DIA 14/03
Jo 5,31-47
Há alguém que vos acusa: Moisés, no qual colocais a vossa esperança.
Neste Evangelho, Jesus mostra a obcecação e má fé dos judeus, através de
vários argumentos contundentes. Eles não seguem nem Moisés (Cf cena do bezerro
de ouro, na 1ª Leitura), no qual colocam a sua esperança. Assim como Moisés, o
próprio Filho de Deus teve de enfrentar a incompreensão e má vontade dos chefes
judeus.
“João deu testemunho de mim... mas eu tenho um testemunho maior que o de
João: as obras que eu o Pai me concedeu realizar.” As nossas obras são o nosso
maior testemunho. Elas falam alto a nosso favor ou contra nós. “É pelos frutos
que se conhece a árvore”.
“Vós examinais as Escrituras... no entanto, elas dão testemunho de mim,
mas não quereis vir a mim.” A nossa leitura da Bíblia deve ser cercada de
humildade, abertura de coração e muita oração, a fim de não colocarmos nela o
que ela não diz, ou não entendermos o que ela fala. A pessoa obcecada
facilmente torce as palavras da Bíblia, levando-as a dizer aquilo que a pessoa
quer.
O certo é que Jesus usou de todos os recursos para evitar que as
autoridades fizessem o maior crime da história: matar o Messias, enviado de
Deus; mas não adiantou. Jesus resume tudo, dizendo que a razão principal da
recusa dos chefes a ele era porque as obras deles eram más. A vida em pecado
obscurece a inteligência e torna duro o coração. “Eles preferiram as trevas à
luz, porque as suas obras eram más”.
Jesus está presente hoje em sua Igreja una, santa, católica e
apostólica. No rosto da Igreja está o rosto de Jesus, assim como no rosto de
Jesus está o rosto de Deus Pai. Mas só quem acolhe e observa os mandamentos
pode chegar a essa percepção e à essa verdade (Cf Jo 14,21).
Jesus teve de suportar a incredulidade e incompreensão dos seus
conterrâneos. Igualmente, os seus discípulos de hoje têm de enfrentar a
incredulidade e má vontade do povo. De tanto “bater em ferro frio”, muitos
líderes sentem a tentação do desânimo e do pessimismo. Mas isso é esquecer a
história, pois todos os tempos foram assim, desde Jesus.
Recebemos os bens para a vida, não a vida para a riqueza. Somos chamados
a construir uma justiça econômica maior, diante da persistência da indigência,
da pobreza e das grandes desigualdades sociais. É a economia a serviço da vida.
Havia, certa vez, numa igreja, na capela do Santíssimo, sobre uma
mesinha, um grande coração de pano, que simbolizava o Coração de Jesus. Ao lado
dele, havia uma caixinha de alfinetes que representavam os pecados.
Quando uma pessoa fazia um pecado, ou alguma coisa que achava que
ofendeu a Deus, ia lá, fincava um alfinete no coração e ia embora. Quando, ao
contrário, alguém se confessava ou fazia uma obra boa, ia lá, retirava um
alfinete e colocava na caixinha. O resultado é que o coração estava sempre
cheio de alfinetes.
A encenação nos lembra aquele momento em que, na cruz, o coração de
Jesus foi transpassado por uma lança.
No Evangelho de hoje, e em muitas outras ocasiões, Jesus se defendeu das
alfinetadas que levava. O pior é que hoje a situação continua a mesma e seu
coração anda repleto de alfinetes.
Que nessa quaresma, pelo menos nós, nos convertamos e nos tornemos
seguidores mais fiéis do crucificado.
Maria Santíssima falou pouco, mas a sua vida foi um testemunho tão forte
que se tornou a melhor discípula do seu Filho. Que ela nos ajude a ser
discípulos e missionários do seu Filho.
Há alguém que vos acusa: Moisés, no qual colocais a vossa esperança.
Padre Queiroz
Nenhum comentário:
Postar um comentário