Domingo, 8 de novembro de 2015.
Evangelho de São Marcos 12, 38-44
Jesus está em Jerusalém no Templo, centro religioso, político,
econômico e ideológico daquela época. Jesus está ensinando e “bate de frente”
com os que querem manter seus cargos para sempre, cargos de dominação e
exploração do povo, os Escribas ou Doutores da Lei, anunciando sua condenação.
Jesus os criticou várias vezes, lembrando que tinham obrigação de
dar bom exemplo por meio de uma conduta exemplar.
Quem são esses Escribas?
Os “ESCRIBAS” ou “DOUTORES da
LEI” transcreviam a Bíblia, estudavam e a explicavam. Os Escribas era gente
estudada e desprezava a sabedoria do povo. Eram piedosos, estudiosos,
observantes da Lei de Moisés, eram fiéis seguidores e mestres.
Eles insistiam muito nas coisas exteriores, visíveis, por exemplo:
observância do sábado, do jejum, da esmola, da circuncisão, gostavam de andar
com roupas compridas e luxuosas. Faziam questão de ser notados e saudados por
toda a parte, cumprimentados nas praças públicas, queriam ser os primeiros a
receber o reconhecimento do povo, pois se consideravam os mais importantes.
Eram os privilegiados, tinham lugares reservados nos banquetes e nas sinagogas,
gostavam dos primeiros lugares.
No Templo ocupavam as poltronas que ficavam num nível mais elevado,
em frente ao cofre que guardava os livros sagrados, o que facilitava serem
notados por todos como mestres. Tudo neles era ostentação. Queriam se impor
pelas aparências. Mas... deixavam dominar-se
pela injustiça! Como eram especialistas
no Direito aplicavam as leis em seu benefício, explorando os que não tinham
amparo legal. Entre os fariseus, muitos eram escribas. Eram em geral
contrários à política romana, mas de um modo passivo, tinham influência no
governo...
Nesse Evangelho podemos perceber duas situações contrárias, mas que
tem uma ligação. Os doutores da Lei, arrogantes, ricos, exploradores e a viúva
pobre, esfarrapada, explorada, que passa despercebida aos olhos dos grandes.
Jesus denuncia o grande contraste entre os professores da Lei e a
viúva e diz que os doutores da Lei terão a pior condenação, enquanto a viúva
foi a única coisa boa que ele viu em Jerusalém. Jesus ensinava à multidão que o
seguia, que se afastasse dos doutores da Lei, pois suas atitudes eram erradas,
eles eram hipócritas.
O pior de tudo isso é que os doutores da Lei em nome da religião
exploravam os pobres e as viúvas e para disfarçar seus erros, abafar suas
faltas faziam longas e públicas orações para ser notados, assim o povo teria um
bom conceito deles. Os doutores da Lei tinham que servir de apoio legal às
viúvas, mas ao invés de protegê-las, exploravam tanto, que as pobres muitas
vezes tinham que lhes entregar até suas propriedades. É o próprio Jesus quem
diz isso: “Exploram as viúvas e roubam suas casas, e para disfarçar fazem
longas orações”(v.40ª). “Por isso eles vão receber a pior condenação”.(v. 40b) Jesus os chama de hipócritas e
interessados apenas em honras, trata-se de uma das passagens mais duras de todo
o Evangelho.
Jesus estava no Templo e observava como a multidão depositava sua
oferta nos cofres. Depois um sacerdote recolhia as ofertas e dizia qual era a
quantia que cada um depositara. Os ricos ficavam envaidecidos, exaltados, pois
acreditavam que a abundância era bênção de Deus, sentiam-se privilegiados,
abençoados e amigos de Deus.
O julgamento de Jesus é diferente. Ele vê a pobre viúva que dá duas
pequenas moedas, “tudo o que ela tinha para viver”, então chama seus discípulos
e dá a sentença: os pobres são os verdadeiros adoradores de Deus, pois “esta
pobre viúva deu mais do que todos os outros que ofereceram esmolas. Todos deram
do que tinham de sobra, enquanto ela na sua pobreza, ofereceu tudo, tudo o que
possuía para viver” (vv.43-44).
Jesus fala do julgamento do judaísmo farisaico. Apresenta-se como
advogado dos pobres e oprimidos e alerta o povo contra toda sorte de hipocrisia
religiosa, condenando o modo de proceder dos escribas. Quem anuncia as coisas
de Deus está sujeito ao mesmo perigo da hipocrisia e do fracasso, a exemplo dos
doutores da Lei. A quem muito foi dado, muito também Deus exigirá.
A lição que podemos tirar dessa liturgia de hoje é que o mais
importante é a partilha, a doação, a generosidade de coração, sobretudo a
partilha da vida. A partilha é o oposto do acúmulo. Pessoas que não partilham e
que só pensam em acumular para si e para os seus são pessoas de coração
endurecido, que revelam sua pobreza interior. Quem partilha se aproxima de
Deus, quem partilha revela Deus, quem partilha é de Deus.
A atitude da viúva pobre é um modelo a ser imitado na vida cristã nós
precisamos fazer como ela fez, dar de coração tudo o que temos, ser generosos. A
santidade a ser desejada, por todos, é a capacidade de entregar tudo, nas mãos
de Deus. A verdadeira piedade consiste numa entrega total a Deus, colocando-se
a seu serviço.
Quantas pessoas humildes nas nossas comunidades doam suas vidas,
seu tempo, humildemente sem se aparecer, sem buscar o poder e elogios, podemos
afirmar que são elas que constroem a comunidade. Suas atitudes e gestos
silenciosos, escondidos, tem muito valor aos olhos de Jesus. Agradeçamos ao
Senhor que aceita e valoriza os pequenos gestos de partilha e solidariedade
entre nós.
Nos nossos dias também vemos acontecer a exploração dos pobres em
nome da fé. Quantas pessoas tiram da boca dos filhos para doarem a Igrejas
inescrupulosas, que só visam o lucro, iludindo seus fieis com promessas
falsas!!!
Senhor, Pai de misericórdia e amor me ajude a despojar de toda
ambição e orgulho e sim, partilhar com generosidade e alegria, tudo o que
tenho, inclusive meu tempo, meu serviço, meus dons, minha vida. Amém!
Abraços em Cristo!
Maria de Lourdes
QUANTA SABEDORIA! TEMOS NESTA HOMILIA UMA VERDADEIRA AULA!
ResponderExcluirMARIA DE LOURDES. QUE BOM QUE VC ESTÁ EVANGELIZANDO CONOSCO! JOSÉ SALVIANO
Maria de Lourdes; que bom que dentro da igreja católica exitem pessoas como vocês do Liturgia Diária comentada. Tudo isto é benção de Deus.
ResponderExcluirLindo texto Udi, claro, gostoso de ler!
ResponderExcluirÉ admirável sua dedicação!
Parabéns, um grande abraço de sua prima Ana M. Ramia.
Lindo texto Udi, claro, gostoso de ler!
ResponderExcluirÉ admirável sua dedicação!
Parabéns, um grande abraço de sua prima Ana M. Ramia.
Que Deus continue iluminando sua vida , lhe dando humildade e sabedoria , paz e luz em sua vida , Abraços !!!
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