23º DOMINGO TEMPO COMUM
Evangelho - Mt 18,15-20
7 de Setembro de 2014 -
Ano A
CORREÇÃO
FRATERNA-José Salviano
Jesus nos
apresenta uma sequência de procedimentos os quais devemos recorrer ou aplicar
diante do desvio de conduta do nosso irmão, antes de condená-lo, antes de excluí-lo, antes de o considerar um pagão, um pecador público.
1ª LEITURA - EZ
33,7-9
Deus nos cobrará, nos pedirá conta
pela morte do ímpio que se foi em estado de pecado. Porque nós, que somos os
profetas atuais, temos a obrigação de advertir os nossos familiares, amigos,
assim como a todos que poderemos alcançar com a nossa catequese, sobre o perigo
que ameaçam as suas salvações, pelo fato de terem se desviado do caminho de
Deus. Se não avisarmos os nossos irmãos a respeito de sua conduta errada e eles
morrerem em pecado, a responsabilidade será nossa. Deus irá cobrar de nós, pela
nossa omissão, e pelo nosso comodismo de nos preocupar somente com a nossa
salvação, nos esquecendo dos demais.
E uma vez tendo nós cumprido o nosso
dever de avisar ao nosso irmão sobre o mau uso de sua liberdade, e ele vier a
morrer em pecado, a responsabilidade será dele.
2ª LEITURA - RM 13,8-10
Paulo
neste texto nos explica sobre o amor fraterno em relação ao cumprimento da Lei.
Conheci uma jovem rica porém, muito infeliz. Ela falava chorando que o seu pai
não lhe dava a menor atenção, e quando ela reclamava do fato dele ser um pai
ausente, ele respondia: O que você quer mais? Eu não lhe dou tudo? Referindo-se aos muitos presentes que dava a
todos da família, mas eram só presentes, desprovidos, ou desacompanhados de
qualquer carinho, afeto e atenção.
Caríssimos. O que Paulo está nos dizendo é o
seguinte: Que o principal dever nosso para com o irmão, é o amor fraterno. Atenção sincera, ajuda mútua, partilha,
respeito, inclusão, etc. Pois ao agir assim, estamos cumprindo a Lei de Deus.
Ao
contrário daqueles que pensam em apenas presentear o irmão, e amar a Deus sem
se importar com as carências do próximo, não está agindo de acordo com a Lei. O cristão teórico e prático é aquele que
assume o seu semelhante de forma plena, no plano espiritual, e não somente de
forma material. Pois todos os mandamentos: Não matarás, não roubarás, não
cobiçarás, etc, se resumem no amor que devemos ao nosso próximo, o qual deve
ser igual ao amor próprio, deve ser igual a tudo o que desejamos de melhor para
a nossa pessoa.
EVANGELHO - MT 18,15-20
O
nosso relacionamento com as pessoas partindo da família, é uma coisa muito
complicada, por causa do egoísmo, da usura, da ânsia de domínio, pela ação
direta do demônio, pela nossa carência afetiva...
Muitas
vezes, os desentendimentos entre os familiares precisam ser resolvidos com a
ajuda de uma terceira pessoa que nem é daquela família, mas sim uma amiga, um
amigo neutro, imparcial, que está enxergando com clareza a verdadeira causa do
atrito de uma forma racional e não subjetiva. É bom que os irmãos em
desentendimento recorram a um amigo, amiga de verdade, para remediar, para acalmar
os ânimos, que não passam de "picuinhas" bobas, geradas pela falta de
Deus nas mentes dos envolvidos em combates frontais.
Jesus
nos apresenta uma sequência de procedimentos os quais devemos recorrer ou
aplicar diante do desvio de conduta do nosso irmão, antes de condená-lo, antes
de o excluí-lo, antes de o considerar um pagão, um pecador público.
"Em
verdade vos digo,tudo o que ligardes na terra será ligado no céu,e tudo o que
desligardes na terra será desligado no céu."
Meus irmãos, minhas
irmãs. Neste Evangelho, vamos entender que esta famosa ordem, esta famosa
frase, não foi dita por Jesus somente a Pedro, mas sim também estendida para
toda a Igreja enquanto comunidade orante e praticante da fraternidade, e unida
pelo amor de Cristo Jesus. Ou seja, a comunidade católica depois de usar todos
os recursos de reabilitação, de conversão, de re-inclusão da irmã, do irmão,
desgarrado pela sua má conduta, poderá deixá-lo de lado. E a força desse ato somente se deve ao fato
de que os membros dessa comunidade eclesial, esteja reunida em nome de Cristo,
e não em nome do egoísmo pessoal de cada um, ou de um líder que se arvora em
fazer a cabeça do grupo só por que ele não vai com a cara do condenado em
questão.
