SEGUNDA - 19 de Maio de 2014 - Evangelho
- Jo 14,21-26
O Defensor, o Espírito Santo, que o Pai enviará, ele vos ensinará tudo.
Este Evangelho, podemos chamar de trinitário, porque nele aparecem, de
maneira explícita e muito viva, as três Pessoas divinas: quem guarda a palavra
de Jesus é amado por Deus Pai, os dois virão e farão morada nele, e o Espírito
Santo lhe ensinará tudo. Jesus chama o Espírito Santo de “Paráclito”, termo
complexo que compreende as funções de advogado, defensor, assistente, protetor,
mestre e consolador. O Espírito Santo exerce todas essas funções em cada
cristão e na santa Igreja. “O Defensor, o Espírito Santo que o Pai enviará em
meu nome, ele vos ensinará tudo e vos recordará tudo o que eu vos tenho dito”.
Tal como o Filho foi enviado em nome do Pai para realizar a sua obra,
assim o Espírito Santo é enviado em nome de Cristo para completar a sua
revelação à Igreja.
“Quem observa os meus mandamentos... Eu o amarei e me manifestarei a
ele.” Manifestar-se é no sentido de levar a pessoa a crer em Jesus. A fé é
proporcional à nossa obediência aos mandamentos de Jesus. Se uma pessoa começa
a observar com mais empenho os mandamentos, Cristo vai se manifestando, isto é,
a sua fé vai crescendo dia a dia. E, junto com ela, a esperança e a caridade. A
fé da pessoa vai ficando cada vez mais esclarecida e autêntica, isto é,
concretizada na Igreja que Jesus fundou: una, santa, católica e apostólica.
Se, pelo contrário, uma pessoa começa a se afastar dos mandamentos, a
sua fé vai diminuindo e se desviando dia a dia. De repente a pessoa está
“adorando animais”.
“Nem todo aquele que me diz: ‘Senhor! Senhor!’, entrará no Reino dos
Céus, mas só aquele que põe em prática a vontade de meu Pai que está nos céus”
(Mt 7,21).
“Quem me dera que meu povo me escutasse, que Israel andasse sempre em
meus caminhos! Seus inimigos sem demora humilharia e voltaria minha mão contra
o opressor... Eu lhe daria de comer a flor do trigo, e com o mel que sai da
rocha o fartaria” (Sl 80,14-17).
Jesus Cristo sempre procurou obedecer a Deus Pai: “Eis que venho, ó Pai,
para fazer a vossa vontade” (Sl 39,8). “O meu alimento é fazer a vontade do meu
Pai que está no céu” (Jo 4,34). “Eu desci do céu não para fazer a minha
vontade, mas a vontade daquele que me enviou” (Jo 6,38).
Também os Apóstolos eram observantes fiéis dos mandamentos: “É preciso
obedecer antes a Deus que aos homens” (S. Pedro, no seu discurso no tribunal.
Está em At 5,29).
No Pai Nosso, nós rezamos: “Seja feita a vossa vontade, assim na terra
como no céu”.
Todos nós queremos que Jesus se manifeste a nós, a fim de sabermos o
caminho certo da nossa felicidade. Vamos então observar com dedicação os seus
mandamentos.
A principal força que nos leva a obedecer a Deus não é o interesse em
receber favores e benefícios dele, ou o medo de castigo, mas é o amor a ele. Eu
vou à Missa porque sei que Deus quer que eu vá, e eu o amo muito e quero fazer
a sua vontade. Havia um homem que, quando dava tempestade com raios, ele
rezava. Um dia ele instalou um pára-raios na sua casa, então parou de rezar. Na
verdade esse homem nunca teve uma fé verdadeira, por a sua “fé” sempre foi
interesseira. A fé verdadeira nasce do nosso amor a Deus, independente de
recebermos ou não benefícios dele.
Certa vez, Nossa Senhora, com o Menino Jesus nos braços, desceu à terra
para visitar um mosteiro. Os monges ficaram muito felizes com a visita.
Organizaram um fila e, um a um, ao se aproximar, prestava a sua homenagem. Um
recitava poesia, outro mostrava os desenhos que fazia na Bíblia ilustrando as
passagens, outro recitava de cór a lista dos santos de cada dia do ano etc.
No final da fila estava um monge muito simples e humilde, que ainda não
tivera chance nem de aprender a ler. Os colegas ficaram preocupados, com medo
de ele dar fora, comprometendo a imagem do mosteiro. Quiseram até convencê-lo a
sair da fila. Mas ele fez questão de prestar sua homenagem ao Menino Jesus e à
sua mãe. Quando chegou a sua vez, ele não disse nada. Apenas pegou umas
laranjas que trazia nos bolsos e começou a jogá-las para cima e pegar todas,
sem deixar cair nem uma. Isso em meio a belos gestos de malabarismo. Aquele
monge havia trabalhado em um circo e foi lá que aprendera isso.
E sabe o que aconteceu? O Menino Jesus riu e bateu palmas, coisas que
não fizera em nenhuma das apresentações anteriores. No final, Maria estendeu os
braços e ofereceu o Filho para que aquele monge o pegasse um pouquinho, coisa
que também não havia feito com nenhum dos outros monges.
A ciência e os conhecimentos são importantes, mas muito mais importantes
são as nossas ações e os nossos gestos de amor, mesmo que esses gestos sejam
feitos unicamente para divertir o nosso próximo, fazendo-o rir.
A Encarnação aconteceu graças à obediência de uma mulher a Deus: “Eis
aqui a escrava do Senhor! Faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1,38).
Rainha da obediência, rogai por nós.
O Defensor, o Espírito Santo, que o Pai enviará, ele vos ensinará tudo.
Padre Queiroz
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