15- Terça - Evangelho
- Mt 21,28-32
Padre
Queiroz
João
veio, e os pecadores creram nele.
Neste
Evangelho, Jesus nos conta a parábola dos dois filhos. O pai pede ao primeiro
para ir trabalhar na vinha, ele fala que não quer, mas depois muda de opinião e
vai. O pai faz o mesmo pedido ao segundo, este fala que vai, mas não vai.
Jesus
explica a comparação: os publicanos e as prostitutas eram pessoas que levavam
vida errada, isto é, inicialmente disseram “não” ao Pai que é Deus. Mas depois
se arrependeram e acreditaram na pregação de João Batista e de Jesus.
Já
os sumos sacerdotes e os anciãos, que respondiam “sim” a Deus no Antigo
Testamento, agora respondem “não” ao mesmo Deus, no Novo Testamento. Portanto,
eles agem como o segundo filho da parábola, que disse que ia trabalhar na
vinha, mas não foi.
Os
próprio sumos sacerdotes e anciãos se condenaram, dizendo que quem fez a
vontade do pai foi o primeiro filho, que representa os publicanos e as
prostitutas. Jesus conclui dizendo que os publicanos e as prostitutas os
precederão no Reino de Deus.
Trazendo
para nós hoje, há pessoas que no passado diziam “sim” a Deus com generosidade,
e hoje são medíocres. E existem também exemplos contrários, de pessoas antes
afastadas e hoje engajadas e generosas para Deus e a Comunidade. O que vale é o
que a pessoa é hoje, não o que foi no passado. Os pecados do passado, Deus está
pronto a nos perdoar, se depois mudamos de idéia e nos convertemos. Outro
sentido é que Deus gosta mais das pessoas que cumprem com fidelidade e
perseverança a sua Lei, mesmo sem prometer nada, do que daquelas que prometem
muito e fazem pouco.
Mais
do que palavras bonitas, o que agrada a Deus são as ações corretas. Os fariseus
gostavam de se apresentar como santos, isto é, diziam “sim” na aparência, mas
“não” nas ações. Deus gosta de palavras bonitas, mas quando são acompanhadas de
uma vida bonita.
Há
pessoas que têm facilidade em prometer, mas depois se esquecem e não cumprem.
Como aquele que disse: “Eu consigo parar de fumar; só este ano já parei três
vezes!”
Existe
até uma afirmação de que emprestar é sinônimo de dar, porque quem pede
emprestado promete devolver mas não devolve. Deus não gosta desse tipo de
gente. São atitudes indignas de cristão. Se as pessoas cumprissem o que
prometem, não precisaríamos do SPC, CERASA etc. No dia do nosso batismo, os
nossos pais e padrinhos disseram “sim” a Deus em nosso lugar. E nós assumimos
aqueles compromissos na primeira comunhão, e o renovamos na crisma, e todos os
domingos na Missa, quando fazemos a profissão de fé. Como estamos hoje em
relação aos nossos compromissos batismais?
S.
Paulo disse “não” a Cristo, quando jovem. Mas depois disse “sim” e o manteve
até a morte. Assemelhou-se, portanto, ao primeiro filho da parábola.
E
ele compara a vida cristã com uma competição de corrida a pé. “Acaso não sabeis
que todos correm, mas um só ganha o prêmio? Correi de tal maneira que
conquisteis o prêmio. Todo atleta se impõe todo tipo de disciplina. Eles assim
procedem, para conseguir uma coroa corruptível. Quanto a nós, buscamos uma
coroa incorruptível” (1Cor 9,24-25).
Quando
Deus Pai chamou seu Filho Jesus para a missão de redimir a humanidade, ele
respondeu: “Eis me aqui, ó Pai, para fazer vossa vontade!” (Hb 10,7). E depois
perseverou naquele “sim”. “Cristo humilhou-se, fazendo-se obediente até a
morte, e morte de cruz!” (Fl 2,8). Jesus, portanto, não se assemelhou nem ao
primeiro nem ao segundo filho, pois respondeu “sim” a Deus Pai, e cumpriu esse
“sim” até o fim da vida terrena, e continua cumprindo hoje.
Cada
dia que amanhece é um novo presente que Deus nos dá. Quando abrimos os olhos e
vemos a luz de um novo dia, cabe a nós agradecer a Deus o dom da vida e vivê-la
bem hoje, porque amanhã não sabemos se estaremos vivos.
Certa
vez, um casal estava viajando numa cidade grande, em direção a um bairro desconhecido.
Eles iam à casa de um amigo, que os convidara para jantar.
O
marido ao volante e a esposa ao lado, indicando o caminho. Em determinado
momento, ela disse: “Na primeira esquina vire à direita”. Ele teimou que era à
esquerda. Os dois discutiram um pouco, mas por fim ela cedeu, a fim de que não
chegassem à casa do amigo mal humorados. Resultado: depois de muito andar,
tiveram de voltar àquela esquina e entrar à direita. Assim, chegaram atrasados
no jantar.
Na
volta, conversando sobre o incidente, ela disse: “Se você tinha certeza de que
eu estava errado, por que não insistiu um pouco mais? Ela respondeu: “Entre ter
razão e ser feliz, eu preferi ser feliz. Estávamos à beira de uma briga. Se eu
insistisse mais, teríamos estragado a noite”
Dizer
“sim” na hora do casamento é fácil. Mas o importante é mantê-lo até o fim da
vida.
O
Natal se aproxima. Não queremos celebrá-lo mal humorados ou carregando algum
pecado. É para isso que existe o advento.
Maria
Santíssima ganhou de longe desses dois filhos da parábola, porque ela, a
exemplo do Filho, disse “sim” para Deus no começo da vida e o manteve até o
fim. Maria do “sim”, rogai por nós!
João
veio, e os pecadores creram nele.
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