03 de Outubro - Quinta- Evangelho - Lc 10,1-12
A vossa paz
repousará sobre ele.
Este Evangelho
narra Jesus enviando os setenta e dois discípulos em missão e lhes dando
orientações. Eles representam, hoje, os cristãos leigos e leigas que, a partir
do batismo e da crisma, são chamados a serem missionários. O motivo do envio
Jesus apresenta logo no início do Evangelho: “A messe é grande, mas os
trabalhadores são poucos”.
Tudo indica
que havia ali uma grande plantação, já madura e pronta para a colheita. Jesus
compara a lavoura com o povo, pronto para ser evangelizado, disponível à
conversão, mas sem ninguém que os evangelize. É um forte apelo a todos nós,
cristãos batizados.
A vocação da
Igreja é evangelizar. Ao contrário do povo israelita que via como destinatários
da evangelização apenas o povo de sua raça, Jesus vê todos os povos do mundo
inteiro. E os discípulos entenderam bem isso, ao se espalharem pelo mundo, logo
após a subida de Jesus ao céu.
“Eis que vos
envio como cordeiros para o meio de lobos.” O pecado torna o povo hostil à
evangelização. Mas sempre há alguns que acolhem, para alegria dos
evangelizadores. O missionário não deve preocupar-se muito com críticas, pois
elas são, muitas vezes, um mecanismo inconsciente de rejeição ao próprio Cristo
e ao seu Evangelho.
“Não leveis
bolsa...” O estilo deve ser itinerante e desinstalado, baseado na pobreza e na
gratuidade.
“A paz esteja
nesta casa.” O próprio anuncio do Reino já traz consigo a paz. Quando o povo
sabe que Deus está próximo deles e os ama, sentem paz e alegria. A paz bíblica
é a síntese de todas as bênçãos de Deus. Cristo é o príncipe da paz. “Cristo é
a nossa paz: de dois povos fez um só povo, em sua carne, derrubando o muro da
inimizade que os separavam” (Ef 2,14).
Jesus, em
suas aparições após a ressurreição, sempre saudava os discípulos com a paz,
pois ela é fruto do Espírito Santo que ele nos presenteou pela sua vitória
pascal. A paz se confunde com o “amor de Deus derramado em nossos corações”
pelo batismo. O fruto dela é a justiça, a solidariedade, a verdade, a não
violência. A nossa missão hoje e sempre é ser mensageiros da paz.
“Se ali morar
um amigo da paz, a vossa paz repousará sobre ele.” Em todos os lugares existem
amigos da paz. Não podemos ser pessimistas.
“Se não
houver, ela repousará sobre vós.” O cristão, em seu testemunho, sempre aprende
um pouco mais, até quando não é bem acolhido.
“Não passeis
de casa em casa.” Isto tornaria o trabalho muito superficial, apenas uma
“casca” de evangelização. Além disso, o povo não teria oportunidade de conhecer
a vida dos evangelizadores, para ver se eles vivem o que falam. A
“evangelização verniz” não funciona. S. Paulo sempre visitava as Comunidades
que ele criava.
“Comei do que
vos servirem.” O evangelizador precisa aculturar-se ao povo onde trabalha. Não
pode ser uma pessoa diferente, a não ser em relação ao pecado.
“Curai os
doentes que nela houver e dizei ao povo: o Reino de Deus está próximo de vós.”
O Reino de Deus está ali bem próximo, nas palavras e no modo de viver dos
evangelizadores. A cura dos doentes completa o testemunho. Veja que é curar
“doentes” e não “doenças”. As doenças pode ser que continuem, mas pode deixar
de ser um mal para a pessoa e ser um trampolim para o bem e a felicidade.
Certa vez, um
pároco quis saber quantos católicos de verdade havia na sua paróquia. O censo
do IBGE apresentou quantos se declaram católicos, mas existem os católicos de
verdade e os católicos relaxados.
Então ele
contratou uma equipe especializada em pesquisa para fazer o trabalho.
Mas os
pesquisadores perguntaram a ele: “Sr. padre, como vamos distinguir os católico
verdadeiros dos relaxado?” O pároco abriu a Bíblia, em Jo 13,35, e leu: “Nisto
conhecerão todos que sois os meus discípulos: se vos amardes uns aos outros”.
O padre
fechou a Bíblia e disse: “Pronto, está aí o critério que vocês vão usar.Vão
procurar ver, na vida de cada paroquiano, quem ama o próximo e quem não ama”.
E se essa
equipe chegasse até você, que se diz católico, de que lado iam classificar
você: como católico relaxado ou verdadeiro?
O Reino de
Deus, de que Jesus fala no Evangelho de hoje, não é nada mais que o amor ao
próximo organizado.
Também Maria
Santíssima foi enviada por Deus para uma missão muito especial: gerar o nosso
Salvador. Rainha dos missionários, rogai por nós!
A vossa paz
repouse sobre ele.
Padre Queiroz
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