14 Maio
2021
6ª Semana - Sexta-feira - Páscoa
Lectio
Primeira leitura: Act 18, 9-18
Quando Paulo estava em Corinto, 9certa noite,
o Senhor disse a Paulo, numa visão: «Nada temas, continua a falar e não te
cales, 10porque Eu estou contigo e ninguém porá as mãos em ti para te fazer
mal, pois tenho um povo numeroso nesta cidade.» 11Então, ele ficou lá durante
um ano e seis meses, a ensinar-lhes a palavra de Deus.
12Sendo Galião procônsul da Acaia, levantaram-se os judeus, de comum acordo,
contra Paulo e levaram-no ao tribunal. 13«Este homem - disseram eles - induz as
pessoas a prestar culto a Deus de uma forma contrária à Lei.» 14Paulo ia abrir
a boca, quando Galião disse aos judeus: «Se se tratasse de uma injustiça ou
grave delito, escutaria as vossas queixas, ó judeus, como é meu dever. 15Mas
como se
trata de um conflito doutrinal sobre palavras e nomes e acerca de vossa própria
Lei, o assunto é convosco. Recuso-me a ser juiz em semelhante questão.» 16E
mandou-os sair do tribunal. 17Então todos se apoderaram de Sóstenes, o chefe da
sinagoga, e puseram-se a bater-lhe diante do tribunal. E Galião não se importou
nada com isso.
18Depois de se ter demorado ainda algum tempo em Corinto, Paulo despediu- se
dos irmãos e embarcou para a Síria, com Priscila e Áquila, rapando a cabeça em
Cêncreas, por causa de um voto que tinha feito.
Galião foi procônsul, isto é, governador da
província da Acaia, a partir de Maio do ano 51. Paulo esteve em Corinto até ao
Verão de 51. O episódio narrado por Lucas situa-se nesse breve espaço de tempo.
Os judeus querem captar a benevolência do governador, acusando Paulo. Mas
Galião actua de modo inteligente e diplomático, recusando intrometer-se em
questões internas ao judaísmo. Lucas quer, mais uma vez, mostrar a neutralidade
do Império em relação aos cristãos. Inicialmente não há hostilidade das autoridades
romanas, e Paulo é mesmo salvo por elas, algumas vezes. Estava ainda longe o
tempo das perseguições.
Paulo continua a ter uma vida difícil, mas o Senhor confirma-o na missão que
lhe confiou entre os pagãos. Discretamente, o Apóstolo, acompanhado pelo casal
de Priscila e Áquila, que lhe dera trabalho, embarca para a Síria, rumo a
Jerusalém e a Antioquia. Permanecera 18 meses em Corinto, onde teve algum
sucesso, entre os judeus e entre os pagãos. O Senhor afirmou ter lá «um povo
numeroso» (v. 9). Mas Paulo não tinha feitio para se demorar muito tempo no
mesmo lugar.
Evangelho: Jo 16, 20-23a
Naquele tempo, disse Jesus aos seus
discípulos: 20Em verdade, em verdade vos digo: haveis de chorar e lamentar-vos,
ao passo que o mundo há-de gozar. Vós haveis de estar tristes, mas a vossa
tristeza há-de converter-se em alegria! 21A mulher, quando está para dar à luz,
sente tristeza, porque chegou a sua hora; mas, quando deu à luz o menino, já
não se lembra da sua aflição, com a alegria de ter vindo um homem ao mundo. 22Também
vós vos sentis agora tristes, mas Eu hei-de ver-vos de novo! Então, o vosso
coração há-de alegrar-se e ninguém vos poderá tirar a vossa alegria. 23Nesse
dia, já não me perguntareis nada. Em verdade, em verdade vos digo: se pedirdes
alguma coisa ao Pai em meu nome, Ele vo-la dará.
A alegria dos discípulos vem da liberdade que
o afastamento do mundo lhes dá (cf. Jo 8, 32). O encontro «espiritual» com
Cristo ressuscitado produz a liberdade e a alegria nos crentes. E nada nem
ninguém lhas podem tirar. Essa liberdade e essa alegria, que vem da
reconciliação do homem com Deus, realizada por Cristo, e expressa sobretudo na
oração comunitária, vêem-se ilustradas nos capítulos 20-21 de João. Tal como
acontece à mulher, que deu à luz, está feliz porque terminaram os seus
sofrimentos, e deu ao mundo uma nova criatura, também o cristão está contente
porque a sua alegria, fundada na dor, desabrochou na nova vida que é a páscoa
do Senhor. A morte infame de Jesus transformou-se em alegria retumbante,
alegria que ninguém pode tirar aos discípulos, porque se fundamenta na fé
n´Aquele que vive glorioso à direita de Deus. A partir da ressurreição, a
comunidade cristã, iluminada pelo Espírito, terá uma visão nova da vida e das
coisas, e o mesmo Espírito lhe fará compreender tudo quanto precisar.
Meditatio
Paulo experimenta a presença de Jesus.
Experimenta-a na forma inaugurada com o Pentecostes. Experimenta-a em si mesmo,
pela força que sente no anúncio do Evangelho, mesmo quando as circunstâncias
são difícieis. Sente-a nas comunidades que estão vivas e crescem: «Nada temas,
continua a falar e não te cales, porque Eu estou contigo e ninguém porá as mãos
em ti para te fazer mal, pois tenho um povo numeroso nesta cidade» (v. 10). O
sofrimento do missionário é condição necessária e lugar privilegiado da alegria
eclesial. Paulo será mestre e protagonista dessa alegria:
«Estou cheio de consolação e transbordo de alegria no meio de todas as nossas
tribulações» (2 Cor 7, 4). A seu exemplo, os convertidos acolhem «a Palavra em
plena tribulação, com a alegria do Espírito Santo» (1 Ts 1, 6). Os ministros da
Palavra são tidos «por tristes, nós que estamos sempre alegres;por pobres, nós
que enriquecemos a muitos; por nada tendo e, no entanto, tudo possuindo» (2 Cor
6, 10).