As leituras de hoje nos mostram que o amor ao próximo, que a correção fraterna não é uma coisa teórica, mas sim, deve ser expressado em atitude, deve ser exercido na prática, ao começar pela nossa casa.
Pais,
mães e principalmente avós bonzinhos e boazinhas que permitem os jovens fazerem
tudo o que lhe vier na cabeça para não os melindrar, é uma das causas de tantos
drogados, de tantas uniões sem Deus.
A
nossa omissão é também a causadora de muitos males no mundo. Pelo fato de que
ninguém gosta de ter os seus erros apontados, nós ficamos com medo, nos
acomodamos e para não ofender o irmão, acabamos contribuindo para a sua
perdição. Amigo de verdade é aquele que
vê os nossos defeitos, cita-os e nos perdoa. Mas os amigos, os filhos, e demais
irmãos, não pensam assim. Quando apontamos os seus defeitos, eles travam sua
amizade conosco, e vão procurar se apoiar em outros amigos que os aceitam do
jeito que eles são: Pedófilos, drogados, fugidos do lar, revoltados com os pais
e com a sociedade.
Não
sejamos omissos diante do desvio de conduta do nosso irmão. Tentamos de tudo,
sem medo de nos tornar intransigentes. Uma vez que nos esforcemos pela sua
recuperação física religiosa e moral e não deu certo, mesmo assim não
desistamos. Rezemos por ele, por ela, sem parar. Façamos a nossa parte, e
pedimos a Deus para que tenha piedade daqueles que precisam de ajuda.
Muitos
preferem dizer: Não temos nada a ver com a conduta dos outros. Cuidemos da
nossa vida. Isso é pura omissão. Mas o pior, é que pessoas que pensam e agem
desse jeito, não ignoram por completo o irmão, a irmã desgarrada, e sim fazem
fofocas, falam mal, cochicham, em vez de ajudar, em vez de dar a mão para que
levantem da sarjeta em que se meteram.
A
correção fraterna faz parte do amor aos filhos, do amor ao próximo, do amor de
Deus para conosco. Deus nos ama, Deus nos orienta e nos corrige. Os pais amam
os filhos e não os querem fracassados, condenados, presos. Daí, a necessidade
de correção. Mas precisa ser correção fraterna!
Os
pais enfrentam uma grande dificuldade na orientação de seus filhos
adolescentes. Porque quando eles eram crianças, tinham os pais como seus
heróis, e depositavam neles toda sua confiança. Até seguravam em suas mãos ao
caminhar pelas ruas. Depois que
cresceram mais um pouco, seus novos heróis não são mais os pais, mas sim, os
artistas, os cantores, os amigos, os namorados as namoradas. E é exatamente aí
que mora o grande perigo! Pois esses novos heróis, nem sempre são modelos de
vida em abundância a serem copiados e seguidos.
Todos
nós necessitamos uns dos outros para viver nossa fé. Nos mostrando os nossos
defeitos, para nos ajudar a combater o nosso egoísmo e viver o pleno amor de
Cristo que é demonstrado na prática ou na convivência fraterna. A Igreja reúne
uma comunidade unida pelo amor de Cristo, na qual aprendemos que Jesus exige
que não sejamos omissos diante do desvio, diante do nosso irmão desgarrado, e
que não o deixemos seguir um caminho errado em sua vida. Jesus exige que não o
deixemos seguir em frente até cair no precipício. Mas essa correção fraterna
deve ser efetuada com bondade, compaixão paciência, sem humilhar o nosso irmão
que como ovelha, se desviou do rebanho.
O
fato de alguém não fazer nenhum ato de maldade ao irmão, não significa que está
praticando os ensinamentos de Jesus. O fato de não matar, não roubar, não
significa que você é plenamente bom para o seu irmão, não significa que você
está fazendo plenamente a vontade do Pai. Não praticou o mal, porém, não fez
nenhum bem! Se omitiu, negligenciou, na
responsabilidade que Jesus nos exige na correção para com o irmão. Portanto,
você não demonstrou que ama verdadeiramente o seu próximo. Meus irmãos. Jesus
quer que sejamos responsáveis por nossos semelhantes, não devemos ficar no
comodismo, mas sim, ajudá-los a ser sempre alguém melhor, a ser cristãos
autênticos.
Vai e faça o mesmo. Bom domingo.
José Salviano.
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