16- Quarta - Evangelho
- Lc 7,19-23
Padre
Antonio Queiroz
Ide
contar a João o que vistes e ouvistes.
O
Evangelho de hoje tem duas partes. Na primeira, João Batista manda dois de seus
discípulos perguntar a Jesus se é ele o Messias. E na segunda, Jesus responde
de maneira prática, fazendo as ações que, segundo o profeta Isaías, eram
próprias do Messias.
João
mandou perguntar, não porque ele estivesse em dúvida, e sim para confirmar a fé
dos seus discípulos, já que em breve ele iria morrer.
Antes
de responder, e na presença dos emissários de João, Jesus curou muitos enfermos
e deu vista a muitos cegos. Depois disse aos emissários: “Ide contar a João o
que vistes e ouvistes”.
Jesus
tomou essa atitude porque sabia que João Batista conhecia o livro do profeta
Isaías, e lá (Is 35,5-6; Is 61,1-2) está escrito que estas ações que Jesus fez
são identificadoras do Messias. Foi uma resposta do jeito que Jesus gosta:
mostrou com obras e não apenas com palavras.
Seria
como hoje um grupinho de pessoas chegar a nossa casa e disser: “O nosso chefe
nos mandou perguntar qual é a religião de vocês”. E nós, em vez de responder,
pedirmos a eles que fiquem na nossa casa durante aquele dia. Verão que a
família é unida; que existe espírito de oração e rezam o terço; que são
preocupados com os necessitados; que existem nas paredes da casa o crucifixo,
quadros e imagens de Jesus, de Nossa Senhora e dos santos... No fim, nós
diríamos a eles: “Podem ir e contar ao seu chefe o que vocês viram e ouviram”.
Diante disso, não há dúvida que a família é católica.
Jesus
gosta desse jeito de mostrarmos quem somos: pela nossa vida. Se fé fosse apenas
saber e acreditar, o demônio seria campeão de fé, pois sabe tudo e acredita. A
diferença é que ele não vive o que sabe.
No
caso de Jesus, havia outra prova clara de sua messianidade: os seus milagres.
Com
Jesus está inaugurado o Reino de Deus, onde os cegos recuperam a vista, os
aleijados andam, os famintos são bem alimentados, os pobres são amados e a Boa
Nova é anunciada aos pobres. Quer dizer, ninguém fica marginalizado, inclusive
do ponto de vista religioso.
“E
feliz aquele que não se escandaliza por causa de mim.” Jesus está dizendo que é
feliz aquele que acredita que as características do Messias são estas que Jesus
apresenta, e não aquelas que o povo judeu esperava: um rei triunfalista e cheio
de poder temporal. Escandalizar é não acreditar e negar que Jesus é o Messias,
pela fato de se apresentar como o “Servo sofredor”.
Na
sinagoga de Nazaré (Lc 4,16ss), Jesus disse quase a mesma coisa. Nas duas cenas
percebe-se que Jesus não se atém a atos estritamente religiosos, como muitos
querem ver a religião. Ele misturava o socorro humano e o divino, pois o homem
é uma unidade: corpo e alma. Não separe o homem o que Deus uniu. Esse foi
também o “escândalo” que Jesus deu. O “escândalo” de afirmar que Deus ama o
homem todo e não apenas a alma.
Todos
os cristãos que se preocupam com os marginalizados e fazem algo por eles, dão o
autêntico testemunho de Jesus. Estes cristãos celebram verdadeiramente o
advento.
Certa
vez, dois irmãozinhos, um menino e uma menina, estavam conversando na varanda
da casa. O pai, que fora tirar uma soneca depois do almoço, estava acordado, e
ouvia a conversa.
A
menina dizia: “Quando eu crescer, vou ser como a mamãe: serei leitora na hora
da Missa”. O menino falou: “Eu não; quando ficar grande, vou ser como papai:
nem à Missa eu irei mais”.
Depois
de ouvir a conversa, o pai não conseguia mais dormir. Virava para cá, virava
para lá, nada. Daí para frente, ele mudou de vida e se tornou um católico
praticante.
Que
bom se neste advento os pais refletissem sobre o tipo de exemplo que dão aos
filhos! E também os filhos refletissem que tipo de exemplo estão dando na
família, na escola etc.
Os
personagens principais deste tempo sagrado do advento são: Jesus, Maria
Santíssima, João Batista e o profeta Isaías. Nós pedimos a Jesus que, por
intercessão de sua Mãe, nos ajude a celebrar bem a festa do seu aniversário.
Ide
contar a João o que vistes e ouvistes.
Nenhum comentário:
Postar um comentário