Jesus, ao subir ao Céu, não se afastou dos discípulos, mas inaugurou uma
forma de presença mais profunda no meio deles. A Ascensão libertou-O dos
limites da condição terrena e possibilitou-Lhe um contacto pessoal e íntimo com
cada um de nós, possibilitou-Lhe estar connosco, com todos, todos os dias: «Eu
estou contigo».
«Hei-de ver-vos de novo! Então, o vosso coração há-de alegrar-se e ninguém vos
poderá tirar a vossa alegria» (v. 22). É a alegria da intimidade com o Senhor,
da vida com o Senhor: amar com Ele, actuar com Ele, estar sempre com Ele. «Com
Jesus e como Ele», sintetizam as nossas Constituições (n. 21).
Sabemos da importância que o Pe. Dehon dava à vida de união com Cristo,
presente em nós. A «união permanente com Jesus» (Diário, 2 Janeiro de 1867) foi
o seu caminho de santidade. «Deixemos viver em nós Nosso Senhor. Ele continua a
viver na terra em cada um dos seus membros» (Diário, 25 de Abril de 1867). Esta
união íntima com Cristo, como vara unida à cepa, era a sua vida e a força do
seu apostolado.
Oratio
Obrigado, Senhor, pela tua presença, de tantos
modos, no meio de nós. Posso encontrar-te na Palavra, na Eucaristia, na
comunidade fraterna, na hierarquia da Igreja, no
necessitado, e também na tua presença cósmica, que agora enche o
universo. Posso viver na alegria da liberdade
porque estou repleto da tua presença. Posso dar testemunho corajoso de Ti,
porque o teu Espírito é a minha força.
Perdoa-me, porque nem sempre vivo e actuo consciente desta realidade. Perdoa-me
porque não Te dou suficientes graças por ela. Perdoa-me porque não me empenho
suficientemente na missão, temendo o fracasso.
Dá-me um coração atento às necessidades dos meus irmãos, especialmente à
necessidade de Ti. Ajuda-me a levar a todos a tua alegria e a tua paz, para que
esses dons da tua Ressurreição também possam crescer em mim. Amen.
Contemplatio
«Chorareis e gemereis». - «O vosso coração
encheu-se de tristeza», diz Nosso Senhor aos seus apóstolos. Anunciou-lhes, de
facto, acontecimentos bem tristes: a sua partida para o céu, a sua morte próxima,
a traição de Judas, a negação de Pedro. Estão tristes e acabrunhados.
Consola-os e anuncia-lhes que voltará.
Temos também as nossas tristezas: A ausência de Nosso Senhor que por vezes
deixa a nossa alma na obscuridade e na aridez, - os nossos pecados passados,
que se representam à nossa memória. - O perigo contínuo de pecar e a nossa
fraqueza, que nos é conhecida, - os escândalos que reinam no mundo, - as mágoas
e provações desta vida.
Suportemos estas provas com coragem. Os filhos de Deus guardam a serenidade nas
suas mágoas. Oferecem-nas a Deus, unem-nas aos sofrimentos do Coração de Jesus,
e tornam-se-lhes leves. Oferecem-nas para a reparação, pela expiação dos seus
pecados e dos do mundo. Se são fervorosos, vão até ao ponto de se alegrarem
levando a cruz com Jesus.
«A vossa tristeza mudar-se-á em alegria». - Esta promessa devia ter cumprimento
próximo para os apóstolos. Três dias, e eles veriam Jesus ressuscitado.
Poderiam apalpar as feridas das suas mãos e do seu coração. Vê-lo-iam muitas
vezes durante quarenta dias. Depois um outro consolador viria enchê-los de uma
alegria sobrenatural, de uma alegria que ultrapassa todas as deste mundo, é o
Espírito Santo, o grande dom do Coração de Jesus. E alguns anos mais tarde
seria o triunfo do martírio e a entrada triunfal no céu.
Para nós também, a alegria sucederá à tristeza. A tristeza das nossas almas
culpadas apaga-se, quando nós quisermos, pelo arrependimento e pela penitência.
A tristeza da aridez e da provação passa bastante rapidamente; Jesus não estava
longe e volta.
Há uma santa tristeza, a que vem de um coração penitente; esta é acompanhada
por uma real doçura que nos faz conhecer que Deus é o seu autor.
O mesmo se passa com aquela que tem por causa os pecados do mundo. Esta
tristeza é agradável a Deus o qual no-la inspira.
A tristeza que vem do sofrimento, da doença ou dos acidentes da vida é de ordem
natural, mas pode ser santificada pela virtude da paciência e do sacrifício.
A tristeza do mundo, pelo contrário, não tem remédio, e a sua alegria não é
sã. O mundo alegra-se com os prazeres maus e a sua alegria termina na amargura.
Senhor, mudai a minha tristeza em alegria pelo dom do arrependimento, do
sacrifício, do espírito de imolação e de reparação. (Leão Dehon, OSP 4, p.
466s.).
Actio
Repete frequentemente e vive hoje a palavra:
«A vossa tristeza há-de converter-se em alegria!» (Jo 16, 20).
DEUS te abençoe e te ilumine. Obrigado pela reflexão.
ResponderExcluirSanta Maria, Rio Grande do Sul.
Obrigado Senhor, obrigado Dehonianos!!!
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