Comentários Prof.Fernando* Dinheiro pra que Dinheiro
(25ºDomTpoComum) 18 setembro 2016
Dinheiro
pra que dinheiro/Se ela não me dá bola
Em
casa de batuqueiro/ Só quem fala alto é viola (Martinho da Vila)
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Um certo gerente de empresa antes de ser despedido chamou os credores do
patrão e fez com eles um arranjo, diminuindo o valor de seus débitos e
alterando os registros contábeis. Assim conquistou novos amigos para quando
estivesse desempregado. O Mestre de Nazaré queria ensinar a desonestidade e
corrupção ?
·
O foco da parábola não é a imoralidade do administrador que esquece os
credores e se alia aos devedores, mas o contraste de sua esperteza com nosso
desprezo pelo cuidado da Fé. A moral da história em Lucas 16 é: não podemos
servir a dois senhores, a Deus e a Mamon. O original traz o aramaico mammónas (que tem a ver com o hebraico ‘aman = confiar). O termo indica
riquezas, dinheiro, propriedades, etc. e se define com “aquele tesouro no qual
uma pessoa coloca toda sua confiança”.
Escolher
e decidir-e
·
O Dinheiro não é aquilo que devemos servir, mas aquilo de que nos
devemos servir para encontrar Deus. Os versos 9 e 11 do texto falam de nos
tornar dignos de confiança usando o Dinheiro enganador (Mamón). A questão, diz
o teólogo Domergue, é sempre a mesma: afinal, o que nós procuramos exatamente? Idolatria na Bíblia é colocar
Dinheiro (ou qualquer recurso) ocupando o lugar de Deus. Para onde nos leva
nosso desejo fundamental? Que é “servir a Deus”?
·
A aceitação do anúncio da Boa Nova, tema da vida e morte do Mestre de
Nazaré, é dar a vida pela vida dos outros. E a opção entre “servir a Deus ou ao
Dinheiro” é colocar toda sua confiança num ou noutro. Não se trata de força de
vontade nem de moralização, mas de abandonar-se nas mãos de um Outro. Como
sempre, é a Fé que está em questão. A Fé não consiste em acreditar em coisas,
em dogmas, doutrinas ou ideologias, mas em colocar sua confiança em alguém. Até
o fim da vida o Cristo dizia: Em tuas
mãos entrego o meu espírito. O meu corpo, a minha vida. Não se trata de
obediência a uma lei, mas de relação de amor com aquele que nos amou primeiro.
Continuará havendo coisas na vida, lutos, sofrimentos a suportar, conflito a
enfrentar, escolhas a fazer, mas tudo estará irrigado, penetrado, inserido num
valor infinito por Ele, aquele que nos habita e que nós habitamos.
Nosso mundo
·
Domergue, no comentário da parábola de hoje, lembra que a primeira
leitura é a descrição de um mundo que estranhamente se parece com o nosso. Com
efeito, Amós é o primeiro dos profetas a refletir sobre a incongruência de uma
religião e de uma fé (incompatível) com a injustiça social que divide riqueza
acumulada de um lado, e explorados, do outro lado. A escravidão não tem mais
este nome, tomou outras formas. A Escritura, sobretudo o evangelista João,
chama este quadro histórico de “mundo”, que não conhece Deus e pelo qual Cristo
não intercede (João 17,9).
·
Este mundo, destinado a desaparecer completamente, nos envolve e nos
impregnou de sua poluição e de seu veneno. E, portanto, não nos surpreendemos
quando não fazemos a boa escolha, não escutamos Amós gritando contra as
injustiças em nossas sociedades ou quando nos fechamos em nosso mundinho,
social ou religioso, esquecidos de que Deus quer que todos os seres humanos
sejam salvos (segunda leitura da carta a Timóteo). Este mundo é destinado a
desaparecer, não os que o habitam. Nós, inclusive.
Interceder
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Continuo pedindo a oração de cada um pelos dois amigos a que me referi
no domingo passado. Nossa amiga superou os traumas e cirurgias depois do
acidente. O outro amigo começou as terapias contra o câncer. Para que ele e
familiares não abandonem a confiança na misteriosa presença daquele a quem
desejamos servir. E os médicos, como administradores das ciências e técnicas da
medicina alcancem seus objetivos de cuidado e cura.
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