Na Via-sacra da vida, Deus
espera que produzamos bons frutos!
Reflexão para o III Dom. da Quaresma. Ano C
A Quaresma é tempo Via-sacra, e, na Via-sacra de
Cristo descobrimos a Via-sacra nossa de cada dia. Toda a nossa vida é uma
intensa Via-sacra, pois é um constante peregrinar nas estradas deste mundo rumo
a Cristo. Neste caminhar descobrimos que assim como Cristo, temos também a
nossa cruz, por vezes até pesada demais para carregar!
A Quaresma é um grande
retiro popular marcado por práticas penitenciais que têm por objetivo não
simplesmente mortificar o corpo, mas nos aproximar dos irmãos através da
caridade e de Deus, por isso a oração. É tempo de voltar os corações para Deus.
Tempo de conversão.
Todos os exercícios de piedade
e de oração deste tempo têm como objetivo livrar-nos do pecado. A quaresma é
então, um tempo favorável para deixar o pecado e voltar para Deus. Nada é mais
prejudicial ao homem que o pecado. O pecado escraviza, humilha, destrói e mata.
A PARÁBOLA DA FIGUEIRA (LC. 13,6-9) é um apelo à
conversão. O grande pecado desta árvore não foi o de ter feito algo de ruim,
mas o de não ter feito nada de bom. Alguns podem dizer: eu sou uma pessoa boa,
não prejudico ninguém, de vez em quando até vou a uma celebração, uma missa,
rezo em casa, etc. Deus espera mais de nós!
A figueira do evangelho levava esta vida, era até
uma arvore bonita, mas não produzia figos-frutos. Era estéril. Muitas vezes nos
tornamos estéreis dentro da própria comunidade. Deus procura em nós os frutos
de nossa fé e não os encontra!
Somos todos figueiras na Vinha
do Senhor, e assim como aquele que planta espera que sua plantação frutifique,
Deus espera de nós frutos de bondade, de mansidão, de compromisso, de amor! Não
estamos no mundo por acaso, todos temos uma missão. Mas será que estamos cumprindo nossa missão
neste mundo? Estamos produzindo os frutos que Deus espera que produzamos?
Como pai de família, dona de casa, jovem, padre,
estou cumprindo minha missão? A parábola nos apresenta a conversão em uma
perspectiva pouco conhecida. Converter-se não é simplesmente focar o pecado,
converter-se é focar o bem que devemos realizar.
A Primeira Leitura (Ex 3,1-8.13-15) apresenta a
cena de Moisés diante da Sarça Ardente. É uma imagem bonita para falar da
vocação de Moisés no mundo. Ardia o coração de Deus diante do sofrimento do povo.
Deus não fica de braços cruzados olhando o sofrimento de seus filhos, Ele se
interessa por cada ser humano. Se interessa por ti, por teus filhos, por teus
amigos, por tua família e vem libertar, mas para que isso aconteça, Ele precisa
de pessoas de carne e osso para auxiliá-lo no projeto de libertação do ser
humano.
Junto com o coração de Deus, ardia o coração de
Moisés diante da escravidão a que estava submetido o povo hebreu. Esta narração
mostra-nos o interior do coração de Moisés, Moisés possuía grande sensibilidade
e senso de justiça. Ele se revoltou com a injustiça praticada pelo Faraó em
relação ao povo judeu e deixou vir à tona uma grande compaixão em favor do
oprimido.
É de homens como Moisés que Deus precisa para
agir no mundo. Deus deu uma missão especial a Moisés e a tantos outros homens e
mulheres ao longo da história. Olhemos nossos santos: São Francisco, João
Batista, Irmã Dulce, Antonio Conselheiro, e tantos outros.
Em suas orações Moisés percebeu que Deus precisava
dele. Deixou-se tocar pelo Senhor e descobriu que deveria deixar sua vidinha
acomodada de pastorear rebanhos, de estar com a família e com os amigos, para
se colocar a serviço de Deus e a serviço do povo. Sabia que Deus estaria sempre
com ele e jamais o abandonaria nesta empreitada.
Deus contou com Moisés e CONTA CONOSCO! O mundo
precisa de pessoas que lutem pelos mais fracos, que denunciem as injustiças,
que sejam profetas, que dêem bons frutos.
A Parábola nos lembra que Deus é paciente para
com aqueles que ainda não produzem. Antes de arrancar a figueira, ele cava,
aduba, rega! Mas não podemos contar sempre com a paciência de Deus, um dia ele
vai nos pedir contas não somente do mal que fizemos, mas também do bem que
deixamos de fazer.
O grande apelo de conversão que Deus nos faz hoje
é para sairmos do comodismo e a irmos em defesa dos milhões de crucificados do
nosso tempo. Não sejamos estéreis, produzamos muitos e bons frutos. Deus está
dando-nos um tempo, aproveitemos então esta quaresma para colocar a mão na
massa!
Padre Erivaldo Gomes de
Almeida!
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