10 DE MARÇO
Lc 15,1-3.11-32
A reflexão do Evangelho de hoje será homenagem ao
Monsenhor Catão, que considera que o nome correto para a Parábola do Filho
Pródigo seria a Parábola da Infinita Misericórdia, porque o que mais se destaca
não é a miséria do filho, mas a misericórdia do pai. Pensando nisso, resolvi
fazer uma reflexão baseada no que o pai deveria estar pensando, momentos antes
do filho aparecer ao longe...
"Como essa casa está triste... por onde deve andar
meu menino a uma hora dessas, nesse fim de tarde, com o sol já se pondo... será
que eu ainda poderei encontrá-lo novamente?... Será que eu ainda terei a chance
de contemplar aquele olhar que para os outros sempre foi tão destemido, mas que
para tudo o que fazia, sempre buscava a minha aprovação... E ficava tão feliz
quando recebia o meu apoio...
Como fui tolo em deixá-lo tão solto... em não tê-lo
aproveitado mais enquanto esteve aqui, junto a mim... meu filho... sentado aqui
nessa varanda e vendo o sol se pôr mais uma vez, eu seria capaz de contar cada
minuto em que estive esperando você aparecer naquele horizonte... E nesta
triste solidão, me vem à memória toda a tua vida... desde o dia em que a sua
mãe me deu a notícia de que você viria ao mundo... quanta alegria!!! Passamos a
noite em claro pensando e falando sobre você... seu nome, seu quarto, seu
enxoval, os planos que fizemos para você... e depois a felicidade do seu irmão,
dos seus avós, dos nossos amigos... lembro tantos detalhes...
Depois, quando você nasceu, era o bebê mais lindo do
mundo! Foi coberto com todo o carinho e amor do mundo! Você trouxe tanta
felicidade ao nosso lar... Seus primeiros meses, quando estava aprendendo a dar
os primeiros passos... quando falou as primeiras palavras... e depois de tantos
"pa, pa, pa...", você falou "pa-pai"! Cada vez que me lembro,
meus olhos enchem de lágrimas e a garganta se trava... De todos os braços que
lhe pegavam, você sempre preferiu os meus... E isso fazia que eu me sentisse
cada vez mais responsável por você...
O tempo foi passando, você foi crescendo... e a sua
infância foi sempre à sombra do seu irmão mais velho... sempre observando como
ele agia, para tentar imitar, do seu jeito... mas como era difícil... Eu
percebia, e achava tão interessante, mas não pensei que isso fosse, aos poucos,
levando você a procurar um caminho tão diferente...
Não sei quando foi o momento da sua adolescência em que
você começou a se distanciar dele, e de mim... Eu andava tão ocupado, que
tantas vezes deixei de lhe procurar para saber o que você estava passando...
como andava a sua vida, seus pensamentos... E você também passou a conversar
menos em casa... Suas amizades passaram a ter cada vez mais importância do que
a sua família... Seu irmão mais velho cada vez mais prosperava, e se destacava
em tudo o que fazia, ocupando cada vez mais espaços... e você, quando desistiu
de disputar espaço com ele, procurou lugares onde você se sentisse mais
valorizado...
Hoje fico pensando... Como fui tolo... De que adianta ter
tanto dinheiro, estar tão bem, num lugar tão bonito, se não posso ter meu
filhinho aqui comigo?.. Se eu bem o conheço, deve ter gasto todo o dinheiro da
herança... e nem consigo imaginar o que poderia estar fazendo para sobreviver
nesse mundo tão duro... se é que está vivo... como eu queria poder vê-lo mais
uma vez, para dizer o quanto o amo, o quanto eu o quero perto de mim, o quanto
eu... Mas quem é aquele que está vindo lá longe? Pelas roupas
esfarradapas... deve ser um mendigo... Mas esse caminhar, eu estou reconhecendo...
É O MEU FILHO!!!"
E o pai foi correndo de encontro ao filho, e o resto nós
já sabemos...
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