Domingo, 10 de agosto de 2014
19º Domingo do Tempo Comum
São Lourenço, Diácono, Mártir (Festa).
Outros Santos do Dia:Astéria de Bérgamo (virgem, mártir), Aurélio (mártir, venerado em Cutigliano), Bassa, Paula e Agatônica (virgens, mártires), Deusdedit de Roma (leigo), Gerôncio da Danônia (rei, mártir), Irineu (mártir, venerado em Cutigliano), Tiento e Companheiros (monges, mártires).
Outros Santos do Dia:Astéria de Bérgamo (virgem, mártir), Aurélio (mártir, venerado em Cutigliano), Bassa, Paula e Agatônica (virgens, mártires), Deusdedit de Roma (leigo), Gerôncio da Danônia (rei, mártir), Irineu (mártir, venerado em Cutigliano), Tiento e Companheiros (monges, mártires).
Primeira leitura:Reis 19,9a.11-13a
Permanece sobre o monte na presença do Senhor.
Salmo responsorial:Salmo 84(85),9ab-10.11-12.13-14 (R.8)
Mostrai-nos, ó Senhor, vossa bondade, e a vossa salvação nos concedei!.
Segunda leitura: Romanos 9,1-5
Eu desejaria ser segregado em favor de meus irmãos.
Evangelho:Mateus 14,22-33
Manda-me ir ao teu encontro, caminhando sobre a água.
Permanece sobre o monte na presença do Senhor.
Salmo responsorial:Salmo 84(85),9ab-10.11-12.13-14 (R.8)
Mostrai-nos, ó Senhor, vossa bondade, e a vossa salvação nos concedei!.
Segunda leitura: Romanos 9,1-5
Eu desejaria ser segregado em favor de meus irmãos.
Evangelho:Mateus 14,22-33
Manda-me ir ao teu encontro, caminhando sobre a água.
Entre os primeiros profetas de Israel surgem duas figuras que brilham
com luz própria: Samuel e Elias. A tradição bíblica concedeu a eles um lugar de
destaque, não somente pelo momento crítico em que agiram, mas, sobretudo pela
radicalidade com que assumiram a causa de Javé. A teofania do monte Horeb
constitui o centro do que se convencionou chamar o “ciclo de Elias”, isto é, a
coleção de relatos que tem este profeta como protagonista (1R 17,1 – 2Rs 2,1-12).
Nessa época havia grande confusão e a fidelidade a Javé e às suas leis
estava só no faz de conta, porque o rei havia introduzido cultos a deuses
estrangeiros
(1Rs 16,31-32).
Os novos deuses legitimavam a violência, a intolerância e a
expropriação como meios para garantir o poder. Elias levanta sua voz contra
estes atropelos e vê na seca que açoita o país as consequências do castigo
divino. Elias, então, em meio às perseguições e ameaças, começa uma campanha de
purificação da religião israelita. Contudo, suas iniciativas produzem o efeito
contrário e a opressão, a violência e a perseguição ficam ainda mais agudas.
Cansado e desanimado, Elias se dirige ao monte Horeb onde descobre que
Deus não se manifesta nos elementos telúricos, na tormenta imponente ou no fogo
abrasador, mas na brisa fresca e suave que acaricia o rosto e o convida a tomar
outro caminho para tornar realidade a vontade do Senhor.
Depois do massacre do monte Carmelo (1Rs 18,20-40), Elias, sem
abandonar a denúncia das injustiças (1Rs 21,1-29) e aberrações (2Rs 1,1-18),
opta por animar um grupo de discípulos para que continuem sua missão (2Rs
2,1-12).
Elias descobriu assim que pela via da violência não se consegue nada,
nem mesmo que seja a favor de causas justas. A força da espada pode se impor a
um grupo de pessoas, porém não pode garantir a paz, o respeito e a justiça.
