15 de agosto - Sexta - Evangelho
- Mt 19,3-12
Deus, que é amor e criou o homem por amor, chamou-o a amar. Criando o
homem e a mulher, chamou-os ao Matrimônio, à uma íntima comunhão de vida e amor
entre eles, “de maneira que já não são dois, mas uma só carne.
Esta é a verdade que a Igreja proclama
ao mundo sem cessar. O Papa João Paulo II dizia que “o homem se tornou ‘imagem
e semelhança’ de Deus, não somente através da própria humanidade, mas também
através da comunhão das pessoas que o varão e a mulher formam desde o
princípio. Tornam-se a imagem de Deus não tanto no momento da solidão quanto no
momento da comunhão” (Audiência geral de 14.11.1979).
A família é uma instituição de mediação
entre o indivíduo e a sociedade, e nada a pode substituir totalmente. Ela mesma
apoia-se, sobretudo numa profunda relação interpessoal entre o esposo e a
esposa, sustentada pelo afeto e compreensão mútua. No sacramento do Matrimônio,
ela recebe a abundante ajuda de Deus, que comporta a verdadeira vocação para a
santidade. Queira Deus que os filhos contemplem mais os momentos de harmonia e
afeto dos pais e não os de discórdia e distanciamento, pois o amor entre o pai
e a mãe oferece aos filhos uma grande segurança e ensina-lhes a beleza do amor
fiel e duradouro.
O testemunho fundamental acerca do valor
da indissolubilidade é dado com a vida matrimonial dos cônjuges, na fidelidade
ao seu vínculo, através das alegrias e das provas da vida. Mas o valor da
indissolubilidade não pode ser considerado o objeto de uma mera escolha
privada: ele diz respeito a um dos pontos de referência de toda a sociedade. E
por isso, enquanto devem ser encorajadas as iniciativas que os cristãos com
outras pessoas de boa vontade promovem para o bem das famílias, deve evitar-se
o risco do permissivismo em questões de fundo que se referem à essência do
Matrimônio e da família.
A família é um bem necessário para os
povos, um fundamento indispensável para a sociedade e um grande tesouro dos
esposos durante toda a sua vida. É um bem insubstituível para os filhos, que
hão de ser fruto do amor, da doação total e generosa dos pais. Proclamar a
verdade integral da família, fundada no Matrimônio, como Igreja doméstica e
santuário da vida é uma grande responsabilidade de todos.
Diante do Senhor, a mulher é inseparável
do homem e o homem da mulher, diz o apóstolo Paulo (1Cor 11,11). Através do
Evangelho, o homem e a mulher caminham em conjunto para o Reino. Cristo chama
conjuntamente, sem os separar, homem e mulher, que Deus une e a natureza junta,
fazendo-os, por uma admirável conformidade, partilhar os mesmos gestos e as mesmas
funções. Pelo laço do Matrimônio, Deus faz que dois seres não sejam senão um, e
que um só ser seja dois, de modo que assim descubra um outro de si, sem perder
a sua personalidade, nem se confundir no casal.
Mas por
que é que, nas imagens que nos dá do Seu Reino, Deus faz intervir deste modo o
homem e a mulher? Porque sugere Ele tanta grandeza através de exemplos que
podem parecer fracos e despropositados? Irmãos, um mistério precioso esconde-se
debaixo desta pobreza.
Segundo a palavra do apóstolo Paulo, «É
grande este mistério, pois que é o de Cristo e da Sua Igreja» (Ef 5,32). Isto
evoca o maior projeto da humanidade. O homem e a mulher puseram fim ao processo
do mundo, um processo que se arrastava há séculos. Adão, o primeiro homem, e
Eva, a primeira mulher, são conduzidos da árvore do conhecimento do bem e do
mal para o fogo do fermento da Boa Nova. Esses olhos que a árvore da tentação
fechara à verdade, abrindo-os à ilusão do mal, a luz da Boa Nova abre-os
fechando-os. Essas bocas tornadas doentes pelo fruto da árvore envenenada são
salvas pelo sabor.
O Matrimônio “é” indissolúvel: esta
prioridade exprime uma dimensão do seu próprio ser objetivo, não é um mero fato
subjetivo. Por conseguinte, o bem da indissolubilidade é o bem do próprio
Matrimônio; e a incompreensão da índole indissolúvel constitui a incompreensão
do Matrimônio na sua essência. Disto deriva que o “peso” da indissolubilidade e
os limites que ela comporta para a liberdade humana mais não são do que o
reverso, por assim dizer, da medalha em relação ao bem e às potencialidades
inerentes à instituição matrimonial como tal. Nesta perspectiva, não tem
sentido falar de imposição por parte da lei humana, porque ela deve refletir e
tutelar a lei natural e divina, que é sempre verdade libertadora (cf. Jo 8,
32).
Esta verdade acerca da indissolubilidade
do Matrimônio, como toda a mensagem cristã, destina-se aos homens e às mulheres
de todos as épocas e lugares. Para que isto se realize, é preciso que esta
verdade seja testemunhada pela Igreja e, sobretudo, pelas famílias
individualmente, enquanto “igrejas domésticas”, nas quais marido e esposa se
reconhecem reciprocamente unidos para sempre, com um vínculo que requer um amor
sempre renovado, generoso e pronto para o sacrifício.
Não nos podemos deixar vencer pela
mentalidade divorcista: impede-o a confiança nos dons naturais e sobrenaturais
de Deus ao homem. A atividade pastoral deve apoiar e promover a
indissolubilidade. Os aspectos doutrinais devem ser transmitidos, esclarecidos
e defendidos, mas são ainda mais importantes as ações coerentes. Quando um
casal atravessa dificuldades, a compreensão dos Pastores e dos outros fiéis
deve ser acompanhada da clareza e da fortaleza ao recordar que o amor conjugal
é o caminho para resolver positivamente a crise. Precisamente porque Deus os
uniu mediante um vínculo indissolúvel, marido e esposa, usando todos os seus
recursos humanos com boa vontade, mas, sobretudo confiando na ajuda da Graça
divina, podem e devem sair dos momentos de perturbação renovados e fortalecidos.
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