03 de agosto- DOMINGO - Evangelho - Mt 14,13-21
Ergueu os olhos para o céu e pronunciou a bênção. Em seguida partiu
os pães e os deu aos discípulos. Os discípulos distribuíram às multidões.
O Evangelho de hoje narra o milagre da multiplicação dos pães. O
evangelista começa dizendo: “Quando soube da morte de João Batista, Jesus
partiu e foi de barco para um lugar deserto e afastado”. Jesus percebeu o
perigo para ele também, e não queria morrer, é claro. Ele queria viver na terra
cem anos ou mais, para fazer o bem.
O lugar deserto e afastado ajuda também a oração e o descanso.
Afinal, ninguém é de ferro. De vez em quando precisamos dar uma escapada. O
ativismo é orgulho disfarçado em zelo. A pessoa pensa que é insubstituível.
“Mas quando as multidões souberam... seguiram a pé. Ao sair da
barca, Jesus viu uma grande multidão.” As multidões foram a pé e chegaram antes
da equipe. Sinal que a barca de Pedro não era das melhores, pois era bastante
lenta. As pessoas sabiam que seriam bem recebidas por Jesus, como de fato
foram, apesar de ele ter-se retirado para descansar, com os Apóstolos. Jesus
nunca acolheu mal a ninguém. Por isso que as pessoas se aproximavam dele sem
nenhum medo. Imagine quando Jesus e os Apóstolos desembarcaram! O povo lhes
disse: “Oi! Estamos aqui”. O certo é que o plano deles de descansar foi água
abaixo.
Em vez de ficar bravo, Jesus “encheu-se de compaixão por eles e
curou os que estavam doentes”. Quem tem compaixão pensa mais nos outros do que
em si mesmo. Jesus curava mais os doentes do que as doenças. Deus é capaz de
transformar as nossas doenças em bem, tanto para nós como para os outros. Vamos
pedir esta graça a Jesus: amar os doentes e fazer o que pudermos por eles,
especialmente trazendo-lhes a paz.
“Ao entardecer, os discípulos aproximaram-se de Jesus e disseram:
Este lugar é deserto... Despede as multidões, para que possam ir aos povoados
comprar comida! Jesus porém lhes disse: Eles não precisam ir embora. Dai-lhes
vós mesmos de comer!” Os discípulos pensavam que a missão de Jesus era cuidar
só do lado espiritual, não do material, como a questão da fome. Graças a Deus
que as nossas Comunidades cristãs não são assim. Elas cuidam do corpo também,
amam a pessoa inteira, como Jesus amava. A metade das pastorais das nossas
paróquias são direcionadas ao corpo: vicentinos, pastoral da criança,
albergue... E a outra metade à alma, ao espiritual: catequese, ministros da
eucaristia, coroinhas, terço... De fato, a fome de Deus e a fome de pão se
misturam. Querer separá-las é um pecado!
“Os discípulos responderam: Só temos aqui cinco pães e dois peixes.
Jesus disse: Trazei-os aqui.” Deus não costuma iniciar as boas ações, pois esta
é missão nossa. Depois de iniciadas por nós, Deus as abençoa e multiplica o
pouco que temos. Isso, em qualquer campo, mesmo em relação às nossas
capacidades. É neste primeiro passo, dando o que temos, por pouco que seja, que
mostramos a fé, a qual é condição sine-qua-non para a graça de Deus agir em
nós.
“Jesus mandou que as multidões se sentassem na grama.” A
organização do povo é fundamental. Povo unido e organizado jamais será
superado.
“Então pegou os cinco pães e os dois peixes, ergueu os olhos para o
céu...” A oração é a expressão da nossa fé e do nosso amor filial a Deus. No
fundo, a única coisa que queremos é agradar a Deus.
“Em seguida partiu os pães e os deu aos discípulos. Os discípulos
distribuíram às multidões.” Foi só Jesus repartir aquele pouco que a equipe
tinha, todos repartiram também o que eles tinham, pronto, realizou-se o
milagre, o milagre da partilha e da solidariedade. Repartir atrai a bênção de
Deus, e a bênção multiplica o pouco que repartimos. Esta multiplicação continua
acontecendo em todos os tempos e lugares, nas Comunidades, nas pastorais, nos
grupos cristãos, nas famílias... Deus é generoso! Ele cuida até dos passarinhos
e das flores, quanto mais dos nós, seus filhos e filhas. Numa sociedade cristã,
ninguém passa fome. Existe honestidade, organização, boa utilização das
sobras...
“Todos comeram e ficaram satisfeitos.” Inclusive quem repartiu o
que tinha. A fé praticada integralmente dá satisfação, sabor, gosto de viver.
“Dos pedaços que sobraram, recolheram ainda doze cestos cheios.”
Alimento é coisa sagrada. Não podemos jogar fora. O que sobra para um, falta
para outro.
“Ó vós todos que estais com sede, vinde às águas! Vós que não
tendes dinheiro, vinde comer de graça!” (Is 55,1-3). “Quem nos separará do amor
de Cristo? A fome...? Nada!” (Rm 8,35-39).
Certa vez, uma catequista resolveu dar uma festinha para as
crianças. Preparou doces, sucos, pirulitos etc. Na hora da festa, ela percebeu
que um menininho estava meio triste. Chegou perto dele e perguntou-lhe: “Você
não está gostando do pirulito?” Ele respondeu: “Não”. A catequista olhou na
mãozinha dele e viu que o pirulito estava com o plástico! Ela logo pegou o
pirulito, retirou o plástico e devolveu a ele. Agora sim, o garotinho gostou e
deu um belo sorriso.
A falta de fé torna a nossa vida como chupar um pirulito sem tirar
o plástico: não tem gosto, porque não atinge a doçura do amor de Deus e da sua
presença junto de nós. Mas, com fé, a vida é bela e gostosa, mesmo no meio dos
maiores sofrimentos. Entusiasmados pela doçura deste pirulito, estaremos
dispostos a abandonar tudo e a fazer os maiores sacrifícios.
Maria Santíssima, como mãe de família, todos os dias repartia o
alimento com o esposo e o Filho. Que ela nos ajude a sermos retratos de Deus e
instrumentos do seu amor no mundo.
Ergueu os olhos para o céu e pronunciou a bênção. Em seguida partiu
os pães e os deu aos discípulos. Os discípulos distribuíram às multidões.
Nenhum comentário:
Postar um comentário