O evangelho mostra outra tentação na qual podem cair os seguidores de
Jesus quando não estão certos dos fundamentos de sua própria fé. A cena da
“tempestade acalmada” evoca a imagem de uma comunidade cristã, representada
pela barca, que adentra no meio da noite em um mar tormentoso. A barca não está
em perigo de afundar, porém os tripulantes se abandonam aos sentimentos de
pânico. Tal estado de ânimo os leva a ver Jesus que se aproxima como um
fantasma saído da imaginação. É tão grande o desconcerto que não atinam em
reconhecer nele o mestre que os havia orientado no caminho para Jerusalém. A
voz de Jesus acalma os rumores, porém Pedro, levado pela temeridade, se lança a
desafiar os elementos adversos. Pedro duvida e afunda, porque não acredita que
Jesus possa se impor aos “ventos contrários”, às forças adversas que se opõem à
missão da comunidade.
Este episódio do evangelho mostra como as comunidades podem perder o
horizonte quando permitem que o temor aos elementos adversos seja o motivador
das decisões e não a fé em Jesus. A temeridade pode levar a desafiar os
elementos adversos, porém somente a fé serena no Senhor nos dá força para não
afundarmos em nossos temores e inseguranças. Da mesma forma que Elias, a
comunidade descobre o autêntico rosto de Jesus em meio à calma, quando o vento
impetuoso contrário cede e aparece uma brisa suave e que empurra as velas na
direção da outra margem.
Nossas comunidades estão expostas à permanente ação de ventos
contrários que ameaçam destruí-las; contudo, o perigo maior não está fora, mas
dentro da comunidade. As decisões motivadas pelo pânico ante às forças adversas
podem nos levar a ver ameaçadores fantasmas em lugar de reconhecer a presença
vitoriosa do ressuscitado. Unicamente a serenidade de uma fé posta
completamente no Senhor ressuscitado permite colocar nosso pé descalço sobre o
mar impetuoso. O evangelho nos convida a enfrentar todas aquelas realidades que
ameaçam a barca, animados pela fé segura e exigente que nos impele como suave
brisa para a outra margem do Reino.
É fácil ver que os conflitos de justiça entre pobres e ricos no Antigo
Testamento não são uma peculiaridade da história de Israel… mas um elemento
quase “essencial”, lamentavelmente presente em toda sociedade. As apelações a
um ou outro tipo de imagem de Deus, não é senão talvez um reflexo das lutas que
na sociedade se dá entre as forças utópicas profundas do subconsciente coletivo
e os egoísmos humanos de grupos e de pessoas.
Então, e também agora, se debatem essas forças no campo do imaginário e
do discurso religioso, como era “natural” a esse tipo de sociedade. Estamos
entrando em um tipo de sociedade na qual pelo efeito do que Guiddens chama de
“destradicionalização”, a dimensão religiosa institucional tradicional perde
força, se torna menos plausível, e nas sociedades avançadas (próximas ao que se
chama tecnicamente “sociedades do conhecimento”) se torna simplesmente
ininteligível. Como continuará historicamente a defesa dos pobres e da justiça
nas sociedades avançadas (e na nossa, qualquer que seja, no futuro) quando o
discurso e o imaginário religioso não estão disponíveis para levar adiante essa
luta entre a utopia em favor da justiça e os interesses egoístas?
Muitas narrativas dos evangelhos são simbólicas, teológicas, não
históricas. Não são uma narrativa objetiva do que realmente passou. Nem era
essa a intenção do evangelista ao incorporar esse texto ao evangelho. Porém,
durante mais de um milênio e meio a cristandade entendeu aquelas narrativas ao
pé da letra como fatos reais. Todavia, muitas pessoas ainda as entendem assim.
É um belo problema…
Oração: Ó Deus, força viva, criadora, energizante, elevante, que nos
atrais sem manifestar-te e nos seduzes sem entregar-te, em atravessar nem
romper nunca o leve opaco véu que nos separa e nos comunica… Faze-nos sentir
tua presença na profundidade de tudo que existe, na natureza, porém também na
história, na terra como no céu, no passado como no futuro, em nossa religião
como também nas religiões de todos os povos. Nós sentimos tua presença
especialmente próxima em Jesus de Nazaré e no mesmo Espírito que ele
manifestou, nós te sentimos presente, a ti e a tudo que existe.
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