje é próprio da festa. Ele narra o chamado de Jesus aos
Apóstolos. O texto começa dizendo: “Jesus foi à montanha para rezar, e passou a
noite toda em oração a Deus. Ao amanhecer, chamou seus discípulos e escolheu
doze entre eles”.
Alguns discípulos subiram com Jesus a montanha, outros ficaram na
planície. Já foi uma pré-seleção, que partiu dos próprios discípulos. Afinal,
eles iam passar o noite toda rezando, e isso não é fácil.
Eles fizeram, ao mesmo tempo, oração e penitência, passando a noite
acordados. No outro dia, estavam preparados para ouvir Deus falar.
“Ao amanhecer, Jesus chamou seus discípulos e escolheu doze dentre eles,
aos quais deu o nome de apóstolos”. A oração nos ajuda a fazer o que Deus quer.
Ao descerem da montanha, viram “uma grande multidão”. Sinal que estava
mesmo na hora de Jesus arrumar auxiliares.
Certa vez, uma sementinha se recusou a cair numa terra molhada, cheia de
esterco e mal cheirosa. Ela disse: “Eu não! Estou limpinha, bonitinha, agora
cair no meio deste esterco?”
A sua mãe, a flor, lhe disse: “Filha, tenha coragem. Eu também era uma
sementinha como você, e olhe como sou bonita hoje. Isso porque eu tive coragem
de ficar no meio da terra molhada e cheia de esterco”.
Os primeiros passos da nossa vocação são sempre difíceis, mas depois vem
o prêmio de Deus por atendermos ao seu chamado. E Jesus disse: “Eu estarei
convosco todos os dias”. Pronto, se ele está conosco, ele que é Deus, não
precisa mais nada. A confiança em Deus nos dá coragem para arriscar, e caminhar
rumo ao invisível. Isso porque Alguém, que nos ama, está vendo tudo.
Vamos apresentar a Maria Santíssima e aos Apóstolos S. Simão e S. Judas
as nossas causas difíceis, e tudo o que precisamos, para que intercedam por
nós.
Escolheu doze dentre eles, aos quais deu o nome de Apóstolos.
Padre Queiroz
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