13 de Setembro
-Sábado - Evangelho - Lc 6,43-49
Por que me chamais “Senhor! Senhor!”, mas não fazeis o que eu digo?
Neste Evangelho, Jesus nos pede a coerência entre a Palavra de Deus que ouvimos
ou lemos, e a vida que levamos, pois seremos julgados não pelos conhecimentos
que temos da Bíblia, mas por nossos atos. Assim como conhecemos uma árvore
pelos seus frutos, conhecemos uma pessoa, e a nós mesmos, pelas obras. A pessoa
boa faz boas obras, a pessoa má faz coisas erradas. Está aí a chave para
conhecermos os outros e para nos avaliarmos.
Por exemplo, um padre, uma irmã religiosa, um pai ou mãe de família que
perseveram na sua vocação e vivem fazendo o bem, são pessoas boas. Por outro
lado, um ladrão, um explorador, um viciado, um violento, alguém que não gosta
de trabalhar, são pessoas más. Nós não conhecemos as pessoas por dentro, mas as
conhecemos pelas obras, e isso basta.
Numa campanha eleitoral, nós devíamos seguir esse critério. Por isso que
seria melhor o voto distrital, porque os eleitores teriam mais condições de
conhecer o passado dos candidatos, pois eles são do seu distrito eleitoral,
vizinhos portanto. Mas apesar de o nosso sistema eleitoral não nos ajudar nesse
ponto, devíamos fazer um esforço para conhecer a vida familiar, religiosa e
pública dos candidatos. Não nos basearmos apenas em cara bonita, discurso
bonito, promessas ou acúmulo de cartazes nas ruas ou propagandas no rádio e na
televisão.
“Por que me chamais: ‘Senhor! Senhor!’, mas não fazeis o que eu digo?”
Pouco adianta louvar a Deus, se continuamos praticando obras más. Deus espera a
nossa conversão. Ele tem paciência, mas a conversão tem de acontecer. Chega de
fariseus! Deles o mundo já está cheio!
Em seguida, Jesus nos conta a parábola da casa sobre a rocha. Ela vem
reforçar a mensagem anterior. Ouvir a Palavra de Deus e não praticá-la é
construir a sua casa sem alicerce. Quando vier uma chuva forte, e a correnteza
da enxurrada bater na casa, ela vai para o chão, perdendo tudo o que está
dentro e arriscando a vida dos moradores. O mesmo se deve dizer de quem apenas
ouve o Evangelho e não o pratica.
Nós, em geral, gostamos de ouvir a Palavra de Deus. O problema é que,
muitas vezes, paramos no ouvir ou na leitura. Se, após uma Missa de domingo,
alguém nos perguntar: “O que foi que você aprendeu hoje lá na igreja?” Será que
teríamos uma resposta? Ou diríamos: “Nem sei quais leituras bíblicas foram
proclamadas, e não me lembro de nada que o padre falou!”
Essa parábola nos pega a todos. Se nos olharmos com sinceridade, vemos
que existe uma distância entre a Palavra de Deus que ouvimos e a vida que
levamos. Por isso, se formos acolhidos por Deus no Céu, o que esperamos, será
por misericórdia dele.
Muitos ouvem a Palavra de Deus e poucos a colocam em prática porque é
mais fácil ouvi-la do que praticá-la. Veja que comparação bonita o livro do
Apocalipse usa para expressar essa verdade: “Uma voz do céu me disse: vai, pega
o livrinho e come-o. Na tua boca ele será doce como o mel, mas, ao cair no
estômago, será amargo como o fel” (Ap 10,8-10). Esse livrinho é a Palavra de
Deus. Ela é gostosa de se ouvir de se ler, mas, quando alguém resolve levá-la a
sério, ela desperta conflitos dos mais diversos tipos.
Que as pessoas, quando se referirem a nós, não tenham de dizer como
Jesus falava a respeito dos fariseus: “Sigam o que ele ou ela fala, mas não
imitem as suas ações”.
E mais: a Palavra de Deus não é difícil de ser praticada, pois é
acompanhada da força do Espírito Santo. Ela é como a semente que vai germinando
e crescendo por si mesma, se não encontrar obstáculos. Deus programou tudo
certinho, visando a nossa salvação. Da nossa parte basta ir dizendo “sim” a ele
pela vida afora.
Havia, certa vez, um homem que tinha o costume de, quando estava
nervoso, mandar as coisas para o inferno. Mandava cachorro, gato, ferramenta,
cadeira, sapatos, comida...
Um dia ele morreu e chegou à porta do Céu. S. Pedro não quis deixá-lo
entrar logo, mas pediu a um anjo que o levasse para dar uma volta. Passaram
perto do inferno e ele ficou horrorizado. Viu lá dentro todas aquelas coisas
que ele havia mandado para lá: gato, cachorro, comida, cadeira, enxada...
O homem é o senhor do universo. Ele manda nas coisas do mundo e da
natureza. “Eis que vos dou...” (Gn 1). Não dá frutos bons nem constrói sobre a
rocha uma pessoa que xinga, fala palavrões ou, pior ainda, manda coisas e até
pessoas para o inferno.
Maria Santíssima é uma árvore boa que produziu o melhor fruto que
existe: Jesus Cristo, o Salvador do mundo. Que ela nos ajude a construir a
nossa casa sobre a rocha!
Por que me chamais “Senhor! Senhor!”, mas não fazeis o que eu digo?
Padre Queiroz
Obrigado!!!
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