QUINTA FEIRA DA 23ª SEMANA
DO TC 11/09/2014
1ª Leitura 1 Coríntios 8,
1b.7.11-13
Salmo138 (139), 24 b
“Conduzi-me pelo caminho da eternidade, ó Senhor!”
Evangelho Lucas 6, 27-38
“AMAR OS INIMIGOS!”
Este é um
evangelho daqueles bem desconcertantes, porque em tempo em que se cometem
crimes horrendos que chocam a opinião pública, praticados por bandidos cruéis,
há no coração do povo um sentimento de vingança. Um pouco pela própria natureza
humana, que diante de uma agressão pensa na vingança como forma de punir o
agressor, mas este sentimento é também calcado no coração das pessoas pela
mídia sensacionalista que mistura indignação, ódio e vingança, enfiando tudo
goela abaixo do povo que a toma como uma verdade absoluta sendo que a proposta
é sempre a mesma: eliminar a árvore, porém sem mexer em sua raiz, eliminar o
efeito sem se preocupar com a causa.
“Amai os
vossos inimigos, fazei o bem aos que vos odeiam, abençoai os que vos maldizem e
orai pelos que vos injuriam” Para muitos cristãos este evangelho é difícil de
ser praticado e então o empurram para baixo do tapete, como fazemos com aquela
“sujeirinha” inoportuna, quando não queremos fazer uma faxina pra valer em
nossa casa. Primeiramente é bom que se esclareça algo muito importante: Jesus
não fez esse ensinamento a toda multidão, mas apenas aos que o ouviam, isto é,
aos seus discípulos, os mesmos para os quais já havia dito no sermão da
planície, a frase revolucionária “Feliz os pobres porque deles é o Reino de
Deus”.
Mas afinal
de contas quem é o nosso inimigo? É todo que nos faz ou nos deseja algum tipo
de mal, de pequenas ou de grandes proporções. A inimizade existe em todo lugar,
escola, trabalho, família, vizinhança, esporte, e até em lugar onde ela nunca
deveria existir: na comunidade, entre ministros, agentes pastorais, dirigentes,
coordenadores e obreiros. Diante desse evangelho, imediatamente pensamos nas
situações críticas da sociedade onde assistimos a confronto de classes, chacinas,
extermínios, atos de violência explícita no confronto entre nações. Então um
sentimento de impotência nos domina e achamos que nada há para se fazer a não
ser rezar.
Mas a
coisa mais importante que devemos fazer, de maneira bem prática, é olharmos
mais perto, para o nosso quotidiano onde nos relacionamos com as pessoas. Que
sentimentos alimentamos, com nossos gestos, palavras e atitudes? A quem devemos
ouvir e dar razão: ao mundo que propõe a vingança e o extermínio de quem
pratica o mal, ou ao evangelho de Cristo, que nos ensina o amor, o perdão e a
misericórdia?
Jesus não
condena uma pessoa que quer justiça e vingança contra alguém que lhe fez mal.
Esta é uma reação humana, perfeitamente compreensível e natural, de acordo até
com um ensinamento bíblico do Antigo Testamento, de que se deve fazer o bem a
quem nos faz o bem, e o mal a quem nos deseja o mal, é a lei do talião, olho
por olho e dente por dente, fato que acontece com o melhor e mais santo dos
cristãos .Somos homens desta terra, descendentes de Adão e irmãos de Caim, que
cometeu o primeiro crime da história ao matar seu próprio irmão Abel por ciúmes
e inveja.
Porém,
lembra-nos o apóstolo Paulo na segunda leitura, o Espírito vivificante nos
transformou em Homens celestiais a partir da graça que Jesus nos concedeu, dom
imerecido que nos santifica e nos configura ao próprio Cristo, portanto
capacitados para viver na relação com o próximo, aquele único e verdadeiro amor
com o qual Deus nos ama em seu Filho Jesus.
A proposta
desse jeito novo de se relacionar é apenas para os discípulos do Senhor que
hoje são todos os que crêem e são batizados, vivendo em comunidade com os
irmãos e irmãs. É aí que devemos trabalhar no sentido de superarmos na graça de
Deus, qualquer sentimento de ódio, mágoa ou vingança, contra alguém que nos fez
o mal.
Da
comunidade vamos para a família e desta para o nosso ambiente de trabalho, é
isso que Jesus pede de nós nesse evangelho, pois somente nos exercitando no
amor, na misericórdia e no perdão, com as pessoas com quem convivemos, é que
teremos a coragem de anunciar o evangelho falando o contrário do que o mundo
nos ensina.
Somente
assim estaremos sendo Filhos do Altíssimo, imagem e semelhança do Pai de
Misericórdia que em Jesus nos ama, jamais nos tratando segundo as nossas faltas.
Então o primeiro passo nesse processo de conversão, é reconhecermos que somos
imperfeitos, ainda uma imagem muito distorcida de Deus que é todo perfeição e
santidade. Dado este primeiro passo, a graça transbordante do Senhor, em um
processo dinâmico de conversão, nos configurará a Cristo, imagem perfeita do
Amor de Deus vivido com os irmãos.
Diácono
José da Cruz
Paróquia
Nossa Senhora Consolata – Votorantim SP
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