Comentários-Prof.Fernando* 8ºdom.pós-Pent.=19ºComum: 10 agosto
2014
Ainda é dia dos pais
(e do”Pai”) num mundo agitado
Deus se define como
quem está perto
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O tema de
hoje afirma que Deus está bem próximo do ser humano. Está claro na 1ª e na 3ª
leituras (1ºReis19,9-13 a; Mateus 14,22-33). Mesmo na 2ª leitura (Romanos 9,
onde Paulo confessa sua tristeza porque os seus irmãos, os membros do seu povo
e de sua raça, os herdeiros da promessa não reconheceram que Deus nunca esteve
tão próximo quanto em Cristo. Mesmo a leitura alternativa (Lecionário Comum
indica Romanos 10,5-15) fala da uma proximidade: se a Justiça (isto é, a
salvação gratuita dada por Deus) não deriva do cumprir uma lei, mas do
acreditar (fé) nesta proximidade de Deus, citando Deuteronômio 30,14: a Palavra está bem perto de ti.
·
O Deus que
está bem perto, aparece numa explosão de beleza literária nas duas cenas de “teofanias”
(=aparição ou manifestação da divindade em alguma pessoa ou lugar no meio da
vida humana, isto é, uma revelação que chega a ser tangível aos sentidos. Do
profeta Elias que aguarda a manifestação de Deus, o autor do texto mostra uma
espécie de escala da busca própria da Religião. Mas o Senhor não se encontrava
nem na ventania, nem no tremor de terra, nem no fogo... em extraordinárias
teofanias... como Jesus ensinará à mulher samaritana: o “contato” não depende
nem de montanhas, nem das mais antigas tradições nem dos mais suntuosos templos
construídos nas grandes capitais...
·
Deus não
está “puxando cordinhas” nem está por trás dos terremotos e furacões e outros
fenômenos naturais. Nem no Fogo, como queria uma velha tradição javista na
religião dos hebreus. Ele é um “Outro”. O Deus dos profetas e de Jesus quer
fazer a defesa dos pobres e fragilizados e ele esvaziará a pretensão dos que se
julgam poderosos. Mas, como no episódio da “multiplicação dos pães” não faz
milagres sem nossa participação.
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O Senhor só
pode ser descoberto como “um doce e sutil murmúrio”. É neste sussurro divino
que podemos escutá-lo. Mas é preciso por-se à escuta.
Como se define e age
o ser humano?
·
Em tempos
recentes nossa Fé vacila e é costume acusar um Deus distante por sua aparente
“ausência”. Em meio a extremismos religiosos o mundo assiste estarrecido à
morte de centenas de crianças e milhares de adultos sob a explosão de bombas,
aéreas ou colocadas em carros ou coletes suicidas. No rastro de disputas
comerciais e conflitos do poder econômico ou geopolítico, centenas de famílias
choram seus mortos vitimados pelas guerras e até em aviões derrubados, como na
Ucrânia, ou sob a peste espalhada entre populações pobres, como no oeste
africano, ou sob o pretexto de conflitos religiosos, como no Afeganistão,
Iraque, Síria. Enquanto a Europa comemora o centenário da guerra que dizimou 10
milhões de pessoas, continuam a morrer aos milhares as vítimas de guerras
localizadas; continuam a migrar, aos milhões, os refugiados e famintos;
continuam a ser eliminados, às centos em cada grande centro urbano, as vítimas
da violência do tráfico de pessoas e drogas ou simplesmente dos assaltos
individuais ou na corrupção coletiva que paralisa hospitais, postos de saúde e
escolas.
·
Muitos se
perguntam: onde está Deus nesse mundo de crime e morte? Deveríamos nos
perguntar: onde está o ser humano que seja portador de compaixão e não de armas?
O mundo – que esqueceu o valor da pessoa – afundará num lago de medo. Medo da
insegurança, da crise, das bombas e do terrorismo. Resta-nos redescobrir a Fé,
na esperança de que retorne o amor e a compaixão. Sob a ventania, teve medo e gritou, começando a afundar. "Senhor, salva-me!". Estendamos
também a mão aos outros. Só assim ele segura a nossa e a dos outros. "Homem fraco na fé, por que duvidaste?"
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