8 DE MARÇO
Mc 12,28b-34
O Senhor nosso Deus é o único Senhor. Ama-o.
Neste Evangelho, Jesus, respondendo à pergunta de um
escriba bem intencionado, explica que o “maior mandamento” na verdade são dois:
O amor a Deus e ao próximo. Eles se entrelaçam de tal modo que ninguém consegue
praticar um sem praticar o outro.
“Jesus respondeu: O primeiro é este: Amarás o Senhor teu
Deus de todo o teu coração... E o segundo mandamento é: Amarás o teu próximo
como a ti mesmo!” A palavra “próximo” significa, evidentemente, aquele ou
aquela que está perto, sem nenhum preferência de parentesco, raça, condição
social etc.
Na verdade, trata-se de uma coisa só, pois o amor é uma
realidade única, mas bidirecionada: para Deus e para o próximo. “Deus é amor:
quem permanece no amor, permanece em Deus e Deus permanece nele” (1Jo 4,16).
Amar é uma experiência em que a alegria e o sofrimento
andam de braços dados, a dor e o prazer se unem, a entrega e a renúncia se
encontram, o dom e o compromisso se abraçam. Na experiência do amor, a vida e a
morte se tocam e encontram seu verdadeiro sentido.
“Jesus, tendo amado os seus que estavam no mundo,
amou-os até o fim” (Jo 13,1). É assim que o evangelista João começa a narrar a
paixão e morte de Jesus. S. João quis dizer que aqueles gestos de Jesus, todos
os seus sofrimentos, foram decorrências do seu amor.
Todos queremos ser amados. Quando não o somos, ficamos
doentes. O amor é tão necessário a nós quanto a água para o peixe. Mas o amor é
livre, e escapa a qualquer lei.
Como é mesquinho querer reduzir a vida à busca de bens
materiais, de prazeres ou de poder! Tudo isso fenece como a flor do campo.
É o amor que traz alegria e gosto de viver. Para quem
ama, não existe monotonia. Pode viver cem anos, que cada dia é novo. Pode ficar
cem anos ao lado da mesma pessoa, que não se cansa. Cada dia, o relacionamento
é novo, é diferente, como um filme. Isso porque o amor é infinito.
Devido ao pecado, a nossa vida é conflitiva. É uma luta
entre o amor e o egoísmo, a ganância e a partilha, o perdão e a vingança, a
violência e a paz.
E foi justamente nesse contexto que uma das Pessoas
divinas se encarnou, para ser o caminho, a verdade e a vida. Em síntese, o que
Jesus nos ensinou foi que devemos ser imagens de Deus que é amor.
É no seio familiar que o ser humano aprende a ser
verdadeiramente humano. A experiência do perdão, da partilha, da correção, das
alegrias e tristezas vividas em família forma o ambiente privilegiado e
insubstituível para desenvolver a cultura da vida. Assim, a vinda de um novo
ser, embora muitas vezes não sem dificuldades, encontra na família a acolhida esperada
para seu bom desenvolvimento.
Certa vez, o encarregado de compras de uma rede de
supermercados ficou sabendo que no dia seguinte o preço do feijão ia subir 20%.
Imediatamente ele telefonou para um fazendeiro, que tinha muito feijão em
estoque, e perguntou se ele lhe vendia um caminhão de feijão naquele mesmo dia.
O fazendeiro concordou, mas o negócio ficou para ser fechado pessoalmente,
quando o caminhão do supermercado chegasse à fazenda.
O fazendeiro contou para o seu filho, que estava no
primeiro ano de administração. O rapaz disse: “Pai, eu vou à cidade e vou
perguntar na cooperativa como que está a cotação do feijão. Não feche o negócio
antes de eu lhe telefonar, certo?” O pai concordou.
Foi só o rapaz chegar à cooperativa, avisaram-lhe que no
dia seguinte o preço do feijão ia subir 20%. Ele telefonou imediatamente ao pai
e este telefonou ao encarregado de compras da rede de supermercados, cancelando
o negócio.
O mundo capitalista não segue o Evangelho de Jesus. Se
seguisse, a primeira coisa que o encarregado de compras da rede de
supermercados faria era avisar o fazendeiro do aumento no dia seguinte, pois
devemos amar o próximo como a nós mesmos e, se ele estivesse no lugar do
fazendeiro, gostaria de saber da subida de preço na cotação do feijão, antes de
fazer o negócio.
Por isso, nós cristãos, que vivemos no meio deste mundo
pecador e explorador, precisamos estar de olhos abertos. “Sede prudentes como a
serpente.”
Campanha da fraternidade. A Igreja está intimamente
ligada às pessoas, à sua história e aos acontecimentos que marcam a vida de
todos. Fiel ao seu Fundador, ela luta por um Reino “da verdade, da vida, da
graça da justiça, do amor e da paz”.
Conforme a Bíblia, a única fonte da nossa segurança é o
próprio Deus. Todos que colocam sua segurança em outras fontes não podem
conhecer a segurança verdaeira.
Entretanto, Deus protege os seus através de mediações
humanas, como os profetas e demais líderes das Comunidades cristãs.
Maria Santíssima cumpriu com generosidade esse
mandamento bidirecionado do amor. Que ela nos ajude a fazê-lo também.
O Senhor nosso Deus é o único Senhor. Ama-o.
Padre Queiroz
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